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Mercosul, internet e segurança estão no centro do encontro Brasil-UE

"A relação com a UE é fundamental para o Brasil", que quer "ampliá-la", disse Dilma

Agência France-Presse
postado em 24/02/2014 15:46

Bruxelas - A União Europeia (UE) e o Brasil se comprometeram nesta segunda-feira (24/2) a impulsionar o acordo de livre comércio entre Europa e o Mercosul, a ter uma conexão transoceânica de cabo de fibra ótica e a melhorar a segurança na internet.

Esses projetos foram ratificados no âmbito da Associação Estratégica UE-Brasil, que foi realizada em Bruxelas com participação da presidente Dilma Rousseff.

"A relação com a UE é fundamental para o Brasil", que quer "ampliá-la", disse Rousseff, que se reuniu com o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e o da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.

[SAIBAMAIS]"Nunca vi tão de perto a possibilidade de alcançar um acordo" entre a UE e o Mercosul, disse Rousseff, apesar de não se aventurar a falar em datas para a conclusão dessas negociações que se iniciaram no ano 2000, mas foram paralisadas entre 2004 e 2010.

Barroso informou que as duas partes concordaram em pedir aos negociadores, que se reunirão no próximo dia 21 de março, que "analisem as condições" para fazer a primeira troca de ofertas desde 2004.

Empresários dos dois blocos tiveram pela manhã um encontro paralelo em um hotel da capital belga. Rousseff disse que essa troca de ofertas permitirá "ter um horizonte mais concreto" para "definir um caminho", disse Rousseff aos empresários.

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O Mercosul é integrado por Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, mas este último país não apresentará ofertas para um acordo com a UE, porque ainda está adaptando suas normas ao bloco.

As diferenças estiveram centradas nas reivindicações dos países sul-americanos de uma maior abertura dos mercados agrícolas europeus, que esperam, por sua vez, mais espaço para seus produtos industriais.

"Os desencontros existem para que possamos nos encontrar", disse Rousseff. Barroso concordou que a troca de ofertas permitirá "ver o nível de ambição" de ambas as partes.

Segundo o presidente da Comissão, o acordo é estratégico e não apenas comercial, porque significará a "realização de um espaço econômico entre Europa e América do Sul".

Van Rompuy destacou a necessidade de um acordo "ambicioso, amplo e equilibrado". Os críticos, contudo, consideram que o acordo tem poucas possibilidades de ser antecipado pela paralisia interna do Mercosul e as reticências da Argentina, que enfrenta dificuldades econômicas internas, em formular uma oferta atrativa.

Conectados por fibra ótica

A UE e o Brasil também se comprometeram a estudar a possibilidade de ter um cabo de fibra ótica entre Recife e Lisboa, estratégico para o gigante sul-americano.

A UE se comprometeu a enviar uma delegação de "alto nível" à conferência multissetorial que o Brasil organizará em abril em São Paulo para falar da governança de internet, que "garanta a segurança e proteja a liberdade de expressão" na rede, segundo Rousseff.

Depois de ter sido vítima de espionagem pela Agência Nacional de Segurança norte-americana, Rousseff separa a segurança das comunicações e a governança da internet.

O transporte, tanto aéreo como marítimo, o petróleo e o gás offshore e as energias renováveis fizeram parte da agenda comum.

A UE registrou pela primeira vez em 2012 um supéravit comercial com o Brasil, de 2,3 bilhões de euros, que subiu a 7,1 bilhões em 2013 devido à queda das exportações brasileiras ao bloco comunitário integrado por 28 países.

A única área de divergência entre os três presidentes foi o futebol, com a aproximação da Copa do Mundo, que será realizada no Brasil em junho e julho.

Rousseff e Barroso esperam que na final se fale português, embora Van Rompuy deseje que ela seja disputada pelo anfitrião e os ;Diabos Vemrelhos; belgas.

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