Politica

Eduardo Campos e sua mãe, Ana Arraes: uma dupla inseparável

Quando soube da morte do filho, a ministra sentiu-se mal, foi atendida no serviço médico do TCU e depois seguiu para Recife

Nahima Maciel
postado em 14/08/2014 06:05
A ministra Ana Arraes toma posse no Tribunal de Contas da União, em outubro de 2011, na presença do filho, Eduardo Campos, que havia articulado a candidatura da mãe

A ministra Ana Arraes recebeu a notícia da morte do filho, Eduardo Campos depois das 12h de ontem, ao sair da sessão de posse do novo ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas. Foi o presidente do tribunal, Augusto Nardes, quem deu a notícia à ministra depois de obter do deputado Júlio Delgado (PSB /MG) a confirmação da morte do candidato à Presidência. Ana passou mal e foi atendida no serviço médico do TCU.

Logo depois, foi para casa e, em seguida, para a Base Aérea. Ela embarcou rumo a Recife em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em companhia do também ministro José Múcio e chegou à casa do filho, por volta de 18h.

A sessão ordinária do tribunal, programada para a tarde de ontem, foi suspensa, e os ministros se reuniram apenas para a leitura de uma nota de pesar. Nardes declarou luto oficial de três dias. "É um momento muito difícil para o país, para a nação brasileira, que abala todo o nosso país, especialmente por se tratar de um homem que pretendia trazer uma contribuição para a nação com sua candidatura", disse o presidente do TCU. "Abalou muito o tribunal, é um momento muito difícil para a ministra Ana Arraes perder seu filho, foi um momento muito difícil comunicá-la dessa perda."

Quando Eduardo Campos desistiu de fazer o mestrado nos Estados Unidos, em 1986, a mãe ficou preocupada. Não queria que o filho, então com 20 anos, trocasse um futuro promissor como economista para trabalhar na campanha do avô, Miguel Arraes, ao governo de Pernambuco. Mas Ana se acalmou quando viu que Eduardo gostava do negócio. Ao longo dos anos, acabou poro gostar da ideia de que o filho desse continuidade à trajetória do avô.

Ana e o filho formavam uma dupla ativa e dinâmica da política brasileira. A admiração mútua e a confiança extrema de um no outro se refletiam no cenário político. Quando decidiu concorrer ao governo de Pernambuco, propôs à mãe a missão de continuar a trajetória da família Arraes no Congresso Nacional. Aos 59 anos, Ana se elegeu deputada ao mesmo tempo em que o filho ganhava a eleição para governador do estado natal. Depois de reeleita, perguntou a Eduardo o que devia fazer no parlamento, e ele respondeu que ela tiraria de letra o exercício do mandato. Até então, Ana jamais se embrenhara pela política de forma tão explícita e profunda. Em 2010, os dois foram reeleitos.

No Congresso, Ana Arraes contou com o sobrenome forte para transitar entre os parlamentares, mas também com a mão firme do filho, que foi importante em vários momentos políticos da mãe. Ana foi líder do PSB na Câmara, partido ao qual é filiada desde 1990. Houve resistência no partido e desconfiança em consequência do parentesco, mas os parlamentares acabaram por aceitar a representação feminina dos Arraes.

Quando concorreu à vaga do ministro Ubiratan Aguiar no TCU, em 2011, Eduardo novamente articulava a candidatura da mãe. Ela concorreu com Aldo Rabelo (PCdoB/SP) e Átila Lins (PMDB/AM) e, graças ao apoio do filho, saiu na frente e acabou vencendo no plenário da Câmara dos Deputados por 222 votos. Na época, ela e Campos foram acusados de nepotismo, acusação que ressurgiu durante a última entrevista do candidato à Presidência na noite de terça-feira ao Jornal Nacional.

Em entrevista a O Globo, logo depois da eleição ao TCU, Ana se irritou com a especulação. "Não existe nepotismo. Se o nepotismo é feito pelo povo, então, é nepotismo. Então, não existe nepotismo porque existe democracia. É o voto do povo. Estou aqui pelo voto do povo, não é por indicação de ninguém", disse. Também na época, a ministra frisou a importância dela na vida de Eduardo Campos e vice-versa. A confiança é tanta que o apartamento de Ana na Asa Norte servia como lugar discreto para os encontros políticos que Campos queria manter em segredo.

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