Politica

"Temos um problema grave: falta um projeto de nação", diz Dom Damasceno

Em entrevista ao Correio, o cardeal também critica os padres candidatos e o desrespeito à Lei da Ficha Limpa

postado em 01/09/2014 07:19


O Brasil carece de um ;projeto de nação;, no entender do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno. A pouco mais de duas semanas do debate de presidenciáveis organizado pela entidade ; marcado para o próximo dia 16, em Aparecida (SP) ;, o cardeal concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio e disse que não adiantam iniciativas isoladas por parte de quem está à frente do país. ;Temos um problema grave: falta um projeto de nação;, disparou, evitando críticas diretas ao atual governo.

Reafirmando a postura neutra da Igreja na corrida eleitoral, dom Damasceno avaliou que teve ;pouco contato; com a presidente Dilma ao longo do mandato e lembrou que o eleitor é livre para fazer as próprias escolhas. ;Não há acepção de pessoas;, pontuou, quando perguntado sobre se há orientação para que católicos votem em candidatos da mesma religião. ;A orientação é para que se vote em sintonia com valores e princípios que defendemos;, acrescentou.

[SAIBAMAIS]O presidente da CNBB não acredita que temas como aborto e casamentos entre pessoas do mesmo sexo tenham um peso grande nestas eleições. ;Todos já sabem o que a Igreja pensa;, justificou ele, que também cobrou coerência dos ;políticos de fé;. De maneira firme, dom Damasceno, amigo do papa Francisco, afirmou que a Igreja Católica não se preocupa em fortalecer bancada no Congresso Nacional. ;Não precisamos dessa divisão;, sublinhou. Confira os principais trechos da entrevista, em que o cardeal também critica os padres candidatos e o desrespeito à Lei da Ficha Limpa.



A Igreja Católica, mesmo que não oficialmente, tem candidato a presidente da República?
Não. A Igreja respeita a liberdade do eleitor e convida as pessoas de fé a não terem medo da política.

Mas há preferências. Não existe um candidato que se encaixe melhor nesse perfil?
Não assumimos posição político-partidária. O que temos tentado fazer é encorajar os eleitores. Não se pode continuar com aquele pensamento de que ;política é coisa de ladrão e corrupto;, ;política não presta; ou ;quem entra na política se corrompe;. São estereótipos que vamos repetindo e não resolvemos nada. Somos todos responsáveis pelo bem comum. Não podemos fugir dessa responsabilidade. Temos uma condição de cidadãos. Somos, portanto, essencialmente políticos.

Por que tantos padres têm se candidato, mesmo com a posição oficial contrária da Igreja?
Eu diria que é uma forma de fugir do próprio ministério. E é por isso que padres não devem se candidatar: porque temos um ministério religioso a exercer, uma função muito própria. Ser político não é uma atividade compatível com a vida sacerdotal.

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