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Lula diz à Comissão da Verdade que militares foram "burros" ao prendê-lo

Ele contou sobre a luta por melhores condições de trabalho nos anos 1970 e 1980 e revelou detalhes dos 31 dias em que esteve preso

postado em 09/12/2014 12:43
Ele contou sobre a luta por melhores condições de trabalho nos anos 1970 e 1980 e revelou detalhes dos 31 dias em que esteve preso

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, que os militares foram ;burros; ao prendê-lo, em 1980, após a liderança e negociação dele para que trabalhadores de empresas automotivas voltassem às atividades após 17 dias de greve. Por causa da prisão, segundo ele, a greve ganhou força e durou mais de 30 dias.

;Os militares cometeram a burrice de me prender, porque não tinha mais como continuar a greve. O que aconteceu quando eles me prenderam? Foi uma motivação a mais para a greve continuar, as mulheres fizeram uma passeata muito bonita em São Bernardo do Campo, depois foi aquele primeiro de maio histórico, em que foi o Vinícius de Moraes;, detalhou Lula.

[SAIBAMAIS] O depoimento durou uma hora e meia, foi gravado nessa segunda-feira (8/12) e divulgado nesta terça-feira (9/12). Lula contou sobre a luta por melhores condições de trabalho nos anos 1970 e 1980 e revelou detalhes dos 31 dias em que esteve preso. Dentro da cadeia, segundo o ex-presidente, ele não foi maltratado. Ele e outros sindicalistas foram presos no mesmo dia e recebidos por Romeu Tuma, na época diretor-geral do Departamento de Ordem Política e Sócia (Dops).

"Quando nós fomos presos, uma coisa que o Tuma ficava indignado era quando ele interrogava um cara que tinha uma formação ideológica de algum grupo político. O Tuma dizia: ;Esse pessoal, quando interrogado, tem toda uma história certinha para contar, parece que estudou e decorou um ritual;. Os metalúrgicos não, a gente falava a única coisa que a gente sabia, ou seja, por que a gente fez greve? Porque a gente queria aumento de salário;, contou Lula, que fez greve de fome na cadeia.

Observado

Nos anos 1980, o ex-presidente era monitorado e espionado, como comprava documentos da Comissão da Verdade. Uma das empresas que observava Lula de perto, era a Volkswagen.

;Eles me vigiavam em cinema. Na assembleia, a gente notava que eles estavam lá. Às vezes, disfarçados no bar do sindicato. Na minha casa, por exemplo, eles paravam a perua na porta e passavam a noite. Às vezes, para encher o saco, a Marisa (Letícia, esposa de Lula) mandava fazer café e mandava levar para eles. Foram uns três ou quatros anos que eles monitoraram e me acompanharam antes da prisão;, brincou.

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