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Ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró presta depoimento à Polícia Federal

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras é ouvido por delegados da Operação Lava-Jato na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR)

Diário de Pernambuco
postado em 15/01/2015 16:07
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi ouvido por delegados da Operação Lava-Jato, na manhã desta quinta-feira (15/1), na sede da Polícia Federal, em Curitiba (PR). Acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de desvios bilionários na estatal, Cerveró foi preso na madrugada de quarta-feira, (14/1), ao desembarcar no Aeroporto do Galeão, no Rio.

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Ele negou ter feito operação ilegal ao pedir o resgate de R$ 463 mil de uma aplicação para passar para a filha, um dia antes de a Justiça Federal aceitar denúncia contra ele por corrupção e lavagem de dinheiro. Cerveró prestou depoimento por mais de três horas. "Ele negou veementemente", disse o advogado Beno Brandão, que defende Cervero e acompanhou o depoimento.

Sobre a transferência de imóveis feitas em 2014 para familiares e os valores declarados, a defesa disse que um novo depoimento será marcado para os próximos dias. Cerveró é investigado no caso da compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Ele não foi questionado sobre o assunto nesta quinta-feira.

O criminalista Edson Ribeiro, que também integra o grupo de advogados que defende Cerveró, disse que o ex-diretor deveria ser questionado sobre a movimentação financeira envolvendo uma das filhas e a transferência de imóveis no ano passado, também para familiares. "Eu conversei com o delegado e o que vai ser perguntado é justamente sobre a movimentação financeira e a movimentação imobiliária", afirmou Ribeiro.

Beno Brandão, advogado de Cerveró, chegou cedo à PF e acompanhou a oitiva. Ainda nesta quinta, a defesa deve entrar com pedido de liberdade no Tribunal Regional Federal da 4; Região, em Porto Alegre (RS).

Ao justificar o pedido de prisão de Cerveró, o Ministério Público Federal sustentou que "não há indicativos" de que o esquema de corrupção da Petrobras "foi estancado". Segundo a Procuradoria, foi determinante para a prisão uma operação bancária feita por ele no dia 16 de dezembro - um dia antes de se tornar réu em ação penal da Lava Jato. "Não houve movimentação financeira. Ia haver uma disponibilização financeira, porque ele ia viajar para a Inglaterra e, como a filha é doente e tem gastos, ele ia deixar disponível (o dinheiro) para qualquer eventualidade. Mas não aconteceu, tendo em vista que se perderia um valor muito grande. Foi tudo legal", afirma o advogado.

Funcionário de carreira da Petrobras desde 1975, Cerveró assumiu a Diretoria Internacional da estatal em 2003 e deixou o cargo em março de 2008, quando foi realocado para a BR Distribuidora. Deixou a subsidiária da companhia petrolífera em março de 2014 após a polêmica sobre a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, ambos presos, afirmaram em depoimentos à Justiça Federal que, no esquema de loteamento político em diretorias da Petrobras para desvio de recursos, a diretoria de Internacional, comandada por Cerveró, era controlada pelo PMDB. Costa e Youssef revelaram que Cerveró - indicado pelo PMDB para o cargo - recebia propina. Do valor de cada contrato superfaturado, segundo os delatores da Lava Jato, 1% era destinado a "comissões".

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