Politica

Comissão Nacional da Verdade revela técnicas para obter informações

Relatório fala até de incineração de presos

postado em 18/01/2015 08:04

Tema obscuro na história brasileira, a prática da tortura durante o período militar recebeu atenção especial nas investigações da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Das 434 vítimas do regime, 191 morreram por execução sumária ou decorrente de torturas. A dificuldade em conseguir registros sobre o que se passava nos porões da ditadura e dos próprios sobreviventes em lidar com momentos traumáticos fez com que detalhes do que se passou nos 21 anos do regime militar ficassem por muito tempo esquecidos. No relatório do colegiado, estão descritos métodos usados para obter informações de presos políticos, que trazem à tona horrores pouco conhecidos, como o uso de presos como cobaias em aulas de tortura e a incineração de corpos de prisioneiros que não resistiram aos maus-tratos na usina de Cambahyba, no interior do Rio de Janeiro.

Dois capítulos do relatório, divulgado em 10 dezembro, tratam de casos específicos de mortes sob tortura e a constituição de uma estrutura do Estado para a prática. Na primeira parte, o levantamento aborda os treinamentos recebidos por agentes brasileiros para aprender técnicas de tortura em escolas militares norte-americanas e britânicas. ;Embora as Forças Armadas brasileiras ainda tratem veladamente do assunto, oficiais do Exército e da Aeronáutica mencionam em depoimentos a participação em cursos na escola norte-americana do Panamá;, diz o relatório.

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Ao lado de oficiais de outros países latinos que também viviam regimes ditatoriais, os militares brasileiros passaram períodos no exterior aprendendo técnicas para obter confissões e informações de prisioneiros. Em depoimento prestado no ano passado, o coronel Paulo Malhães revelou algumas das técnicas aprendidas na Inglaterra, que vinham sendo usadas no Reino Unido no tratamento de presos políticos da Irlanda do Norte. Impedir o sono do prisioneiro e submetê-lo a grandes barulhos foram alguns dos métodos ensinados pelos britânicos.

;A metodologia da tortura se tornou um objeto de saber, um campo de conhecimento, produzido e transmitido entre os militares. As técnicas eram uma matéria ensinada aos membros das Forças Armadas, inclusive com demonstrações práticas, como declarado por presos políticos usados como cobaias nessas aulas;, aponta o documento.

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