Politica

Eduardo Cunha impõe derrota histórica ao governo no Congresso

Depois de protagonizar rebeliões abertas contra o Planalto ao longo do ano passado, peemedebista é eleito presidente da Câmara no 1º turno. Traições da base aliada contribuíram para o resultado

Eduardo Militão
postado em 02/02/2015 06:19
Eduardo Cunha cumprimentou correligionários depois da votação na Câmara:

O governo Dilma sofreu ontem a maior derrota política dos últimos anos com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados. Amparado pela traição mais ou menos aberta dos deputados da base aliada, o peemedebista conseguiu tirar votos do adversário Arlindo Chinaglia (PT-SP). Apoiado pelo Planalto, o petista viu os 160 votos dos parlamentares do bloco, oficializado na tarde de ontem, se reduzirem a 136 deputados na hora da urna. Embora tenha adotado um tom conciliador no discurso feito logo após a vitória, Cunha deixou claro que a relação com o governo se dará em outro patamar a partir de agora: a fatura virá salgada, e a governabilidade, quando houver, terá de ser negociada caso a caso. Para deixar claro, disse que a primeira matéria a ser pautada será o 2; turno da PEC do Impositivo, que obriga o Planalto a executar as emendas dos parlamentares.

Ao bloco de Cunha, formado oficialmente por PP, PTB, DEM, PRB, Solidariedade, PSC e mais seis partidos nanicos, além do PMDB, caberão ainda a 1; vice-presidência da Casa, que será ocupada por Waldir Maranhão (PP-MA), e a escolha da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), pela qual todos os projetos de lei têm de passar antes de ir a plenário. Na tentativa de garantir o apoio dos partidos da base, o PT ofereceu aos integrantes do seu bloco os cargos que lhe caberiam na Mesa dentro do sistema de escolhas, e poderá ficar fora da direção da Casa nos próximos dois anos.

;Quando foram feitos os acordos, o PT, sem nenhum bloco, teria duas vagas na Mesa. Quando se formou o bloco, quem negociou estabeleceu que, se ganhássemos, nós abriríamos mão das nossas vagas. Em perdendo, teríamos a vaga. Isso foi combinado;, disse Chinaglia após a derrota, mas sem detalhar que cargo seria. Em coletiva, o petista minimizou a derrota. ;Seja o Poder Executivo ou o Judiciário, a relação com o Legislativo sempre será respeitosa. A presidência não serve para atacar o governo e muito menos para defender. Isso não me preocupa. Agora, o governo terá que constituir a sua maioria;, disse Chinaglia, que também lembrou o fato de o partido ter a maior bancada da Câmara.

;O governo sempre terá, pela sua legitimidade, a governabilidade que a sua maioria poderá dar, no momento em que ela for exercida, se for exercida. Então, há aqui uma palavra de serenidade, de tranquilidade. E não há da nossa parte nenhum julgo de retaliação ou qualquer coisa dessa natureza. Nós assistimos a uma tentativa de interferência do Poder Executivo, ou de parte dele, dentro da eleição do Poder Legislativo. Mas, o parlamento, pela sua independência, sabe reagir. E ele reagiu no voto, na escolha;, disse Cunha em um breve discurso, logo após o anúncio do resultado. A campanha de Cunha providenciou chuva de papel picado no plenário e queima de fogos na Esplanada, além de festa em chácara do Lago Sul. Embora tenha sido o principal prejudicado, a traição não se resumiu a Chinaglia: Júlio Delgado (PSB-MG), que concorreu com o apoio do PSDB, do PV e do PPS, teve 100 votos, 6 a menos que o número de deputados de seu bloco. Chico Alencar (PSol-RJ) teve 8 votos, 3 a mais que a bancada do PSol.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação