Politica

Operação Lava-Jato prende dono de empreiteira e lobista do PMDB

Objetivo é estender investigações sobre núcleos de Dirceu, Zelada e Eletronuclear

Eduardo Militão
postado em 21/09/2015 07:39
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta segunda-feira (21/9) a 19; fase da Operação Lava-Jato ; a maior ação de combate à corrupção da história recente do Brasil ; apelidada de ;Nessun Dorma;. Os policiais prenderam um dos três donos da empreiteira Engevix, José Antunes Sobrinho e um lobista ligado ao PMDB - João Augusto Henriques -, segundo o delegado Igor Romário de Paula.

São cumpridos 11 mandados ligados a irregularidades envolvendo pessoas ligadas aos núcleos de apuração do ex-ministro José Dirceu, do ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada e do ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro, todos presos em etapas anteriores.

Henriques teve mandado de prisão temporária ; por cinco dias ; expedido para encontrá-lo no Rio de Janeiro. Ele admitiu em conversa gravada em 2013 que pagava propinas para políticos do PMDB a partir de contratos com irregularidades na Petrobras. Ele chegou a dizer que, de um negócio de US$ 800 milhões com a empreiteira Odebrecht, US$ 8 milhões foram parar nas mãos do então tesoureiro do PT João Vaccari Neto, nas eleições de 2010, quando a presidente Dilma Rousseff foi eleita pela primeira vez.

[SAIBAMAIS]José Antunes Sobrinho foi preso preventivamente e teve a residência vasculhada pelos policiais em Florianópolis (SC). Ele é suspeito de pagar em propinas na Eletronuclear para uma empresa de Othon Pinheiro, a Aratec. Ele é um dos três donos da Engevix ; além de Cristinano Kok e Gérson Almada, este último em prisão domiciliar.



Três cidades
Três cidades

Na ;Nessun Dorma;, os policiais federais cumprem sete mandados de prisão, um de prisão preventiva, um de prisão temporária por cinco dias e dois de condução coercitiva, quando o investigado é levado para prestar um depoimento e liberado. Os agentes e delegados cumprem as ordens do juiz da 13; Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis.

Em São Paulo, foi cumprido um mando busca. No Rio, outros cinco. Em Florianópolis, mais um. As duas conduções coercitivas foram feitas no Rio de Janeiro.

Avanço

Segundo o delegado regional de Combate ao Crime Organizado da PF no Paraná, José Antunes Sobrinho foi preso em Florianópolis e deve chegar a Curitiba ainda hoje.

A investigação é um avanço das apurações das fases em que se investigaram os grupos ligados a Dirceu, Zelada e Othon. A prisão preventiva e a busca são ligadas a um executivo investigado nas fases 16; e 17; ; que investigaram Othon e Dirceu. Para a PF, ele pagou propinas a agentes públicos e investigados nessas duas etapas.

No núcleo ligado ao ex-diretor de Internacional Jorge Zelada, apuram-se pessoas e empreiteiras. Segundo a PF, há suspeita que elas pagaram agentes públicos e políticos no exterior. Zelada já teve 10 milhões de euros confiscados no Principado de Mônaco pela Justiça daquele país. Uma das empresas sediadas no Brasil recebeu cerca de R$ 20 milhões entre 2007 e 2013 de empreiteiras já investigadas na operação Lava-Jato por favorecimento em contratos com a Petrobras e pagamento de propinas.

;Recado;, rescaldo e pagamentos

De acordo com Igor Romário, o nome da Operação, que significa ;Nunca durma;, é um ;recado; àqueles que praticam corrupção no Brasil. ;O nome fica como dica para quem achava que a Operação Lava-Jato tinha diminuído suas ações e um alerta um recado;, afirmou o delegado.

O procurador regional da República Carlos Fernando Lima afirmou que a operação de hoje é ;pequena;. ;Houve Uma pequena operação hoje com o rescaldo de operações anteriores, que se revelaram suficientes no seu objeto;, definiu ele.

José Antunes Sobrinho foi preso porque fez pagamentos ilícito até janeiro de 2015, época em que um outro acionista da Engevix ; Gérson Almada ; estava preso em regime fechado. Segundo Carlos Fernando, ele entrou em contatos com testemunhas da Operação Lava-Jato. ;Ele entrou em contato com testemunhas para fazer uma operação de fato.;

Ele disse que quebras de sigilo bancário mostraram que a Engevix fez pagamentos a empresa Aratec, ligada ao presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro, sem haver nenhum serviço prestado. Para a PF, trata-se de lavagem de dinheiro.

Carlos Fernando disse que, na Engevix, Gérson Almada atuava em esquemas criminosos na Petrobras. Na Eletronuclear, Antunes Sobrinho.

"Um dos maiores"

Igor Romário e Carlos Fernando não quiseram informar o nome do lobista João Augusto Henriques, porque ele não foi localizado pela PF. Mas deram detalhes de sua atuação na Diretoria de Internacional da Petrobras, que foi comandada por Jorge Zelada. ;Esse operador é talvez um dos maiores da área internacional;, disse o procurador. ;Estamos seguindo os valores desviados da Petrobras, seguindo os operadores, que são os que providenciam o dinheiro limpo para as partes.;

Carlos Fernando afirmou que o Ministério Público vai aprofundar as investigações sobre o lobista. O objetivo é pedir a prisão preventiva de Henriques após os cinco dias da detenção temporária.

Segundo o delegado Igor Romário, Jorge Zelada recebeu propina para que a Petrobras contratasse o navio-sonda Titanium por US$ 1,6 bilhão. Parte dos valores foram recebidos no exterior. Henriques é apontado como o operador usado por Zelada no negócio. No Rio de Janeiro, a PF cumpriu duas conduções coercitivas ligadas à dupla.

Quando a Diretoria de Internacional da estatal foi dirigida por Nestor Cerveró, os investigadores sustentam que o operador de esquemas de corrupção passou a ser Fernando ;Baiano; Soares.

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