Politica

"Lula entrou na vala comum", diz ACM Neto em entrevista ao Correio

Segundo ele, a oposição está aberta ao diálogo, mas o objetivo central é acabar com o ciclo de governo do PT

Denise Rothenburg, Paulo de Tarso Lyra
postado em 29/02/2016 06:00


As oposições estão fechadas com o impeachment, mas chegar até lá requer um caminho que hoje nem os oposicionistas têm confiança de que conseguirão trilhar. E na raiz desse ceticismo está hoje o Congresso Nacional. ;É muito difícil você pensar um impeachment que seja conduzido por um Congresso fraco;, avalia o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, em entrevista exclusiva ao Correio. Ele faz esse alerta com a experiência de quem viveu a situação em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão. ;Meu avô achava que devia afastar totalmente o debate. Eu achava que nós não deveríamos assumir como movimento nosso, mas não tinha motivo para proibir;, conta.

O prefeito não faz especulações sobre impeachment, mas alerta que a situação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de Renan Calheiros (PMDB-AL) vulnerabiliza o Congresso. Ele considera ainda que a presidente Dilma Rousseff errou ao não chamar a oposição para montar um projeto para o país no início do segundo mandato e não fecha as portas para conversar com nenhum partido que deseje seguir a linha oposicionista ao governo petista. ;Nosso objetivo central é a alternância de poder;, diz, não excluindo nem mesmo o PMDB desse rol. Quanto a Lula, ACM Neto não titubeia: ;O Lula entrou no rol de políticos que são malvistos ou que precisam se explicar;.

As novas investigações da Lava-Jato, envolvendo o marqueteiro do PT, João Santana, alteram a boa relação institucional que o senhor mantém com o governo federal?
Eu sempre procurei separar o que é o enfrentamento político-partidário do que é a relação com o governo federal. Tenho procurado deixar esse debate em torno da Lava-Jato, de um possível processo de impeachment ou de uma disputa no TSE a cargo do partido, o Democratas, e dos parlamentares na Câmara e no Senado.

O senhor é a favor do diálogo com o governo?
Não cabe à oposição se colocar à disposição para dialogar. O governo é que tem que convidar a oposição, e não fez isso em nenhum momento. Construir uma agenda com a oposição pressupõe que o governo desça do salto, admita que cometeu erros, peça desculpas ao país e ceda a pontos que são fundamentais da agenda da oposição.

A oposição também não está sem agenda e acabou presa na tese do impeachment?

Discordo. E uso meu próprio exemplo. No primeiro semestre do ano passado, foram votadas matérias na Câmara cuja aprovação dependeu de apoio dos deputados do Democratas. Demos um voto de confiança. A discussão do impeachment aconteceu mais no fim do ano passado.

O governo ceder na questão do pré-sal não é um sinal de mudança?
Não adianta se apegar a um tema isolado. Ou vai se discutir uma agenda, ou então os enfrentamentos da política vão sempre falar mais alto. Inclusive porque não há um cenário a médio prazo em que se possa vislumbrar a superação da crise política.

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