Politica

Dilma Rousseff compara intolerância a petistas ao nazismo

Em ato no Palácio do Planalto, a presidente recebeu apoio de artistas, cineastas e intelectuais contrários ao processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados

Naira Trindade
postado em 31/03/2016 14:53
No terceiro discurso pós-definição do rito do impeachment, a presidente Dilma Rousseff voltou a defender nesta quinta-feira (31/3) não haver responsabilidade legal para embasar o processo que tramita na Câmara, rebateu que todos os governos cometeram pedaladas fiscais, cobrou mais tolerância comparando o que os petistas estão vivendo à perseguição sofrida pelos judeus no nazismo.

;Esse país nunca teve esse lado fascista. Estigmatizar as pessoas pelo que elas pensam? Isso parece muito com o nazismo. Primeiro bota estrela no peito e diz que é judeu. Depois bota no campo de concentração. Essa intolerância é impossível. Ela não pode ocorrer. E por isso nós temos de resolver esse processo do meu impedimento. O Brasil não pode ser cindido em duas partes;criticou.

;Essa intolerância não é possível, não pode ocorrer, e é por isso que temos que resolver esse processo. O Brasil não pode ser cindido em duas partes. Não se criará o convívio democrático dessa situação. Temos de lutar para superar esse momento para voltar a crescer em um clima de união. Não se une um país destilando ódio, rancor, raiva e perseguição. Não se pode fazer isso;, afirmou.

A presidente defendeu uma mulher na presidência e afirmou não ser frágil. ;Sem sombra de dúvida, o afastamento da presidente da República sem base legal é golpe. É golpe. O nome golpe dói demais em alguns. Querem que eu renuncie. Por quê? Primeiro porque é constrangedor. Segundo pelo fato de que acham que as mulheres são frágeis. Nós, de fato, somos sensíveis, mas não somos frágeis. Há uma diferença entre uma coisa e outra;, afirmou.

Em ato no Palácio do Planalto, a presidente recebeu apoio de artistas, cineastas e intelectuais contrários ao processo de impeachment que tramita na Câmara dos Deputados. Sob o coro de ;Não vai ter golpe, vai ter luta; e ;no meu país, eu boto fé, porque ele é governado por mulher; e ;ô, ô, ô, o filho do pedreiro já pode virar doutor;, a presidente recebeu mensagens de solidariedade. ;Nem todos (que estão aqui) votaram em mim, e isso não tem importância. O que tem importância é que todos votaram nas eleições, todos participaram do estado democrático;, afirmou a presidente Dilma, interrompida por um coro. ;Nós acreditamos na democracia e não só acreditamos, mas lutamos por ela;.

Numa estratégia de mostra-se forte, a presidente tem recebido ; desde que começou a enfrentar o processo de impeachment na Câmara ;, em dezembro passado, manifestações de apoio de juristas, advogados, artistas, movimentos sociais, prefeitos e governadores.



Primeira a demonstrar apoio, a cinegrafista e diretora do filme ;Que horas ela volta?;, Anna Muylaert, defendeu a presença de uma mulher a frente da presidência da República. ;O trabalho que foi feito no governo Dilma e governo Lula é trabalho de reconhecimento internacional. É preciso de alguns anos para que a gente entenda o tamanho e a dimensão do que está acontecendo;, disse. ;A presidenta Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade. Os que tentam promover a saída de Dilma arrogam-se hoje, sem qualquer pudor, como detentores da ética, mas serão execrados amanhã, não tenho dúvida;, criticou o escritor Raduan Nassar. Por meio de gravação, a economista Maria da Conceição Tavares ;mandou energias e a confiança necessária para aguentar o tranco;.

Afirmando ser oposição ao governo Dilma, a atriz global Letícia Sabatella afirmou que participou do ato para clamar por ;realidade;. ;A vida não é uma novela nem um reallity show editado. Nossa democracia é jovem, imatura, coronealista;, pontuou. ;Sou oposição ao seu governo, mas tenho contentamento em dizer que vivo num estado democrático;, afirmou. ;É inegável reconhecer essa ascensão social de uma grande maioria da população. A gente viu que essa condição ser exibida. Uma vez dado um passo a gente tem que ir adiante, não pra traz e é por isso que estou aqui;, afirmou Letícia.

A cantora Beth Carvalho afirmou que já cantou pelo país em defesa de democracia. ;Compromisso com democracia vem de longe, longa data;, disse. Nesse momento que o país ameaçado pela direita e a classe artística se levanta para cumprir um papel em defesa pela legalidade;.

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