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Lava-Jato investiga dívida de campanha do PT com marqueteiros

Para investigadores, a suspeita é de que outra metade do empréstimo forjado do Banco Schahin foi paga %u2013 a rigor com dinheiro desviado da Petrobras %u2013 a publicitários que fizeram a campanha eleitoral do partido em Campinas, em 2004, quando Dr. Hélio venceu a disputa

Eduardo Militão
postado em 01/04/2016 12:07
A Operação Lava-Jato investiga o pagamento de uma dívida eleitoral do PT nas eleições de 2004 em Campinas, supostamente com dinheiro desviado da Petrobras. Segundo a apuração, o banco Schahin forjou um empréstimo para a legenda de R$ 12 milhões, mas registrado em nome de José Carlos Bumlai. Desse valor, metade foi para os publicitários Giovane Favieri e Armando Peralta, que fizeram a campanha vitoriosa de Dr. Hélio Santos (PT) naquele ano. Outra metade foi para o empresário Ronan Maria Pinto, preso temporariamente nesta sexta-feira (1;/4) na 27; fase da Operação Lava-Jato.

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De acordo com o procurador Diogo Castor de Mattos, as apurações sobre esse fato ainda estão em sigilo. Em depoimento à PF, em 14 de dezembro, Bumlai confessou que tomou o empréstimo em nome do partido. Um dos donos do banco Schahin, Salim Schahin, disse que o crédito nunca foi pago, mas, em troca, a construtora do grupo empresarial conseguiu um contrato de operação do navio-sonda Vitória 10.0000 da Petrobras, por mais de R$ 1 bilhão. O contrato está em vigor até hoje. Segundo o procurador Paulo Galvão, com parte do lucro ; possivelmente maior do que o normal ; a construtora Sachahin banco compensou as perdas com o empréstimo anterior.

[SAIBAMAIS]Favieri foi uma das testemunhas arroladas por Bumlai para depor em sua defesa. O pecuarista está preso desde novembro do ano passado, mas não fechou acordo de delação premiada com a Lava-Jato.

Em seu depoimento, Bulmai disse que, em uma noite de outubro de 2004, recebeu uma ligação, do presidente do banco, Sandro Tordin, ou dos publicitários Favieri e Peralta. O interlocutor pedia que ele fosse, na mesma noite, a uma reunião na sede da instituição financeira em São Paulo. Quando chegou ao banco, por volta de 21h, encontrou o trio e também o então tesoureiro do PT Delúbio Soares e Carlos Eduardo Schahin. Ele não se recorda se o candidato Hélio Santos estava presente.

Bumlai disse que o Tordin afirmou que era preciso arrecadar dinheiro, enquanto Favieri e Peralta afirmaram que eram recursos para campanhas. Os dois faziam campanhas em Campinas, mas também em Curitiba (PR). Delúbio disse que precisava de uma parte do empréstimo também. Dias depois, Tordin levou o contrato para Bumlai assinar.

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