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Janot pede investigação contra Aécio, deputado petista e ministro do TCU

Delação de Delcídio ainda motivou solicitação de investigação contra presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e deputado Marco Maia (PT-RS)

Eduardo Militão
postado em 02/05/2016 13:53
Delcídio afirmou que Aécio Neves atuou para maquiar dados do Banco Rural na CPI dos Correios

Com base na delação premiada do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS), a Procuradoria Geral da República (PGR) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquéritos contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro-chefe da Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, o ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo, ex-senador pelo PMDB da Paraíba, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o deputado Marco Maia (PT-RS).

Os pedidos foram feitos ao relator da Lava-Jato na corte, ministro Teori Zavascki. A tendência é que ele aceite-os e os políticos passem a ser investigados no caso pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

Aécio foi acusado por Delcídio de participar de um esquema de arrecadação ilegal de dinheiro a partir de Furnas Centrais Elétricas. Como mostrou o Correio em março, a PGR ainda planeja abrir uma investigação contra o senador sob acusação de blindar o Banco Rural na CPI dos Correios.



Edinho Silva foi acusado pelo dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, de exigir doações de campanha para manter seus contratos na Petrobras. Delcídio afirmou que procurou o ministro e tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff para tentar pagar dívidas de sua tentativa fracassada de tornar-se governador de Mato Grosso do Sul em 2014. Segundo o senador, Edinho indicou que os credores do parlamentar procurassem o laboratório farmacêutico EMS.

Delcídio afirmou que, por causa da repercussão negativa da Lava-Jato no setor de energia, as indicações de afilhados para agências reguladoras da área de saúde. Para completar esses quadros, os senadores do PMDB Renan Calheiros (AL), Eunício Oliveira (CE) e Romero Jucá (RR) ;possuem papel e força incontestável;, segundo o delator.

Vital do Rêgo e Marco Maia foram acusados por Delcídio de participarem de reuniões em que eram blindados empreiteiros de participar de CPIs da Petrobras em 2014. Além de Pessoa, foram protegidos Júlio Camargo, da Toyo Setal, e Léo Pinheiro, da OAS. Em troca, eles faziam doações de campanha aos políticos. Segundo Delcídio, o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) ; preso em Curitiba ; e o deputado Fernando Francischini (SD-PR) também participavam dos encontros.

Em depoimento, Júlio Camargo confirmou a participação de Gim e negou a atuação de Francischini, classificando-o de ;inimigo;. A PGR não abriu inquérito contra o deputado.

Delcídio ainda afirmou que Eduardo Cunha era ;garoto de recados; do banqueiro do BTG Pactual, André Esteves, elaborando emendas e textos legislativos de interesse do empresário no Congresso.

Todos os políticos citados têm negado as acusações. Assim como Delcídio, Ricardo Pessoa e Júlio Camargo fecharam acordo de delação premiada para confessar crimes, pagar multas, devolver dinheiro desviado, entregar informações sobre outros personagens do caso e tentar obter redução de suas punições na Justiça.


Mentiras escandalosas
O ministro Edinho Silva rejeitou as acusações que embasam o pedido de abertura de inquérito. ;Jamais orientei o senador Delcídio a ;esquentar; doações, jamais mantive contato com as mencionadas empresas, antes ou durante a campanha eleitoral;, afirmou ele, em nota. ;Sempre agi de maneira ética, correta e dentro da legalidade;, disse. ;As afirmações dos senador Delcídio são mentiras escandalosas.;

O ministro e ex-tesoureiro da campanha de Dilma em 2014 contou que as contribuições para a chapa da presidente e as despesas feitas foram todas declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). ;As contas de campanha foram todas aprovadas por unanimidade pelos ministros do TSE.; Edinho disse que é favorável à ampla investigação da Procuradoria e da polícia sobre sua atuação como tesoureiro de Dilma nas últimas eleições presidenciais.


Absolutamente natural
O senador Aécio Neves disse ser ;absolutamente natural e necessária; a abertura de inquérito contra ele. Em nota, a assessoria do parlamentar afirmou que as investigações ;irão demonstrar, como já ocorreu outras vezes, a correção da sua conduta;. ;Como o próprio senador Delcídio declarou recentemente, as citações que fez ao nome do senador Aécio Neves foram todas por ouvir dizer, não existindo nenhuma prova ou indício de qualquer irregularidade que tivesse sido cometida; pelo tucano.

O ex-candidato à Presidência da República destacou que a chamada lista de Furnas já foi mencionada por outros delatores, mas a acusação acabou sendo arquivada pela PGR em ocasiões anteriores. ;O senador Aécio Neves reitera o seu apoio à Operação Lava-Jato, página decisiva da história do país, e tem convicação de que as investigações deixarão clara a falsidade das citações.;

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