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PF investiga contratos da Odebrecht com sobrinho do ex-presidente Lula

Taiguara Rodrigues fechou contratos com a Odebrecht em Angola e disse, à CPI do BNDES, ter recebido até US$ 2 milhões da empreiteira

Eduardo Militão
postado em 20/05/2016 08:38
A Polícia Federal deflagrou, nesta sexta-feira (20/5), operação para apurar contratos da empreiteira Odebrecht com parentes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em obras em Angola. Batizada de ;Janus;, as ações envolvem quatro mandados de busca e apreensão, duas conduções coercitivas e cinco intimações em Santos (SP). Um dos alvos é Taiguara Rodrigues, sobrinho do petista por parte de sua primeira mulher, já falecida, e dono da empresa Exergia Brasil. É amigo de um dos filhos de Lula, com que já viajou para o Panamá, atesta relatório da Operação Lava-Jato.

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Taiguara fechou contratos com a Odebrecht em Angola na usina hidrelétrica de Cambambé. O empresário disse à CPI do BNDES, em outubro de 2015, que recebeu US$ 1,8 milhão a US$ 2 milhões da empreiteira por contratos no país africano. Nas contas da PF, fez serviços nas obras de Cambambé por R$ 3,5 milhões. A obra recebeu US$ 464 milhões de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os policiais investigam se esses contratos da Odebrecht com a empresa de construção civil de Taiguara foram usados para pagar propinas. A apuração começou de um Procedimento de Investigação Criminal do Ministério Público para a PF que tentava descobrir se a construtora Odebrecht pagou subornos entre 2011 e 2014 para obter ;facilidades; em conseguir empréstimos no BNDES.

Agora, a PF quer esclarecer os contratos da empreiteira fechados entre 2012 e 2015 com a pequena empresa de construção de Santos ligada ao parente de Lula. A Polícia Federal investiga a prática dos crimes de tráfico de influência e lavagem de dinheiro.

Mas Taiguara negou à CPI do BNDES que Lula petista tenha interferido para que ele conseguisse contratos com a Odebrecht ou que a empreiteira tivesse obtido o financiamento bancário.

Sociedade e viagens
Taiguara foi alvo de mandado de condução coercitiva. Outro alvo foi José Emmanuel de Deus Camano Ramos. Ele foi sócio de Taiguara até 2012 na empresa Projetai Exportadora. De 2012 a 2013, trabalhou na Exergia Brasil Projetos de Engenharia Ltda, outra firma do empresário ligado a Lula. Em 2014, Camano voou com Taiguara em duas ocasiões para o Panamá.

O pai de Taiguara, Jacinto ;Lambari; Ribeiro Santos, era ;muito amigo; do ex-presidente da República, segundo ele contou em depoimento à CPI do BNDES ano passado.

Na comissão, o empresário se disse amigo de um dos filhos do petista, Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha. Relatório da Operação Lava-Jato aponta que os dois viajaram no mesmo avião em novembro de 2014. O voo CM 0724, da Copa Airlines, saiu de São Paulo para a Cidade do Panamá, no Panamá, em 1; de novembro. Ele voltaram no voo CM 0701 em 7 de novembro.

Na companhia deles, estava ainda o empresário Fernando Bittar, sócio de Lulinha na G4, e um dos donos do sítio Santa Bárbara, em Atibaia. A PF suspeita que essa propriedade pertença a Luiz Inácio Lula da Silva, que nega a acusação.

Taiguara disse à CPI do BNDES que, apesar de sua tia ter sido casada com Lula até falecer, não se considera sobrinho do ex-presidente. Em outubro de 2015, a bancada do PT na comissão divulgou comunicado em que considerou que ;o vínculo de parentesco amplamente divulgado pelo semanário foi desmentido pelo Ministério Público;.

O Correio não localizou a defesa de Taiguara e de Camano. Um telefone registrados em nome de Camano não atendeu nesta sexta-feira. A Odebrecht disse que não comentaria o caso. O Institulo Lula também não prestou esclarecimentos ainda.

Janus ou Jano é um deus romano, uma divindade latina de duas faces, que olha para o passado e o futuro. O nome da operação é uma referência a como as investigações devem se ater a todos os aspectos do que está sendo apurado.

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