Politica

Waldir Maranhão afirma que "há o prenúncio da renúncia de Cunha"

Presidente interino da Câmara afirma que existe um "sentimento" perceptível de que o peemedebista vai entregar o comando da Casa

Paulo de Tarso Lyra, Leonardo Cavalcanti, Denise Rothenburg
postado em 01/07/2016 06:33


Depois de assumir a Presidência da Câmara por um ;acidente de percurso;, como ele mesmo afirma, Waldir Maranhão (PP-MA) acha que os dias dele de interinidade no comando da Casa estão próximos do fim. Ele confirma as conversas que correm no Legislativo de que o presidente afastado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deverá renunciar ao cargo nos próximos dias. Mas não acredita que isso evitará o processo de cassação em plenário. ;O tempo está desfavorável a ele.;

Maranhão admitiu que a pressão sobre ele, vinda de parlamentares de todos os partidos e ideologias, começou após a decisão de cancelar a sessão do impeachment realizada em 17 de abril. A gritaria foi tão grande que ele acabou desistindo da decisão e voltou atrás. Ele também demonstrou tal inconstância em outros momentos, como na consulta de Cunha à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e na indefinição quanto à realização de sessões deliberativas da Câmara simultâneas aos festejos juninos.

Durante entrevista exclusiva ao Correio no apartamento funcional da Asa Norte, Maranhão, veterinário, ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão, afirmou que está ;aprendendo com tudo o que está vivendo, internalizando e refletindo;. Após votar contra o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, acredita que, se ela voltar ao poder após a votação do Senado, terá dificuldades para governar. E reconhece que a relação do Executivo com o Legislativo melhorou com Michel Temer.


O senhor está confortável no cargo de presidente da Câmara?
Eu nunca esperei estar aqui neste momento. O acaso me colocou nessa condição. Sem nenhuma vaidade, com serenidade, entendo que ser interino nas condições em que estamos é algo que melhora a carreira política de qualquer político. Eu assim me sinto muito à vontade, em que pesem as adversidades, as turbulências naturais. Eu compreendo que o parlamento é o exercício da compreensão, da tolerância, de conviver com pessoas que pensam diferente da gente. Eu me sinto como um presidente que olha para a frente, respeito e estabeleço convívio com os pares. As agressões pelas palavras são naturais, a gente compreende. Nos últimos meses, eu cresci como ser humano.

As ações foram erradas? O senhor é muito criticado.
Fui muito atacado, mas isso me faz crescer como ser humano; afinal, eu tolero. Saberei sempre reconhecer que esse é um estágio, um início. Eu tenho 60 anos e, com certeza, a carreira impõe todas essas questões, todas essas críticas.

Mas a que o senhor atribui esses ;ataques;?
Os ataques, que tendem a diminuir, têm muito a ver com a minha posição frente ao impeachment. Eu estava no exercício de uma Vice-Presidência, fazendo o meu papel constitucional, e, de repente, o Brasil se encontrou na forma como está hoje. Há dois interinos, por circunstâncias diferentes, dois Poderes que têm o dever de convergir, de estabelecer uma harmonia. E, no registro da história, saberemos o papel de cada um. E saber qual é a importância de termos uma Casa que é uma caixa de ressonância da sociedade. Temos de definir projetos importantes para melhorar a vida das pessoas. É um colegiado também. Eu até faço uma comparação. Como eu vim do mundo acadêmico, fiz uma carreira acadêmica, eu me tornei reitor de universidade, eu vejo a Câmara como uma grande universidade. É a universidade do povo, da vida. E vejo a todos por igual. Então, eu costumo dizer que somos 513 reitores. Imagine você encaminhar, você compreender todo aquele universo, mas só um assume a condição de presidente. Só um tem essa possibilidade institucional. Obviamente que há interesses contrariados, há aqueles que jogam mais para fora do que para dentro. É claro que é uma Casa muito midiática. A dinâmica do processo legislativo é algo que toca na alma. Quem não reconhece que o Brasil está no buraco? Mas ,também, quem não reconhece que o país está dando demonstração de uma democracia consolidada? E o grande exemplo vem das ruas, que, desde junho de 2013, vêm colocando para cada um de nós a necessidade de se reciclar. E a Casa tem esse papel de se reciclar, buscar o papel de transparência, de eficiência. Há controvérsias, críticas que são inerentes. O Brasil é maior do que a crise.

O senhor acha que a presidente afastada, Dilma Rousseff, sofreu um golpe?
A minha posição de deputado que votou contra o impeachment é uma. A minha posição como presidente interino é outra. Então, eu não posso ser contra ou a favor do impeachment. Eu tenho de respeitar a Casa como um todo. Eu quero fazer aqui um hiato. Até o dia do impeachment, me postei para mostrar ao Brasil a posição contrária ao impeachment. Porque o meu estado, o mais pobre do Brasil, com os piores indicadores sociais, não queria um impeachment. Porque há de se reconhecer que ações do governo favoreceram o estado, as pessoas. Eu até acredito que, se fizermos novas pesquisas, o Maranhão vai se manter contra o impeachment. Foi possível as políticas sociais alcançarem um conjunto da sociedade. Se você olhar no Nordeste, talvez tenha uma similaridade de sentimentos. Mas agora, neste momento, eu não tenho o direito de ser contra ou a favor do impeachment.
[SAIBAMAIS]
O senhor se arrepende de ter tomado a decisão de cancelar a sessão do impeachment?
Primeiro, era uma prerrogativa do presidente. Uma coisa que você tem de avaliar é o ambiente político e o mundo jurídico. Então, o ambiente político naquele momento era desfavorável, mas tinha uma sustentação legal. Mas, para mim, aquele ato é uma página virada na história da minha vida. Aquele momento eu recolho com um olhar para a frente.

O senhor se arrepende?
Não me sinto arrependido. Eu tenho clareza daquela decisão.

O movimento de voltar atrás mostra que o senhor se arrependeu...
Eu fiz uma avaliação do ambiente político, uma autocrítica, e revoguei o ato. Então, eu recolhi para mim todas as atenções, as iras, as insatisfações, mas foi algo que fiz de forma lúcida, convicta. Porém, quando é jogado para o conjunto externo, você precisa ter a maturidade de recuar para depois contribuir para a normalidade do processo.

Mas aquele episódio reúne muitas dúvidas. Como foram aquelas 24 horas antes de pedir a anulação da sessão do impeachment?
Vamos tratar como página virada. Isso a gente vai internalizando, somatizando e recolhendo, eu não tenho dúvida de que, em alguma parte da história, nós tornamos um ponto central deste processo, mas o impeachment ainda está em curso no Senado e, a cada dia, nós temos variação dos resultados possíveis. Acho que temos que deixar esse assunto. Ele vai ficar em meu travesseiro, vai ficar recolhido na minha consciência e em um outro momento a gente recoloca esse assunto.

Por que o senhor citou Cunha durante o voto do impeachment?
Talvez pelo sentimento. Não é todo dia que você convive com um impeachment; existe o fato, mas é uma raridade. Naquele momento, eu senti uma emoção, como todos sentiram, e quando se fala de emoção é algo subjetivo, não se controla uma emoção. Como vice-presidente, eu sempre o vi como um presidente que contribuiu muito para a Casa e deu uma celeridade aos processos, apesar dos problemas que todos nós conhecemos.

O senhor foi muito criticado. Ficou um voto meio folclórico, digamos assim?
São palavras ditas, vento que passa, isso não acrescentaria em nada para mim hoje. Foi um momento em que eu olhei para a radiografia do momento; não diria que faria isso hoje.

Falando em radiografia do momento, como o senhor imagina esse seu período como presidente? Falou-se muito na renúncia do Cunha. Ele vai renunciar?
Há o prenúncio de uma renúncia. Se foi definida pelo Beto Mansur (PRB-SP) (leia matéria na página 3), com certeza ele deve ter as razões mais concretas para isso. Obviamente, com a renúncia, virão os movimentos de uma eleição. Estaremos próximos às eleições e a Casa vai se manifestar, e teremos cinco sessões para fazer as eleições. Sobre esse processo, eu diria que estou tranquilo. Conduzirei o processo, e a Câmara vai ter a sabedoria de escolher o melhor candidato para o momento, que seja capaz de dar sequência às ações pautadas, ver as ações do governo, enfim.

Mas o senhor acha que é possível que ocorra a renúncia nos próximos dias?
Há um sentimento no qual a gente percebe que é possível essa renúncia.

Logo que o Cunha foi afastado, o senhor se reuniu com ele. Ainda tem contato com ele?
Não voltamos a conversar.

Por quê?
Já tenho muitas atribuições, cuidar das turbulências naturais da presidência, conversar com os líderes, a vida pessoal, enfim;

O PP, o seu partido, traiu Dilma?
Eu respeito a posição do partido, cada um teve a sua motivação para assim o fazer, e eu não teria que formular um entendimento crítico ou não sobre a posição do partido. Eu me coloquei na contramão do processo e alguns falaram em expulsão. Temos um caldo muito rico nessa questão e eu estou permanentemente compreendendo que o papel da democracia é isso.

O senhor tem uma proximidade com o governador do Maranhão, Flávio Dino, mas nós sabemos que a política lá no estado também passa muito pela família Sarney.
Eu fui eleito pelo PSB em 2006. No mesmo ano, eu estabeleci a frente de libertação do Maranhão, que virou aquele grande movimento com o Jackson Lago. A eleição do segundo turno, mesmo tendo sido eleito pelas oposições, eu optei em apoiar Roseana Sarney. Foi ali que começaram as tentativas de convívio com o grupo Sarney. Vieram as eleições de 2010 e nós ajudamos a Roseana a ser reeleita, na época eu tive 106 mil votos, o partido contribui com 270 mil votos e, ao montar o governo, ela não abriu espaço para o partido.

O senhor ainda estava no PSB?
Não, já estava no PP.

Por que o senhor optou pelo apoio a Roseana?
Fiz uma avaliação no momento e achei que era interessante apostar, dado que ela já tinha sido governadora, poderia melhorar o desempenho do estado, enfim. Só que esse rompimento saiu logo, em 2010, quando ela montou o governo dela e nos deixou de fora. Então é essa a história na política.

E a aproximação com o Flávio Dino?
A aproximação com o Flávio veio em 2008, quando eu foi candidato a prefeito de São Luís. Começamos a dialogar. Em 2010, tínhamos tudo para o estarmos juntos, mas não deu certo. Quando chegou a eleição de 2014, eu fui o primeiro a incorporar o projeto de mudança no Maranhão com o Flávio, eu diria até que 95% das reuniões com os partidos foram estabelecidos aqui (no apartamento funcional, na 302 Norte).

Na possibilidade concreta de uma nova eleição na Câmara, fala-se em 13 candidatos. É uma Câmara muito polarizada?
Um presidente que seja bem articulado e que transite entre todos os partidos e líderes. A Câmara terá capacidade de escolher aquele que melhor represente o sentimento da Casa. Eu não diria um perfil específico, tem que ser alguém que reúna condições de dialogar com os partidos.

O senhor acredita que a gestão Cunha fez mal para a convivência política na Câmara?
Eu não vejo dessa forma. A gestão do Cunha estabeleceu um ritmo de trabalho muito célere, eu não vejo assim. Cada um é um. Depois de sentado ali é que você olha aquele universo, e você tem que ter um colegiado de líderes forte e cuidar disso permanentemente.

Mas o senhor vai sair candidato?
Não. Eu quero fazer a travessia e que se escolha o melhor Presidente dentro da conjuntura. Vou contribuir com o meu voto.

Depois da votação do impeachment, o senhor chegou a conversar com a presidente Dilma?
Essa questão do impeachment é uma página virada. Eu quero pensar no país, quero que a juventude tenha a oportunidade de ir para a escola, que tenha universidade de qualidade, é algo com que eu estou muito mais preocupado hoje. O país precisa recuperar a economia, adquirir estabilidade política, moral e ética a partir do esforço coletivo.

O senhor acredita que a Dilma consegue voltar?
Se vier a acontecer, eu vejo dificuldades na governabilidade. Se houver uma regressão, ainda assim, eu vejo uma dificuldade na governabilidade.

Então, é melhor que o governo Temer continue?
Eu vou me ater à questão de que ele já está. Se houver uma reversão, acho que a Dilma terá uma dificuldade de governabilidade.

A relação com o Congresso está melhor?
Sim, eu vejo uma boa relação, isso é importante. A maturidade, o crescimento de cada um de nós, nos permite dar uma cota de sacrifício, ficar vocacionados a emprestar o melhor de cada um para o país. É aí que reside o momento, porque o Temer foi presidente da Câmara, estabeleceu convívio político com pessoas que estão aí há alguns anos. A sua história, o seu legado dentro da Casa, é um fato concreto. É um profundo dominador do direito constitucional.

O senhor tem falado com ele?
Falei umas duas vezes, por telefone e visita também.

E conversaram sobre o quê?
Sobre tudo, sobre política, inclusive. Fui muito bem recebido. Conversamos demoradamente e certamente estamos dando nossa contribuição ao país. Até as críticas que pairam sobre nós, isso contribui para cada um de nós.

O senhor vai apoiar as propostas do Ministério Público das 10 medidas de combate à corrupção?
Quem não lembra da Lei da Ficha Limpa? Então, eu acho que é algo que guarda um paralelo. Essas proposições que chegaram à Casa, construímos uma comissão especial para tratar do tema. Uma vez indicada pelos líderes de partido, serão aprimoradas. Temos que garantir a eficiência da máquina administrativa, nós temos que garantir a transparência como princípio. Não dá para você deixar isso debaixo do tapete. O próximo presidente logo será eleito, e esse assunto não pode ficar adormecido, não.

Houve uma resistência da Casa à instalação da comissão.
As reações são naturais; nós vamos depurar, estudar a matéria e ver as suas possíveis aplicações.

Mas há uma tensão, hoje, da classe política com o MP? O senhor, por exemplo, é investigado nas operações Miquéias e Lava-Jato.
Eu acredito na Justiça. A verdade haverá sempre de aparecer. Então, com certeza estou sereno. Eu nunca fui sequer chamado para depor, nada, no caso da Miquéias. Lava-Jato fiz um depoimento, e acredito na Justiça.

Em relação à eleição de 2010, o senhor fez uma doação para a sua campanha maior do que foi declarado como bens.
Esse assunto foi resolvido, está transitado em julgado. Assunto resolvido. Foi um erro na minha prestação de contas.

Como é que é o senhor está administrando a Câmara e vendo que já existe um movimento para a troca de comando?
Com naturalidade, eu não pedi para ser presidente. Eu me tornei presidente por um acidente de percurso. Tenho minhas incompreensões? Existem. Tenho meus atos falhos. Mas, nesse item de sucessão iminente, poderá acontecer por uma renúncia ou pela cassação. Eu vou cumprir o rito da Casa, cumprir as cinco sessões, a Casa vai escolher, dentro de sua conjuntura, aquele que representa melhor as suas expectativas. Eu vou contribuir com meu voto.

Como o senhor consegue comandar a Casa sendo acusado de não ter condições de permanecer no cargo?
É uma adversidade que vai passar. Logo, logo teremos um presidente, e a vida continua.

Na semana passada, o senhor tinha desmarcado a sessão da Câmara, depois voltou atrás. Não corre o risco de ficar com a imagem de um parlamentar que decide e volta atrás o tempo todo?
Os avanços e recuos, para mim, são coisas naturais. Nós sabemos que, a cada ano, temos esse período festivo e a bancada do Nordeste tem 187 deputados. Há pessoas que as coisas assumem e outras, não.



Mas não pega mal? Foi assim na questão do impeachment, na consulta à Comissão de Constituição e Justiça no caso Cunha e, agora, a indecisão quanto às sessões durante as festas juninas.
A partir de agora, da próxima segunda-feira, vamos trabalhar em regime de esforço concentrado.

Por quanto tempo o senhor vislumbra que continuará essa questão da interinidade?
O timing vai ser dado por ele (Cunha), se houver cassação ou renúncia. Fundamentalmente, vai ter vacância, a decisão vai para plenário e nós vamos cumprir as cinco sessões regimentais para marcar uma nova eleição. Qual é o prazo disso tudo? Não sei.

Como o senhor vê todo o momento que envolve Cunha? O senhor foi eleito com ele, vocês todos da Mesa Diretora sempre foram muito parceiros...
É um momento delicado na vida de qualquer ser humano. Até para emitir opinião é algo difícil. Peço a você o direito de não me aprofundar nisso.

Como é presidir a Casa neste momento em que aparecem uma gama de parlamentares sendo investigados pela PF?
Delicado e incomum. Eventualmente, aqueles que devem precisam pagar pelos seus erros.

A sessão que aprovou o impeachment da presidente Dilma na Câmara foi constrangedora. O atual Congresso é considerado o pior da história...
Não vejo como o pior Congresso, porém, os fatos existentes não remeterão para o melhor juízo dos parlamentares perante a sociedade. O poder soberano do povo, e nós somos os frutos dessas decisões, que virão logo, em 2018.

Na última eleição, tivemos uma renovação de mais da metade do Congresso. Mas mudam-se os políticos e a avaliação continua negativa. Como vocês podem fazer para prestar um serviço melhor para a população?
Nós temos que aprimorar as nossas condutas. Estar em permanente sintonia com os anseios da sociedade. As redes sociais estão aí para balizar as nossas ações.

O senhor propõe alguma reforma política para melhorar a situação?
Ela é iminente. Ela tem de acontecer de fato, não uma colcha de retalhos.

Mas qual?
A questão do financiamento das campanhas.

Mas esta já mudou.
Não sei se é o ideal. Quem vai pagar essa conta? Teremos uma campanha de 45 dias. Para os novos (candidatos), eles entram em desvantagem.

O senhor é contra ou a favor o financiamento de empresas?
Precisamos discutir isso. A sociedade não aprova o financiamento privado.

Fala-se em uma reforma política com o fim das coligações nas eleições proporcionais e a volta da cláusula de desempenho. É hora da Câmara começar a apostar nisso?
Com a quantidade de partidos que nós temos, cada vez criando mais, sem ter um foco ideológico. As entidades partidárias são espaciais. O próximo presidente da Câmara precisa pautar este tema.

Mas o atual Congresso tem condição de fazer esse debate?
Se acharem que precisa ser uma Constituinte exclusiva, tudo bem. Mas não se pode ficar como está. Esse modelo está falido.

É viável o referendo, proposto por setores do PT e pela presidente afastada, Dilma Rousseff, para uma nova eleição?
Temos que aguardar o fim do julgamento do impeachment. Qualquer abordagem neste momento é precipitada.

O Congresso aprovaria essa emenda constitucional?
Dificilmente.

Quem defende a renúncia de Cunha o faz como uma estratégia para ele escapar da cassação. Esta estratégia ainda pode funcionar?
O tempo está desfavorável a ele.

Presidente interino da Câmara afirma que existe um

Informação é poder
Eu nasci há 60 anos. Sou de uma família de pais semianalfabetos; somos oito filhos, quatro homens e quatro mulheres. Sou o mais velho. Desde cedo, eu vislumbrei que só poderia me salvar se eu estudasse. Sou resultante de uma escola pública, de uma universidade pública. Passei no meu primeiro vestibular sem ter feito cursinho. Formei em 1979, era da primeira turma de veterinária. Começamos com 25 alunos, formaram-se 12.

Em 1981, fui trabalhar em São José do Piauí, em um trabalho da Emater, onde tive a experiência de lidar com as pessoas, porque trabalhava com extensão rural. Vem daí o sentimento de olhar para os mais humildes. Depois eu fui professor colaborador, fiz toda uma carreira como monitor. Sou professor adjunto da Universidade Estadual do Maranhão. Na época podia virar reitor, hoje, para assumir o cargo tem que ser professor titular.

Fiz o mestrado, mas, como eu disse, sou de origem humilde. Talvez essa seja a minha maior marca: saber que posso crescer com o outro. E esse crescimento se dá momento após momento.

Essa circunstância, para mim, é salutar. Ela vai me enriquecer. Entendo que, se informação é poder, e esse poder é usado para o bem, você poderá contribuir para ajudar a vida das pessoas. Então eu vejo que o parlamento tem esse sentido. Desde quando cheguei, eu fui para a Comissão de Educação. Lutei para que o tema da reforma universitária fosse central. Tenho isso como ponto de partida de um projeto de sociedade e de indivíduos.

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