Politica

Investigação sobre avião de Eduardo Campos indicia 20 pessoas

Polícia Federal atesta que "dono" da aeronave captava propinas para beneficiar ex-governador de Pernambuco, morto em agosto de 2014

Eduardo Militão, Leonardo Cavalcanti
postado em 28/07/2016 07:59
A Polícia Federal (PF) indiciou 20 investigados na Operação Turbulência, um deles indicado como operador de propinas para o senador Fernando Bezerra (PSB-PE) e para o falecido ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). Apontados como compradores do avião Cessna que vitimou o ex-candidato à Presidência da República em 2014, os empresários João Carlos Lyra Mello Filho, Eduardo Freire e Apolo Santana Vieira foram indiciados por organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, de acordo com relatório da PF obtido pelo Correio ontem.
A delegada Andréa Pinho Albuquerque atesta que os três eram ;os principais integrantes; do esquema de arrecadação de recursos de lavagem de dinheiro. Como tem foro privilegiado, Bezerra responde a inquérito sobre fatos semelhantes no Supremo Tribunal Federal (STF). O indiciamento foi concluído em 15 de julho e encaminhado à 4; Vara Federal do Recife.

[SAIBAMAIS]A Operação Turbulência, deflagrada em 21 de junho, contou com informações compartilhadas pela Lava-Jato e só investigou pessoas sem foro privilegiado. Andrea Pinho narra a existência de ;diversas pessoas, que, de forma estável, permanente e ordenada, utilizavam as contas bancárias de empresas de fachada ou fantasmas ou de ;laranjas; para recebimento de valores de origem espúria ou duvidosa; que, depois, eram entregues ;aos seus reais destinatários, seja por meio de saque em espécie, seja por meio de transferências bancárias;.

O inquérito policial aponta que ;restou clara a atuação do investigado João Carlos Lyra na condição de operador financeiro de numerários recebidos clandestinamente para abastecer ou pagar dívidas decorrentes da campanha eleitoral do falecido ex-governador Eduardo Campos;. O Inquérito 4005 do STF diz que sobrepreços em contratos na refinaria da Petrobras Abreu e Lima praticados pela empreiteira Camargo Corrêa eram ;destinados provavelmente ao pagamento de dívidas de campanha do então governador Eduardo Campos à reeleição;, em 2010. Lyra foi reconhecido por ex-funcionários da construtora como ;a pessoa encarregada de entregar a propina devida por aquela empreiteira ao ex-governador Eduardo Campos e ao senador Fernando Coelho;. No STF, apura-se a ;possível interferência; do senador perante ;operadores do esquema de pagamento de propinas a partidos políticos decorrentes de contratos com a Petrobras, visando a obtenção da ajuda ilícita à campanha de seu então correligionário;.

Bens confiscados
Os investigados negam as acusações. Os advogados de Lyra não quiseram comentar o indiciamento. Mas, em habeas corpus, Maurício Leite e Nabor Bulhões afirmaram que não há motivos para manter o empresário preso e que ele não oferece risco às apurações. Ele, Freire e Santana devem tentar um recurso ao STJ.

A assessoria de Bezerra destacou, ontem à noite, que ele ;não é investigado na Operação Turbulência e ratifica o que afirmou no mês de junho: que não foi coordenador de nenhuma campanha de Eduardo Campos;. Naquele mês, o senador disse ainda que a apuração em Recife contraria ;frontalmente; depoimentos no inquérito a que responde no STF. A advogada de Eduardo Freire, Ludmila Groch, disse que seu cliente nega os crimes, mas que não comentaria o caso. O defensor de Apolo, Ademar Rigueira, não foi localizado, assim como os demais indiciados.

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