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Depoimento de Léo Pinheiro sobre propina complica situação de Gim Argello

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da OAS afirma que os R$ 350 mil repassados a uma paróquia de Taguatinga não se tratavam de doação. Segundo o executivo, dinheiro foi dado em troca de uma blindagem contra convocações na CPI da Petrobras

Eduardo Militão
postado em 14/09/2016 06:14
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente da OAS afirma que os R$ 350 mil repassados a uma paróquia de Taguatinga não se tratavam de doação. Segundo o executivo, dinheiro foi dado em troca de uma blindagem contra convocações na CPI da PetrobrasO ex-presidente da OAS José Adelmario Pinheiro, o Léo Pinheiro, prestou um depoimento não previsto inicialmente na ação penal contra o ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF) e complicou a situação do parlamentar. Preso desde 12 de abril, o ex-vice-presidente da CPI mista da Petrobras e ex-vice-líder do governo Dilma, às vésperas do fim do processo criminal, foi acusado de exigir propina em troca de proteção da comissão de inquérito. A partir de 5 de outubro, o juiz da Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro, deve receber as alegações finais da acusação e das defesas dos réus para começar a escrever a sentença do caso.

Durante cerca de duas horas, o ex-presidente da OAS acusou Gim; o ex-presidente da CPI da Petrobras, ex-senador pelo PMDB e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo Filho; e o deputado Marco Maia (PT-RS); de pedirem dinheiro em troca de blindagem no Congresso. Ele afirmou que até o então ministro das Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff, Ricardo Berzoini, exigiu que as empreiteiras colaborassem com a comissão de inquérito a fim de não prejudicarem o Poder Executivo (leia mais na página 3). Todos têm negado as acusações, como fizeram ontem depois do depoimento de Léo Pinheiro ; já condenado a 16 anos de prisão por corrupção em esquemas na Petrobras, detido no Paraná sob acusação de pagar propina a parlamentares e personagem de uma fracassada tentativa de delação premiada com o Ministério Público.

Segundo a acusação do MP, Gim pediu R$ 35 milhões a sete empreiteiros, e obteve pelo menos R$ 7,2 milhões, a fim de protegê-los na CPI. De acordo com Léo Pinheiro, ele não estava sozinho na empreitada, e sempre era acompanhado por Vital.



[SAIBAMAIS]Na audiência com Sérgio Moro, Léo Pinheiro afirmou que os pagamentos feitos a Gim ; que totalizaram R$ 350 mil ; eram propina, e não apenas uma doação a uma paróquia de Taguatinga que ele congregava. ;Eu tratei com o senador Gim Argello;, contou o ex-executivo. ;Ele me pediu o valor. Eu disse que daria. Ele me disse que era entidade religiosa que ele tinha relacionamento e que politicamente era muito importante essa doação e que seria abatido dos pagamentos que tinham sido acordados para o senador Vital do Rêgo.;

A audiência foi marcada a pedido da defesa de Pinheiro. Denunciado com outras nove pessoas no processo, Pinheiro ficou em silêncio quando recebeu a convocação para ser ouvido, um dia depois de perder a colaboração premiada com o Ministério Público. Preso na semana passada, o ex-executivo resolveu falar mesmo sem ter as garantias dos benefícios da delação. ;Eu cometi crimes e, para o bem da Justiça do nosso país, para o bem da sociedade, eu estou aqui para falar a verdade e dizer tudo o que eu sei.; Quase em tom de ameaça, um dos donos da OAS disse que isso envolveria outras pessoas. ;Eu sei dos crimes que eu cometi. Direi todos os que eu cometi e seja quem for (que estiver) do outro lado.;

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