Politica

Crivella volta ao centro das polêmicas com divulgação de vídeo antigo

"Os evangélicos ainda vão eleger um presidente da República, que vai trabalhar por nós e por nossas igrejas", diz Crivella, no vídeo

Patrícia Rodrigues - Especial para o Correio
postado em 21/10/2016 21:11

A vida religiosa do candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB-RJ), voltou a ser notícia. Em vídeo divulgado na madrugada de hoje (21/10) pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL ; RJ), Crivella, que é Bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, ministra um culto e diz que um dia o presidente da República será alguém que trabalhará pelos evangélicos.

;Os evangélicos ainda vão eleger um presidente da República, que vai trabalhar por nós e por nossas igrejas;, diz Crivella, no vídeo. A publicação está no YouTube desde 2014, mas voltou à tona agora por causa das eleições. No vídeo, Crivella ainda diz que os evangélicos vão cumprir ;a missão que há dois mil anos é o maior desafio da igreja;. ;Levar o evangelho a todas às nações da Terra;, afirma.

Procurado pelo Correio, o candidato Crivella afirmou que agressão política é uma prática de quem não tem argumentos para vencer. ;Ao divulgar conteúdos fora de contexto, a campanha do Freixo está tentando misturar assuntos que não competem a discussão eleitoral, com o objetivo claro de asfixiar o debate político, tomando espaço na mídia que deveria ser ocupado com as propostas para melhorar a vida dos cariocas;, justificou.

Para o cientista político da Universidade de Brasília, Wladimir Gramacho, trazer elementos do passado para as eleições é muito comum. ;Não é uma parte muito bonita da política, mas fazer parte do jogo eleitoral;, explica. Segundo o professor, há pesquisas que mostram que o candidato alvo das críticas pode perder votos. ;Mas isso não significa que o agressor ganhará. A prática demonstra cinismo e provoca distanciamento dos eleitores;. No entanto, a última pesquisa do Ibope mostra que diminuiu a diferença entre Crivella e Marcelo Freixo (PSOL-RJ). O candidato do PRB estava com 51% das intenções de votos e agora tem 46%, enquanto Freixo tinha 25% e subiu para 29%.

Essa não é a primeira polêmica na qual o candidato à prefeitura se envolve. No início da semana, o livro ;Evangelizando a África;, de autoria do Bispo Crivella, se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Na publicação, ele diz que a Igreja Católica e outras religiões que se denominam cristãs pregam ;doutrinas demoníacas;. O livro aborda, ainda, a homossexualidade, classificada, por ele, como ;conduta maligna; e de ;terrível mal;. Por nota, o senador licenciado pediu desculpas aos religiosos, ;se alguma vez os ofendi, perdão. O mesmo em relação à homossexualidade;, acrescentou.

Bancada

A mistura entre política e religião gera críticas por defensores do Estado laico. O professor Wladimir Gramacho afirma que a organização dos grupos religiosos é preocupante. Para ele, a religião trata de crenças, profundas e arraigadas. ;São verdades que as pessoas não discutem;, diz. Em contraponto à religião, política e democracia ;devem estar ancoradas em espaço de críticas, avaliação e diálogo;, justificou. A Frente Parlamentar, conhecida como Bancada Evangélica, possui atualmente 87 deputados federais e três senadores. O especialista acredita que uma pessoa com religião pode estar na política, da mesma forma com que aquela que não tem. ;O crescimento da bancada evangélica deve ser observado por todos com cautela;, ponderou.

O cientista político da UnB, Paulo Kramer, afirma que o ;Estado é laico, mas não significa que os políticos precisem ser;. O especialista acredita que antes da instalação da República, grandes nomes ligados à religião ajudaram na criação de leis. ;O que a Constituição proíbe é uma teocracia;, acredita. Segundo ele, falta bom senso por parte de alguns políticos religiosos. ;Fanatismo e desrespeito às outras religiões; fazem parte do comportamento equivocado de alguns parlamentares. Ele lembra que a discriminação é proibida pela Constituição e crime.

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