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PF apura propina a ex-chefe de comunicação da Saúde e das Cidades

Negócios com o governo foram intermediados pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, que omitiu a participação de Marcier Trombiere em seu acordo de delação premiada

Agência Estado
postado em 27/10/2016 22:32
O ex-assessor Marcier Trombiere, que chefiou a comunicação dos ministérios da Saúde a das Cidades, é suspeito de receber propina para viabilizar facilidades em contratos públicos para as empresas Agnelo Pacheco Criação e Propaganda e Pepper Comunicação Interativa. Os negócios com o governo foram intermediados pelo empresário Benedito Rodrigues de Oliveira, o Bené, que omitiu a participação de Marcier em seu acordo de delação premiada e, por isso, poderá perder benefícios pactuados com investigadores da Operação Acrônimo.

O envolvimento do assessor, alvo da 11; fase da operação, deflagrada nesta quinta-feira (27/10) foi citado, no entanto, na colaboração da empresária Danielle Fonteles, dona da Pepper, que admitiu ter participado das fraudes. Caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) avaliar se cabe rever o acordo com Bené.

Conforme as investigações, a pedido de Bené, Marcier conseguiu que a Agnelo Pacheco fosse contratada para campanha de combate à dengue no Ministério da Saúde. Na época, ele era secretário de comunicação da pasta. A agência, no entanto, não teria executado os serviços, que foram terceirizados à Pepper.

Danielle contou que, em troca da intermediação, a Pepper repassou R$ 283 mil a Bené. Em seus depoimentos, ela disse que sugeriu que o empresário pagasse R$ 120 mil, a título de comissão, a Marcier, o que, segundo ela, ocorreu.

Marcier foi transferido para cargo de coordenação na comunicação do Ministério das Cidades. Ali, segundo a Acrônimo, também atendeu a pedido de Bené para contratar a Agnelo Pacheco para as campanhas "Mãos no Volante" e "Rotas da Cidade". A Pepper foi novamente subcontratada e pagou R$ 310 mil à Agnelo e à agência Propeg Comunicação.

Marcier também teria viabilizado negócio de divulgação da campanha "6; Salão do Turismo" no Ministério do Turismo. Danielle contou ter sido procurada por Bené, que disse ter captado o contrato, de R$ 332 mil, valor a ser pago pela Agnelo Pacheco. Em troca, a Pepper repassou R$ 127 mil a duas empresas ligadas a Bené. Para dar aparência de legalidade aos pagamentos, foram emitidas notas fiscais frias, informou a delatora.

Marcier já havia sido preso em 2014, na 1; fase da Operação Acrônimo, quando voltava de Belo Horizonte com Bené num jatinho, transportando dinheiro de origem suspeita. Na época, ela colaborava para a campanha de Fernando Pimentel (PT), ao Governo de Minas. O petista, que foi eleito, também é investigado na Acrônimo, mas não é alvo da fase desta quinta.
Marcier, Bené e Agnelo de Carvalho Pacheco, dono da Agnelo Pacheco Criação, foram conduzidos coercitivamente para prestar depoimentos à PF. O juiz substituto Ricardo Augusto Soares Leite, da 10; Vara Federal, em Brasília, autorizou também buscas nas casas e empresas dos envolvidos.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos investigados.

Em nota, a Agnelo Comunicação afirmou que "vem a público esclarecer que contratou os serviços da agência Pepper, como faz com todos os outros fornecedores da agência. Como todo trabalho da Agnelo, temos todos os arquivos e comprovantes que garantem o cumprimento de todos os trabalhos contratados.

Esclarecemos ainda que nunca utilizamos os trabalhos gráficos do empresário Benedito Oliveira, conhecido como Bené. A Agnelo ainda nunca teve nenhuma relação com o Governador Fernando Pimentel e muito menos com seu Governo.

A Agnelo reitera sua responsabilidade e procedimento ético em todos os seus trabalhos e está à inteira disposição das autoridades para esclarecer tudo e colaborar no que for necessário."

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