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Interrogatório de Lula por Moro em Curitiba já dura mais de três horas

A expectativa da defesa era de que o interrogatório do ex-presidente terminasse antes das 17h; os advogados, inclusive, convocaram uma entrevista coletiva para as 18h

postado em 10/05/2017 17:44
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O interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tomado pelo juiz federal Sérgio Moro, já dura três horas e meia. A oitiva começou às 14h17 desta quarta-feira (10/5), na sede da Justiça Federal de Curitiba (PR). O petista é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões de propinas da empreiteira OAS no caso do tríplex do Guarujá, em São Paulo. É a primeira vez que Lula fica frente a frente com o juiz responsável pelos casos em primeira instância da Operação Lava-Jato.
A expectativa da defesa era de que o interrogatório do ex-presidente terminasse antes das 17h. Os advogados, inclusive, convocaram uma entrevista coletiva para as 18h, em um restaurante da capital paranaense. Ela, porém, será adiada para quando acabar a oitiva, já que os advogados que a concederão estão acompanhando Lula. Os vídeos do depoimento devem ser divulgados pela Justiça Federal cerca de uma hora depois do fim do depoimento.
O ex-presidente Lula é réu na Justiça do Paraná por susposto recebimento de vantagem no valor de R$ 2,4 milhões da empreiteira OAS, envolvendo o triplex no Guarujá. Além disso, é acusado de receber R$ 12 milhões da Odebrecht por meio da compra de um novo terreno para o Instituto Lula. Também responde a acusações por obstrução da Justiça e tráfico de influência.

Chegada


Lula chegou ao aeroporto Afonso Pena pouco depois das 9h30 desta quarta, em um avião particular. Os desembarques dele e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) motivaram a montagem de um esquema especial de segurança no terminal. Mais tarde, o petista deixou um hotel na capital paranaense e seguiu de carro até a sede da Justiça Federal. Ele desceu cerca de 50 metros antes do bloqueio colocado pela Polícia Militar, sendo recebido por manifestantes, que entoavam gritos em sua defesa.

O ex-presidente andou entre os manifestantes segurando uma bandeira do Brasil. Após passar pelo bloqueio, Lula acenou para os apoiadores e entrou em um carro para ser conduzido até o local do interrogatório. Ele estava acompanhdo dos senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RJ). O presidente do Instituto do Lula, Paulo Okamotto, o aguardava no local.

Pedidos negados

A defesa de Lula tentou dois pedidos de liminar em habeas corpus para gravar em áudio e vídeo a audiência, mas o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou. Foi negado também o pedido da defesa para suspender a tramitação de ação penal em que a defesa de Lula pedia acesso, por pelo menos 90 dias, a documentos para análise. O pedido de prazo seria para a apreciação das provas ligadas a Petrobras, anexadas recentemente aos autos. Quanto ao terceiro habeas corpus que pede a interrupção do andamento da ação penal, ainda não houve decisão, de acordo com o STJ.

Manifestações

Cerca de 4 mil manifestantes favoráveis ao petista, de acordo com a Polícia Militar, estão reunidos na praça Santos Andrade. Até o momento, não há registro de ocorrências no local. Há uma expectativa de que o ex-presidente vá à praça e participe do ato após o depoimento, mas a decisão será tomada por ele somente após o encerramento do interrogatório, dizem aliados.
Durante a madrugada, o acampamento dos militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST) foi alvo de ataque com fogos de artifício. Duas pessoas ficaram feridas, segundo os organizadores da manifestação.
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Ações, investigações e o que diz a defesa do ex-presidente:

Ações na Justiça

Tríplex
É réu na Justiça do Paraná por suposto recebimento de vantagem de R$ 2,4 milhões
da OAS, materializada no tríplex do Guarujá

Instituto Lula
Acusado de receber R$ 12 milhões da Odebrecht por meio da compra da nova sede do Instituto Lula, imóvel que jamais foi usado

Obstrução de Justiça
É acusado de pressionar o ex-senador Delcídio do Amaral para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Para isso, a família de Cerveró teria recebido dinheiro, entregue pelo filho do pecuarista José Carlos Bumlai

Tráfico de influência
Lula teria ajudado na liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E também intermediado a contratação de seu sobrinho Taiguara Rodrigues para prestar serviços da Odebrecht em Angola

Operação Zelotes
O MPF sustenta que Luís Cláudio, filho de Lula, recebeu R$ 2,5 milhões para o ex-presidente influenciar decisões do governo Dilma, como a prorrogação de incentivos fiscais
Investigações

Organização criminosa
Atuação em cobrança de propinas em contratos de várias áreas do governo

Sítio de Atibaia
Suspeitas de que o sítio, reformado pela OAS e pela Odebrecht, seja do ex-presidente

Sete Brasil
Suspeita de cobrança de propina para a fabricação de sondas para a exploração do pré-sal

Leniência
Possível negociação com Emílio Odebrecht para a edição de medida provisória para que acordos de leniência fossem firmados sem a participação do Ministério Público

Petroquímica
Suspeitas de irregularidades para beneficiar a Odebrecht e a Braskem, uma das subsidiárias da empresa

BNDES
Lula teria ajudado na liberação de empréstimo para a Odebrecht em Angola

Palestras
MP quer saber se as remunerações, pela Odebrecht, das palestras feitas pelo ex-presidente foram pagamentos de serviços anteriores prestados pelo petista

Alegações da defesa

; Não há como associar o ex-presidente a nenhum esquema de pagamento de propinas pela Odebrecht

; Ele não é o ;Amigo; que aparece nas planilhas da empreiteira

; Nem sítio nem tampouco o tríplex pertencem ao ex-presidente

; O Instituto Lula funciona na mesma sede desde 1990. O novo imóvel jamais foi adquirido

; Lula jamais pediu para que Léo Pinheiro, da OAS, destruísse provas

; O petista não influenciou nos empréstimos liberados pelo BNDES para a Odebrecht em Angola

; Nem Lula nem Luís Cláudio influenciaram nas concessões fiscais investigadas na Operação Zelotes

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