Politica

Assista à delação de Joesley Batista, da JBS, à Operação Lava Jato

Vídeo foram liberados pelo STF na sexta-feira (19/5)

Gabriela Vinhal
postado em 19/05/2017 14:26

Em delação premiada, o empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J, controlador do frigorífico JBS, afirmou que a empresa pagava propina a deputados e senadores do Congresso Nacional. Nos vídeos divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário explica que os atos eram feitos por meio de Caixa 1, Caixa 2, dinheiro, via campanha política e doação.

Joesley conta que dos R$ 500 milhões registrados para doação, R$ 400 milhões foram em forma de propina disfarçada. "Combina-se o ato de corrupção política com o dirigente do poder público e, daí para frente, se procede o pagamento. Seja nota fiscal fria, dinheiro, doação político-social", explica.

Os crimes mais recentes, segudo Joesley, foram cometidos há cinco anos. Contudo, documentos levados por ele e por seu advogado revelam atos ilícitos que estavam sendo cometidos desde 2002.

Questionado se os depoimentos estavam sendo dados de maneira voluntária, o empresário diz que gostaria de ajudar a Procuradoria Geral da República por acreditar "ter muito o que contribuir com isso". A delação ocorreu em 7 de abril, mas só foi divulgada nesta sexta-feira (19/5).

Amizade com Temer

Joesley conta que conheceu Michel Temer há aproximadamente cinco, seis anos, ainda como vice-presidente. Desde então, assume que ;mantinha um relacionamento direto com ele, sem intermediários, através de ligações e mensagens;. Contudo, depois que passou a ser presidente da República, o empresário diz que a relação dos dois era através do ex-ministro Geddel Vieira Lima. ;As minhas demandas para o governo foram passadas pelo Geddel, até que ele caiu e eu fiquei sem ter opção. Ele passou a ser investigado e eu também. Por isso, não poderia mais falar com ele;, explica.

Como uma segunda opção de intermédio, Joesley revela à PGR que procurou Rodrigo Rocha Loures, assessor do presidente. Após uma ligação e um encontro ocorrido em São Paulo, Rodrigo marcou uma reunião entre o empresário o presidente Michel Temer, que aconteceu em 7 de março, no Palácio do Jaburu. "Ele me disse que eu poderia encontrá-lo lá, que organizaria uma forma para eu entrar de maneira discreta;, completou Joesley. O empresário revela em sua delação, que gravou a conversa com o presidente, porque já estava fazendo alguns registros de reuniões e que ;achou que seria importante;.

Esquema do PMDB na Câmara

O encontro com o presidente, segundo a oitiva de Joesley, seguia uma agenda própria de pautas. A primeira era para falar sobre o ex-deputado Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, à época operador financeiro do esquema PMDB dentro da Câmara dos Deputados, segundo o empresário. O grupo era composto por diversos parlamentares e ministros, como Geddel, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Contudo, os atos ilícitos eram feitos somente com Cunha, Funaro e Temer.

Joesley conta que revelou ao presidente que até o momento pagava a mensalidade de R$ 400 mil a Funaro e que havia pagado R$ 5 milhões ao ex-deputado, referente à quitação de uma dívida de propina de R$ 20 milhões, sobre a renovação de incentivo da desoneração tributária do setor de frango. ;Eu queria saber a opinião dele sobre isso, se deveria continuar pagando ou não;, esclarece.

O empresário diz que Temer foi enfático: ;Ele disse que era importante manter isso;. Uma das razões, segundo Joesley, de pagá-los era ;garantir o silêncio deles;. ;Eu queria manter os dois calmos. Não sei como ficar calmo na cadeia, mas queria que eles ficassem em silêncio e não se revelassem. E eu sempre recebi sinais claros de que era importante mantê-los financeiramente, a família também;.

Durante a delação, Joesley explica como funciona o esquema do PMDB: "Eles mapeiam onde você tem negócio, criam uma dificuldade para que você faça um acerto com eles. Aí sim a coisa anda. Essa é a maneira como eles operam".


Confira abaixo a íntegra do depoimento de Joesley

[VIDEO1]

[VIDEO2]

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação