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Assessor de Perrella escondeu R$ 480 mil na casa da sogra, diz PF

O servidor é apontado pelas investigações como responsável por receber a propina de R$ 2 milhões

Agência Estado
postado em 27/05/2017 17:41
A sogra de Mendherson Souza Lima, assessor de Zezé Perrella (PSDB-MG) no Senado, ficou com duas malas de R$ 480 mil em sua casa, a pedido do agente público, segundo relatórios de busca e apreensão da Polícia Federal no âmbito de investigações a respeito de Aécio Neves (PSDB-MG). O servidor é apontado pelas investigações como responsável por receber a propina de R$ 2 milhões - que Aécio teria pedido a Joesley Batista, da JBS -, e repassar à empresa Tapera de responsabilidade de Zezé Perrella.
De acordo com relatório da busca e apreensão, Mendherson se assustou com as notícias a respeito da delação da JBS que o mencionavam como interposto de Aécio em esquemas de propinas, e decidiu levar o dinheiro a um local que ;não estivesse relacionado ao seu nome;.

Ele, então, carregou as duas sacolas recheadas de notas de R$ 100 até a cidade de Nova Lima, na região Metropolitana de Belo Horizonte, onde vive sua sogra, Azelina. O relatório da PF dá conta de que ela ficou com os recipientes ;sem que soubesse do seu conteúdo;. As sacolas estavam em um dos quartos da residência da sogra de Mendherson, segundo relatou a PF.

Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley Batista. Os valores teriam sido repassados ao primo do senador afastado, Frederico Pacheco, e as primeiras tratativas foram feitas pela irmã de Aécio, Andrea Neves - estão em posse da Polícia Federal a filmagem dos repasses ao suposto receptor do tucano e conversas de WhatsApp com as solicitações de Andrea. Apesar de justificar que os R$ 2 milhões seriam para bancar advogados de defesa, o dinheiro foi transportado para Mendherson Souza, assessor de Zezé Perrella (PSDB-MG). Neste sábado, Aécio voltou a negar a ;origem ilícita; do dinheiro.

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Zezé e Gustavo Perrella, afirmou que o Ministério Público tem feito ilações de forma irresponsável e ;tomado delações premiadas como verdade;. O advogado afirma que ;nenhum depósito depositado na Tapera - empresa de Zezé Perrella, representada por Mendherson - tem relação com Gustavo Perrella, filho do senador.

"Gustavo não fez nunca um depósito à Tapera e sequer sabia o banco responsável pela conta da Tapera, que era a empresa de responsabilidade final do Zezé Perrella, a quem o Mwendherson se reportava", afirma

"Mas o mais grave é que todos os depósitos feitos na Tapera sem exceção, temos como comprovar a origem. Então, o Ministério Público partiu de dados falsos, fazendo uma ilação e não uma investigação para poder pedir a busca e apreensão na casa de um senador da República. Como hoje o Brasil está extremamente punitivo, ninguém acha nada estranho. Se você faz uma busca errada e inconsistente, as pessoas acham normal.O Zezé Perrella teve a casa invadida por ordem de um ministro do STF sem ter nenhuma relação com os dois milhões. O que estamos investigando e é isso que interessa é: onde foram parar esses 2 milhões? Eu garanto, afirmo e tenho provas, de que na conta da Tapera, que é a empresa de responsabilidade de Zezé Perrella, não foi. Se tem alguma relação entre o Fred e o Mendherson, isso tem de ser investigado", conclui. (Breno Pires, Isadora Peron e Luiz Vassallo)

A defesa do senador Aécio Neves reafirma que o empréstimo de R$ 2 milhões oferecido por Joesley Batista seria regularizado por meio de um contrato de mútuo, se o único objetivo do empresário não fosse única e exclusivamente forjar uma situação criminosa que lhe desse o benefício da delação premiada.

O empréstimo não envolveu dinheiro público e nenhuma contrapartida, o que torna infundada a acusação de pagamento de propina. O senador Aécio tem convicção de que as investigações feitas com seriedade e isenção demonstrarão os fatos verdadeiramente ocorridos.

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