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Polícia Federal prende o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures em Brasília

Rocha Loures foi levado para a Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Ele e o presidente Michel Temer são suspeitos de organização criminosa, corrupção passiva e obstrução de Justiça

Jacqueline Saraiva
postado em 03/06/2017 08:16
O pedido de prisão de Loures já havia sido pedido pela PGR, mas foi negado por Fachin: imunidade parlamentar
Flagrado pela Polícia Federal (PF) recebendo em São Paulo uma mala com R$ 500 mil, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), ex-assessor especial do presidente Michel Temer, foi preso preventivamente na manhã deste sábado (3/6) em Brasília. Ele foi levado para a Superintendência da PF e a previsão é de que seja transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda na segunda-feira (3/6). O mandado de prisão foi assinado na noite desta sexta-feira (2/6) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR).

Responsável pela defesa do ex-deputado, o advogado Cezar Roberto Bitencourt avalia que ele foi "preso para delatar". No entanto, segundo o advogado, a previsão é de que ele se mantenha em silêncio e não opte pelo acordo com o Ministério Público Federal (MPF). "Para que seria preso no sábado? Só pode ter sido preso para delatar. Não poderia ser (decidido) na terça-feira em sessão na Turma?", disse o advogado, em referência ao dia de sessão nas Turmas do STF, que analisam questões penais.

Segundo delações de executivos da JBS no âmbito da Operação Lava-Jato, o valor recebido pelo ex-deputado seria dinheiro de propina. Loures e Michel Temer são suspeitos de organização criminosa, corrupção passiva e obstrução de Justiça. Segundo as investigações, Rocha Loures seria "homem de confiança" do presidente no relacionamento com empresas e recebimento de propinas.

[SAIBAMAIS]A prisão de Loures já havia sido pedida pela PGR, mas foi negada por Fachin. Na ocasião, o ministro do Supremo argumentou que a prisão era imprescindível, mas Rocha Loures tinha imunidade parlamentar por ainda ocupar o cargo na Câmara. Como ele voltou a ser suplente de deputado - quando foi formalizada a posse do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), que saiu do Ministério da Justiça e retornou à Câmara -, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, refez o pedido ao STF.

No pedido de prisão, Janot mencionou que Rocha Loures é "verdadeiro longa manus do presidente da República", expressão em latim que descreve aquele que atua como executor das ordens de outra pessoa. Em sua defesa, o ex-deputado argumentou que o pedido de prisão é uma forma de pressão para que ele faça delação premiada.

Mesmo quando estava no cargo de deputado, Loures não exercia mais as funções do mandato parlamentar, pois havia sido afastado pelo ministro Fachin. O novo pedido da PGR foi feito ao Supremo porque Rocha Loures é alvo do mesmo inquérito ao qual responde Michel Temer.

Apreensão

A Polícia Federal encontrou, durante cumprimento de mandados de buscas e apreensões no âmbito da Operação Patmos, em 18 de maio, R$ 20 mil em dinheiro vivo na casa do ex-assessor do presidente Michel Temer. Os valores não foram confiscados por serem inferiores ao autorizado para apreensão.

Correndo com mala

Loures foi flagrado correndo por uma rua de São Paulo carregando uma mala estufada de propinas da JBS - 10 mil notas de R$ 50 somando R$ 500 mil. Ele é acusado de receber propina semanalmente em troca de influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE. Segundo relatos de executivos da JBS, o valor da propina, supostamente "em benefício de Temer", é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra.

Áudio gravado por Joesley Batista, acionista da JBS, durante visita ao Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março, Temer indica Loures para ser seu interlocutor junto à JBS. Na conversa, o presidente sugeriu que o empresário poderia tratar de qualquer assunto com Rocha Loures.

Delação

Em entrevista à revista Istoé, publicada ontem, o presidente Michel Temer afirmou que não teme uma eventual delação de Rodrigo Rocha Loures. ;Acho que ele é uma pessoa decente. Eu duvido que ele faça uma delação. E duvido que ele vá me denunciar. Primeiro, porque não seria verdade. Segundo, conhecendo-o, acho difícil que ele faça isso;, afirmou Temer.

Com informações da Agência Estado

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