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Além de corte no salário, Aécio perderá também benefícios

Senado retira nome de tucano do painel de votação e o deixa sem carro oficial e sem verba indenizatória. Na terça, o STF decidirá sobre duas questões opostas: a prisão do parlamentar, requerida por Janot, e o pedido da defesa para que retome o mandato

Paulo de Tarso Lyra
postado em 15/06/2017 06:00

Senado retira nome de tucano do painel de votação e o deixa sem carro oficial e sem verba indenizatória. Na terça, o STF decidirá sobre duas questões opostas: a prisão do parlamentar, requerida por Janot, e o pedido da defesa para que retome o mandato


Depois das recentes polêmicas quanto à demora em afastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o Senado decidiu ontem cortar ; em parte ; o salário do tucano. De acordo com a assessoria da Presidência da Casa, Aécio continuará recebendo a parte ;fixa; do salário parlamentar de R$ 33.763, que equivale a um terço do total. Serão descontadas as faltas que ele tiver nas sessões deliberativas do plenário. Esse desconto varia de acordo com o número de sessões realizadas.


Nos últimos dias, aumentou a pressão sobre o Senado para tomar uma atitude em relação a Aécio. A Primeira Turma do STF marcou para a próxima terça-feira, 20, uma sessão para definir o pedido de suspensão do afastamento, feito pela defesa do senador, e do pedido de prisão do parlamentar, reiterado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Pessoas próximas ao senador afirmaram que existe um receio quanto ao resultado do julgamento, já que, na última terça, 12, a mesma turma ; composta por Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber, Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso ; manteve, por 3 votos a 2, a prisão da irmã de Aécio, Andreia Neves. Marco Aurélio, que votou a favor do pedido de habeas corpus e é relator do inquérito contra o senador mineiro no Supremo, tem sido crítico da demora do Senado em acatar a decisão do STF sobre Aécio.

Integrantes da cúpula tucana esperam o resultado desse julgamento para marcar a convenção que decidirá a efetivação do senador Tasso Jereissati (CE) na presidência do PSDB, em substituição ao próprio Aécio. ;Esse julgamento pode ser uma saída honrosa para Aécio. Não acreditamos que o STF vai prendê-lo, mas acreditamos que ele continuará afastado. Assim, ele terá mais tempo de cuidar da própria defesa;, disse um cacique tucano.

Sobre os benefícios de que Aécio teria como senador, um ofício encaminhado mais cedo pelo presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ao ministro Marco Aurélio, informou que, além de parte dos vencimentos, Aécio teve cortado os demais benefícios (carro oficial e verba indenizatória). Além disso, o nome do senador mineiro foi retirado dos painéis de votação do plenário e das comissões.

Em resposta ao presidente do Senado, Marco Aurélio disse que o gabinete de Aécio pode funcionar normalmente durante o período de afastamento do tucano. Pelo entendimento de Marco Aurélio, o gabinete pode continuar aberto porque o mandato do parlamentar foi apenas suspenso e não extinto.

Reaproximação

Satisfeito com o gesto de reaproximação de Eunício, Marco Aurélio mudou o tom e concordou com as providências tomadas pelo Senado em relação ao afastamento de Aécio, inclusive que a convocação de um eventual substituto só deve ocorrer 120 dias após o afastamento.

Aécio responde a inquérito acusado de ter recebido, por meio de assessores, vantagem indevida no valor de R$ 2 milhões da JBS. A defesa do senador reafirma que o dinheiro foi um empréstimo oferecido por Joesley Batista com o objetivo de forjar um crime que lhe permitisse obter o benefício da impunidade penal.

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