Politica

Raquel Dodge não convida investigados na Lava-Jato para festa de posse

Entre os presentes, estarão quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma turma de procuradores, juízes, parlamentares e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg

Bernardo Bittar
postado em 18/09/2017 19:32
Procuradora-geral da República, Raquel Dodge
Um jantar será oferecido nesta segunda-feira para a recém-empossada procuradora-geral da República Raquel Dodge. Às 20h30, a casa de festas Porto Vittoria, no Lago Sul, abre suas portas para exatos 494 convidados. Entre os presentes, estarão quatro ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma turma de procuradores, juízes, parlamentares e o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. O presidente da República, Michel Temer, foi convidado, mas, por causa da viagem aos Estados Unidos, não pôde comparecer. O procurador Deltan Dallagnol também estava na lista de convidados, mas não estará presente por conta de um problema de saúde da filha.
O evento é tradição do Ministério Público Federal (MPF). Quem organiza é a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) ; cujo presidente, José Robalinho Cavalcanti, fez questão de escolher os vinhos servidos na noite. Tanto ele quanto Dodge são apreciadores da bebida. O escolhido foi o português Marquês de Montemor. Além do vinho, espumante e uísque também serão servidos no evento.
A decoração ficou por conta de Virgínia Dark. O buffet, por sua vez, é próprio da casa de festas. Entre as iguarias que serão servidas no jantar, está um prato à base de camarão. Antes disso, no entanto, os convidados poderão degustar um coquetel volante.
Bebidas e menu da festa de posse de Raquel Dodge
Mais de duas mil pessoas foram convidadas, mas os parlamentares foram o maior problema. Raquel Dodge preferiu não convidar os investigados pela Operação Lava-Jato, e muitos ligaram na Procuradoria atrás de assentos na recepção. Ainda hoje, no dia da posse da nova PGR, senadores e deputados tentavam se comunicar com o cerimonial responsável pelo evento. Na Procuradoria-Geral, contudo, chegou-se à conclusão de que era uma questão de bom senso não convidar quem é investigado pela instituição.
Apesar da intenção de não receber investigados na Lava-Jato, o presidente do Senado, Eunício de Oliveira (PMDB-CE) acabou comparecendo ao evento. Segundo apurou a reportagem, o convite a ele teria sido feito por "questão de respeito". Outros políticos presentes foram os ministros da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, e da Educação, Mendonça Filho. Entre os representantes do STF estavam o ministro Marco Aurélio Mello e o ex-ministro Ayres Britto.

Posse

Há 30 anos no Ministério Público Federal, a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, tomou posse na manhã desta segunda-feira (18/9). Durante o discurso, a primeira mulher a assumir a chefia do Ministério Público Federal (MPF) fez um duro pronunciamento contra a corrupção, ao lado do presidente da República, Michel Temer, e dos presidentes do Senado e da Câmara, Eunício Oliveira (PMDB-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ), todos denunciados no Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
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[SAIBAMAIS]Durante sua fala, Dodge afirmou que o MP tem o dever de cobrar dos que gerenciam o gasto público que o façam de modo honesto, eficiente e probo, "ao ponto de restabelecer a confiança das pessoas nas instituições de governança". A nova procuradora geral escolheu uma fala do papa Francisco para criticar os corruptos.

"A corrupção não é um ato, mas uma condição, um estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver. O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua autossuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém. Construiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas. Passa a vida buscando os atalhos do oportunismo, ao preço de sua própria dignididade e da dignidade dos outros", ressaltou Dodge citando o papa.

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