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Por recomendação médica, Temer cancela viagem a países asiáticos

Recuperando-se de uma cirurgia de desobstrução de uretra e com suspeita de infecção urinária, presidente busca votos para a Previdência. Governo precisa arrumar 308 votos até 19 de fevereiro

Hamilton Ferrari
postado em 02/01/2018 06:00

Recuperando-se de uma cirurgia de desobstrução de uretra e com suspeita de infecção urinária, presidente busca votos para a Previdência. Governo precisa arrumar 308 votos até 19 de fevereiro

Com suspeita de infecção urinária, o presidente Michel Temer passou o primeiro dia do ano em repouso no Palácio do Jaburu, residência oficial, e teve que cancelar a viagem que faria por quatro países asiáticos. O peemedebista ficaria oito dias fora do país, mas, por recomendação da equipe médica, permanecerá em repouso. Em nota, o Planalto nega a doença do presidente.

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Por causa do problema, Temer também não passou o réveillon na base naval da Restinga de Marambaia, no litoral do Rio de Janeiro, com a família, como planejava. No dia 13 de dezembro, o chefe do Executivo fez um procedimento de desobstrução da uretra no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Recebeu alta no dia 15.
Em mais de 45 dias, Temer foi operado três vezes. O peemedebista está sendo medicado desde quinta, 28, com acompanhamento médico. Segundo a agenda oficial de hoje, Temer terá despachos interno às 10h no Planalto.


Apesar do problema de saúde, Temer quer estar com força máxima para que o governo consiga aprovar a reforma da Previdência Social, que está marcada para 19 de fevereiro. Por ser um ano eleitoral, o Planalto terá tarefa difícil em votar a pauta. São necessários 308 no primeiro e no segundo turno na Câmara dos Deputados, além da aprovação de 60% do Senado, também em dois turnos.


Neste recesso, o mercado espera que a equipe política atual tenha o mesmo desempenho que obteve na virada de 2015 para 2016, ainda como oposição. Na época, o grupo de aliados de Temer reverteu a vantagem dos petistas na votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Agora, o Executivo precisa angariar mais apoio para a reforma passar no Congresso.


Segundo cálculos preliminares, seriam necessários cerca de 50 votos a mais para a aprovação do texto. Grande parte do mercado já descarta a aprovação. Além de ser um ano eleitoral, a data não favorece a situação do governo. O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), marcou para o dia 19 de fevereiro, que é uma segunda-feira, dia da semana em que, normalmente, a Casa está vazia.


Além disso, essa será a semana seguinte ao carnaval, dificultando o trabalho dos articuladores do Planalto em fazer o corpo a corpo para buscar apoio dos parlamentares. O Executivo sabe que, quanto mais próximo das Eleições de 2018, que ocorrerão em outubro, mais resistência terá para conseguir votar a reforma. O recesso parlamentar acaba no dia 2 de fevereiro, que é uma sexta-feira.


A seu favor, o Planalto terá que disponibilizar verbas e emendas parlamentares ainda no primeiro semestre do ano, diante das regras eleitorais. Com a medida,o peemedebista poderá acelerar os mimos aos deputados.

Rebaixamento


O Brasil corre o risco de ter a nota rebaixada por agências de risco. Com os gastos previdenciários consumindo 57% das despesas discricionárias, aquelas que são administradas, as entidades estão de olho na deterioração das contas públicas. A Standard & Poor;s deu sinais de que poderia diminuir o grau de investimento do país ainda em 2017. Com a virada do ano, a agência pode evitar fazer a mudança, diante do período eleitoral, embora os analistas neguem vinculação entre os dois temas.


A Moody;s também acompanha o movimento. O mercado sabe que, se não for aprovada em 2018, será inevitável a aprovação das mudanças nas aposentadorias em 2019. Com o aumento das despesas com a Previdência, o orçamento está cada vez menos maleável, fazendo com que, no próximo ano, seja necessário cortar salários por causa da regra do teto.

Melo volta ser preso

O ex-governador do Amazonas José Melo (Pros) e quatro ex-secretários de governo voltaram para prisão no último dia de 2017. Eles estão detidos na Superintendência da Polícia Federal do estado, em Manaus. Os cinco foram presos novamente depois de a Justiça Federal acatar pedido do Ministério Público para reverter decisão do juiz de plantão Ricardo Salles, de 26 de dezembro, que liberou os suspeitos. O ex-governador e os ex-secretários foram presos em 21 de dezembro, durante a Operação Maus Caminhos, que apura desvios de verbas da saúde.


A juíza federal Ana Paula Serizawa considerou que não existem documentos ou fatos novos a serem considerados e que não cabe a juiz plantonista revisar decisão anterior. Com base nesses argumentos, a magistrada anulou a prisão domiciliar concedida aos acusados e determinou a expedição imediata dos novos mandados de prisão.


De acordo com a Polícia Federal, ainda não há previsão de transferência dos presos do prédio da superintendência para presídio federal. O ex-governador do Amazonas foi cassado em maio do ano passado por compra de votos na eleição de 2014. Na época, ele afirmou que considerava a decisão injusta e negou a prática de qualquer ato reprovável.

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