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Após o Plano Real, a renda domiciliar no Distrito Federal subiu 176,2%

Setor público ajuda a puxar para cima, desde a década passada, o valor médio dos salários na unidade da Federação. Apesar disso, as diferenças sociais se acentuam devido ao fluxo migratório intenso. Prova disso é o surgimento, aqui, da maior região favelada do país

Antonio Temóteo
postado em 06/07/2014 06:00
Os avanços e as distorções verificadas em muitas cidades brasileiras ao longo dos 20 anos de estabilidade econômica se repetem no Distrito Federal. Após a implantação do Plano Real e do controle da inflação, a renda domiciliar dos brasilienses mais que dobrou (176,2%). Passou de R$ 1.679,95 para R$ 4.640,86. Apenas na cidade do Paranoá, onde o peso do salário mínimo é determinante para o poder de compra da população, esse avanço foi ainda maior: 308%, de R$ 119,48 para R$ 487,55.

Mas as contradições no centro do poder não param por aí. Ao lado da capital planejada, Brasília, na qual 90% dos domicílios estão ligados à rede de esgoto, está a maior favela do país, que não para de crescer. Os condomínios Pôr do Sol e Sol Nascente, em Ceilândia, reúnem 78.912 moradores, conforme dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), desbancando o total de 69.161 da internacionalmente famosa Rocinha, no Rio de Janeiro. No Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as duas comunidades somavam 56.483 pessoas.



O levantamento do órgão distrital também mostrou que elas têm os piores indicadores de infraestrutura da unidade da Federação. Só 6,1% das residências são atendidas pelo saneamento básico, os caminhões de lixo passam por 54,15% dos domicílios e 94% das ruas não são pavimentadas. Além disso, o número de assassinatos no DF quase triplicou no Real. Em 1994, foram 284 casos; no ano passado, 692; e, apenas nos cinco primeiros meses deste ano, 287.

Na avaliação do presidente da Codeplan, Júlio Miragaya, parte dessas contradições pode ser explicada pelo intenso fluxo migratório. Nos últimos 20 anos, a população brasileira cresceu 34%, enquanto que no DF o número saltou 63%, de 1,75 milhão de habitantes para 2,85 milhões. Para piorar, após o processo de modernização das indústrias no rastro do Real, muitos trabalhadores perderam o emprego e foram seduzidos pela visão de Brasília como terra de oportunidades.

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