Um dos diferenciais de uma peça de alta costura é justamente o caimento e a estrutura da roupa. Tal característica depende tanto do talento do estilista quanto da escolha do tecido. Por isso, cada vez mais a indústria e os designers de moda investem no desenvolvimento de tecidos diferenciados ; e na mistura deles ; para criar efeitos inusitados no armário.
No quarto dia da São Paulo Fashion Week (SPFW), Reinaldo Lourenço colocou na passarela uma coleção inspirada nas linhas e desenhos do automobilismo. O que se viu foi um resgate dos anos 1960, com formas aerodinâmicas típicas de automóveis, só que transferidas para as roupas. O resultado futurista, no entanto, não escondia o trabalho artesanal à base de tela de seda ; tudo costurado à mão. Como contraponto, foram adicionadas às peças flores em organza bastante delicadas.
Aliás, a mistura de materiais apareceu em mais de uma das coleções propostas para o verão 2011. A Animale, que também desfilou neste sábado, uniu rústico e esportivo, obtendo um visual entre retrô e o minimalismo. A marca usou na mesma peça bordado, rendas e fios ultramodernos. Alguns deles, inclusive, merecem explicação. O paper, por exemplo, é um entremeado de algodão e uma película de alumínio. Ainda tem o couro de mestiço que, unido ao elastano, resulta em um couro mais elástico. Nos detalhes, o plástico foi utilizado para dar charme e transmitir a leveza própria do verão.
A fusão de materiais também foi vista na Cori, que bordou as roupas com pedaços de madeira. Já os chamados tecidos tecnológicos apareceram ao longo da semana em outros desfiles. A Reserva transformou o neoprene (de roupa de mergulho) em coletes e casacos; Tufi Duek usou outros tão inovadores que dispensaram estampas e viraram o centro das atenções. Entre eles, os tecidos com efeito celofane ; metalizados, de aparência plástica e cortados na navalha.
A repórter viajou a convite do evento