Revista

Além do vinho do Porto

Vinícolas de Portugal expõem novidades em evento realizado na embaixada do país em Brasília. Produção lusitana não se limita à famosa bebida doce e encorpada, incluindo também boas opções de mesa e espumantes

postado em 17/06/2010 19:09

Sofia Parada e o Alambre 20 anos D.O.C.: mistura de 20 vinhosOs velhos barris e as garrafas escuras e sóbrias ficaram para trás. Nos últimos anos, Portugal tem mostrado suas uvas típicas e únicas e produzido vinhos mais novos e encorpados. Jovens empreendedores, mesmo atentos à tradição, investiram em tecnologia, as vinícolas se especializaram e os rótulos ganharam um design moderno. Buscando mercados internacionais, entre os quais o Brasil, os produtores daquele país apostam em boas safras e novas ideias, como a caipirinha de vinho do Porto. Para os apreciadores da bebida, basta experimentar e escolher o favorito entre as várias opções.

No começo desta semana, 35 produtores se reuniram no charmoso jardim da Embaixada de Portugal em Brasília para mostrar o que os lusitanos têm de melhor. Consumidores, chefs e importadores tiveram a oportunidade de degustar clássicos e novidades da indústria de vinho portuguesa. ;Trouxemos rótulos produzidos de norte a sul do país. Queremos divulgar nossa diversidade. Temos tintos, brancos, espumantes e vinhos de sobremesa, tudo de alta qualidade;, afirma Sônia Fernandes, diretora da Associação Interprofissional para a Promoção dos Vinhos Portugueses (Viniportugal) no Brasil.

As vinícolas do país europeu são conhecidas pelos brasileiros principalmente pela produção da bebida adocicada e de tom rubi perfeita para finalizar o almoço ou o jantar: o vinho do Porto. No entanto, muito mais é produzido naquelas terras. Inclusive uma versão branca da famosa bebida, encontrada no mercado brasileiro. ;O vinho do Porto é famoso no mundo inteiro. Ele foi um dos primeiros, há centenas de anos, a ser exportado. Mas temos outros excelentes vinho de mesa e queremos cada vez mais mostrar essa diversidade;, defende Sônia. Para tentar introduzir o vinho do Porto branco no mercado, eles criaram até a caipiporto, feita com uvas verdes.

Alguns dos produtos que mais fazem mais sucesso no Brasil vêm do Vale do Antejo, onde são fabricados mais de 800 milhões de litros por ano. ;O clima mediterrâneo continental, os ventos quentes e as planícies ajudam a criar vinhos jovens e dinâmicos;, aponta Luis Duarte, enólogo e diretor-geral da Vinícola Herdade dos Grous. O grupo apresentou no Brasil um rótulo em especial que chama a atenção: o Moon Harvest, safra 2008. A colheita das uvas do tipo alicante bouschet é feita no momento máximo de influência da uva no transporte da seiva da planta.

Outra área cujos rótulos são bastante conhecidos por aqui é a do Douro, tanto pelos vinhos do Porto quanto pelos de mesa. A região se desenvolveu a partir da vinícola criada no século 19 pela viúva Antônia Ferreira. Hoje, a produtora Quinta do Portal é uma das principais representantes do Douro e investe em novas tecnologias. ;Antigamente, eram produzidos vinhos mais rústicos, mas a região se profissionalizou e agora traz vinhos premiados, macios, que agradam ao novo consumidor;, analisa Eduardo F. Agnoletto Jr., supervisor de vendas da Cantu Importadora, representante da marca no Brasil.

Nova mistura

A fabricação de vinhos portuguesa é quase toda voltada para uvas típicas, como as tintas touringa nacional, roriz, castelão e touringa franca; e as brancas fernão pires, alvarinho e moscatel. Mas na última década as vinícolas mais novas resolveram apostar na mistura com frutas internacionais, como merlot e cabernet sauvignon. É o caso da região do Tejo, no centro do país, com um terreno fértil e argiloso, perto do Oceano Atlântico. ;São vinhos excelentes, que não são tão fáceis como o Douro nem tão complexos como os de Alentejo. Era uma área não muito conhecida, mas que sofreu um processo produtivo muito grande e investe nos vinhos mais novos;, conta Edna Barbosa, do Departamento de Promoção e Marketing da Comissão Vitivinícola Regional do Tejo.

A região próxima à capital Lisboa, que também não tinha muita tradição de vinicultura, começa a prosperar. Anteriormente conhecida como Estremadura, a área é cheia de jovens produtores que investem pesado em marketing. Assim como o Tejo, eles apostam no blend, principalmente de castelão, tinta roriz, cabernet, pinot noir e shiraz. ;Tentamos produzir um vinho flexível, com uma variedade maior;, aponta Ricardo Jorge Pinto Correa, diretor da Vinícola Casa Santos Lima. Para o produtor, os brasileiros estão mais curiosos em relação à produção portuguesa. ;O consumidor brasileiro está mais aberto, procura experimentar, mas precisamos abrir mais portas e janelas;, garante.

Na região da Península Setúbal, o destaque são os vinhos de sobremesa, especialmente aqueles produzidos a partir da uva moscatel. A vinícola José Maria da Fonseca é a mais antiga da casta em Portugal. Em Brasília, ela apresentou o Alambre 20 anos D.O.C., resultado de um blend de 20 vinhos ; o mais novo tem 20 anos e o mais antigo, 80. ;Eles são bem frutados e têm aroma tropical. Se forem servidos frios, são excelentes para aperitivo e, em temperatura ambiente, ficam ótimos com a sobremesa;, afirma Sofia Parada, embaixadora da produção.

Confira a receita da caipiporto

Uvas Brancas
1 colher de açúcar
1 dose de vinho do Porto branco
Gelo

Amasse as uvas e o açúcar no copo. Adicione gelo e depois acrescente o vinho
Você pode substituir o vinho do Porto branco pelo tinto e as uvas brancas pelas rubis

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação