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O macho segundo Millôr e Xico Sá

Trechos do Decálogo Machão, escrito por Fernandes em 1950, e defiições dessa espécie pelo jornalista pernambucano

postado em 04/11/2010 18:37
"Machão não come mel, come abelha. Machão não se deixa levar pelo destino: segue enredo próprio. Entre um sorvete de creme e um uísque, o machão não hesita: mistura os dois." As frases são trechos retirados do Decálogo do Machão, escrito por Millôr Fernandes nos anos 1950 e serve ainda hoje como um bom guia para reconhecer os poucos sobreviventes machões pelas ruas, bares e estádios de futebol. Já na definição de Xico Sá, o "macho-jurubeba", como ele chama esse tipo clássico, é aquele que "não se rende a modernagens", como escreve em Chabadabadá, ao contrário dessa "nova espécie composta por rapazes sensíveis, chegados a uma roupa Armani, que decoram a casa na linha minimalismo ultramoderno e têm uma bancada de potinhos de creme", salienta.

"O cara que eu uso como inspiração para minhas crônicas é esse tipo que está caminhando para a extinção, aquele à moda antiga, como os homens da minha família que estão no interior de Pernambuco", explica o escritor. Reconhecer um desses, segundo ele, não é lá tão difícil quanto parece: preste atenção ao kit-sobrevivência da pessoa. "O macho-jurubeba ainda carrega uma capanga no lugar da nécessaire. E se permite ali no máximo um cortador de unha, um pentinho com o escudo do Flamengo e Minâncora", reforça. Além disso, nada de camisas moderninhas, sapatos que desfilaram nas passarelas das últimas semanas de moda e acessórios como brincos e colares. "Olhar o vestuário é uma boa maneira de reconhecer: calça, camisa e sapato, sem frescura nenhuma", dá a dica.

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