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Os emplumados agradecem

Iniciativa de uma servidora pública, o S.O.S. Passarinhos auxilia aves que sofreram ferimentos ou ficaram doentes

postado em 11/02/2011 19:06
Silvana da Silva Culetto durante um de seus resgates
O que fazer quando presenciamos a queda de uma ave do ninho? Ou quando os bichinhos se chocam contra os vidros da casa, ficando aturdidos? Na dúvida, ligue para a encantadora de pássaros. É assim que a servidora pública Silvana da Silva Culetto, 47 anos, é conhecida. Apaixonada por esses animais desde a infância, ela montou na própria casa um mini-ambulatório para socorrê-los. O projeto, tocado de forma independente, se chama S.O.S Passarinhos.

O modus operandi da socorrista é simples: aonde que vá, ela leva consigo uma bolsa especialmente preparada, contendo uma gaiola, panos, seringas e ração. Por telefone, ela se prontifica a orientar os que entram em contato. Quando a situação é grave, ela se desloca para o local ; sem cobrar nada por isso. A Revista teve a oportunidade de acompanhar um desses resgates, em uma residência em Ceilândia. O pedido de socorro veio da dona de casa Ilza Moreira Marques. A vítima? Um pardal.

Não é a primeira vez que Ilza aciona os serviços da servidora pública. ;Não sei cuidar dos pássaros que caem aqui na varanda de casa. São muitos. Aí eu chamo a Silvana;, justifica. Vestida a caráter, com botinas, um macacão confortável e um chapéu para se proteger do sol, a encantadora de pássaros já chega assobiando e conversando com o bicho, para acalmá-lo. Geralmente, quando feridas, as aves se recusam a se alimentar. ;Por isso é preciso adquirir a confiança delas;, explica. Dessa vez, o ;paciente; precisou ser recolhido. Ficará com a servidora até ter condições de voltar à natureza.

Silvana, que não tem formação veterinária, conta que seu afeto excepcional pelos emplumados começou quando se divertia na chácara da mãe. Ali ela se revoltou pela primeira vez com a crueldade do ser humano. ;Na época, menino para ser homem tinha que saber dominar a bolinha de gude e o estilingue para acertar pássaros a distância. Hoje, não se vê muito isso, mas espero que essa prática se extinga completamente.;

Ao longo dos anos, ela conquistou o apoio de outros amigos dos animais, constituindo uma verdadeira rede de contatos. Uma das colaboradoras mais constantes é a enfermeira Isabel Maria Banquart, 47. Natural de Portugal, ela trabalha nas embaixadas dos EUA e do Canadá e coordena sua própria ONG de apoio a cães e gatos, a Salvando Vidas. ;A ação da Silvana é maravilhosa. Ela mora em um apartamento modesto e cedeu o quarto para os pássaros ficarem. Passou a dormir na sala em prol dos passarinhos. Pode imaginar isso?;, exalta. As duas se conheceram quando Isabel encontrou um passarinho machudado, que havia colidido com uma vidraça ; essa é, por sinal, uma das principais causas de acidente envolvendo aves.

Outro parceiro é o diretor do Centro de Ensino Médio de Ceilândia José Gadelha Loureiro, que sempre convida a servidora para promover palestras. ;Acho importante o projeto dela para conscientizar os alunos. As palestras são lúdicas e interativas, o que desperta o interesse dos adolescentes;, enfatiza. Para Silvana ; que também conta com a ajuda de uma marca de rações para alimentar seus hóspedes ;, atitudes simples fazem a diferença. ;Se cada um fizer o seu papel, as aves e o meio ambiente agradecem. Um começo são as crianças e adolescentes;, enfatiza a encantadora de pássaros.

S.O.S. Passarinho
9227-1688 (Silvana Silva Culetto)


Salvando Vidas ; Protetores independentes
9984-0629 (Isabel Banquart)


Leia a íntegra desta matéria na edição 300 da Revista do Correio.

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