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Leishmaniose: um temor constante

A posição das autoridades ainda é de que cães portadores do protozoário devem ser sacrificados. Mas isso pode mudar em breve

postado em 21/04/2011 18:50

Lylian Teixeira e seus dois lhasa apso, João e Cat: ainda há muitas dúvidas com relação ao malPolêmico, o tratamento contra a leishmaniose ainda desperta muitas dúvidas em proprietários de cães. Recentemente, o Ministério da Saúde (MS) encomendou pesquisas para avaliar a eficácia tanto das vacinas existentes no mercado quanto da coleira repelente do mosquito vetor da doença. Um grande passo, avaliam veterinários e organizações protetoras de animais, já que pouparia muitos animais do sacrifício preventivo. A partir dos resultados, os produtos poderão ser encampados como política pública.

A administradora Lylian Guimarães Teixeira, 40 anos, dona dos lhasa apso João e Cat, sempre desconfiou das vacinas comercializadas no país. Seu questionamento, especificamente quanto à eficiência da vacina leishmune, chegou ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que iniciou uma investigação. No fim das contas, a vacina foi liberada pelo MS e pelo Ministério da Agricultura (Mapa), suspendendo a investigação. ;Mas ainda estou com muitas dúvidas;, reclama a administradora.

Atualmente, existem duas opções de imunização no país ; a vacina leishtec e a citada leishmune. Uma terceira, a IT-leish, já circula na Europa, mas sem previsão de lançamento no Brasil. O MS e o Mapa querem uma avaliação mais consistente das duas. ;O estudo foi entregue no passado, mas até agora os ministérios não deliberaram sobre os resultados;, informa o veterinário e imunologista Paulo Tabanez.

A princípio, o governo brasileiro e a Organização Mundial de Saúde (OMS) descartavam a eficácia de qualquer tratamento de animais infectados, recomendando a eutanásia. Essa posição pode ser revista em face de novos resultados. A coleira repelente, inclusive, poderá passar a ser vista como um método preventivo válido.

Tabanez louva a possibilidade de o acessório ser distribuído em massa pelo governo. Ele defende ainda que a leishmaniose deveria ser objeto de campanhas massivas de vacinação, como ocorre com a raiva. ;É mais do que um problema de saúde pública, é um problema social, econômico, político e ético;, justifica o especialista, lembrando que o protozoário causador da doença se reproduz com mais facilidade onde as condições sanitárias são deficientes.

O veterinário aconselha os donos de animais a ficarem sempre atentos ao vetor da doença. ;Use os repelentes e, se animal estiver contaminado, faça o controle correto, conforme a indicação do veterinário;, resume.

Esperança renovada
No mercado mundial, já existe um xarope administrado por via oral, à base de miltefosina, que vem apresentando bons resultados no tratamento da leishmaniose. A venda, porém, ainda não foi autorizada no Brasil. O tratamento com imunoterapia (doses duplas da vacina leishmune) associada a doses de alopurinol também tem demonstrado excelentes resultados.

Outra novidade, mas ainda em fase de desenvolvimento pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é o uso de cogumelo como agente leishmanicida. Os primeiros resultados divulgados pelos promissores são promissores.

Sem cura
A leishmaniose é uma doença crônica causada por protozoários do gênero Leishmania, que afeta tanto cães quanto homens. O vetor do mal é o chamado mosquisto-palha.

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