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Meu carro, minha casa

Na correria do dia a dia, às vezes é melhor jogar os itens de primeira necessidade no banco de trás e seguir viagem

postado em 25/12/2011 08:00
Por Cecília Garcia especial para o Correio

Na correria do dia a dia, às vezes é melhor jogar os itens de primeira necessidade no banco de trás e seguir viagem

Sair de casa pela manhã para trabalhar, escapar para a academia, dar aula em uma universidade à noite, orientar alunos de mestrado nos fins de semana. Fora as horas de lazer. "De verdade, meu carro é minha casa", brinca Daniel Chaves. "Às vezes, acho que dava para eu morar nele com certo conforto até." Cada objeto que o contador de 32 anos carrega tem, ou já teve, alguma utilidade. E tudo foi acumulado ao longo do tempo, conforme a necessidade de sua rotina.

Na correria do dia a dia, às vezes é melhor jogar os itens de primeira necessidade no banco de trás e seguir viagemComeçou com o trajeto realizado de casa para o trabalho, e assim era preciso carregar materiais no carro, como livros. Depois, a academia foi inserida em sua grade de afazeres do dia. Logo, passou a se dar conta que não precisava tomar banho em casa, se podia fazer isso na academia. Ou seja, roupa de banho e produtos de higiene pessoal foram parar no veículo. "Quanto mais coisas carregasse, mais tempo ganhava e diminuía despesas com o trânsito", explica.

Hoje, Daniel pensa em todas as oportunidades que podem aparecer durante o período em que está fora de casa e equipa seu carro de maneira a não faltar nada. "Vai que surge um futebol com os amigos? Aí já estou preparado." Se fizer frio, tem casaco no carro. Se for assistir jogo depois do trabalho, bandeira e camisa do time do coração estão no automóvel à sua espera. Se sujar a roupa que está usando, tem outra para trocar. E é uma bagunça organizada: papéis e livros distribuídos entre os bancos do passageiro e o de trás. Coisas maiores, como a mala de roupas, no porta-malas.



O veículo quarto-e-sala
Na correria do dia a dia, às vezes é melhor jogar os itens de primeira necessidade no banco de trás e seguir viagem
Quem olha o pequeno carro vermelho por fora, nem imagina a cartola de mágico que ele é por dentro. Uma lista com mais de 15 tipos de objetos permeia o banco do carona, o de trás e o porta-malas do veículo da estudante Luisa Teresa Hedler, 20 anos. O principal motivo de o carro ter se tornado um armário com rodas foi a necessidade.

Na correria do dia a dia, às vezes é melhor jogar os itens de primeira necessidade no banco de trás e seguir viagemA universitária tem que carregar livros, cada um mais grosso que o outro, para todas as aulas, seja de dia ou à noite. Por isso, deixar no carro é a melhor opção. "Sair por aí carregando livros de direito não é moleza", explica. Além disso, Luisa faz parte do Centro Acadêmico de seu curso e, como não há lugar para guardar os cartazes e outros materiais, o porta-malas virou depósito.

Luisa garante que todos os objetos já foram úteis pelo menos uma vez e que, quando retirou um deles do carro, não foi uma boa ideia. "Em certa ocasião, tirei uns livros e fui pra faculdade. No mesmo dia, tive uma prova de direito penal, que só descobri que podia ser feita com consulta quando cheguei lá. Infelizmente, não tinha mais o material comigo", conta. Também já achou que tinha perdido o celular, e o encontrou dentro do carro. "É quase um buraco negro", brinca.

E a tendência de acumular objetos nos carros parece ser coisa de família. "Meu pai faz natação e tem um varal improvisado no porta-malas. Mas como o carro dele é maior, a bagunça parece ser mais organizada", entrega.

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