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Longe de casa

A posse a distância em canis especializados tem sido uma opção para donos que já não podem cuidar de seus pets. Entenda como funciona esse tipo de guarda

postado em 15/04/2012 08:00

A posse a distância em canis especializados tem sido uma opção para donos que já não podem cuidar de seus pets. Entenda como funciona esse tipo de guardaAfastar-se do animal de estimação durante um período por conta de trabalho ou problemas pessoais, às vezes, é necessário. O bicho, contudo, pode não reagir bem à solidão, desenvolvendo comportamento agressivo e até depressão. Na tentativa de amenizar esse problema, uma opção é a hospedagem em canis por período indeterminado. Pode parecer estranho retirar o cão do lar, mas não se trata de abandono. Muitos donos fazem isso pensando na qualidade de vida do pet.

O serviço ainda é tímido em Brasília. Apenas um canil da cidade oferece a hospedagem de longo prazo. Nos hotéis caninos procurados pela reportagem, a estada máxima é de um mês. Mas o que leva uma pessoa a abdicar do companheiro felpudo? No caso da bancária Márcia Baeta, a decisão foi tomada após mudanças na rotina familiar que impossibilitaram até os pequenos passeios com a cachorrinha Peg, de raça indefinida. ;Isso a deixava mais nervosa, pois eu só quando chegava do trabalho, à noite;, relata. Os filhos da bancária, que antes preenchiam o apartamento, passaram a ter mais compromissos. A cachorra parece ter notado as modificações e se tornou agressiva com todos. ;Ela chegou ao ponto de tentar me morder na hora de colocar a coleira para passear. Já não conseguia nem dar banho nela;, conta.

Para reverter a situação, um veterinário sugeriu que Márcia colocasse Peg em um canil para tentar adestrá-la. O afastamento já dura quatro meses. ;Um dos motivos é a correria do dia a dia, e também a distância do canil até onde moro, que é muito grande. Procuro sempre me corresponder por e-mail com o canil. Peço notícias e recebo fotos dela;, explica. Quem vê de fora, pensa numa situação muito cômoda para o dono que não quer mais criar seu bichinho, mas não é bem assim. Ainda que a relação de afeto seja diferente, o carinho e as preocupações permanecem. A farmacêutica Lucia Evangelista, por exemplo, sente isso há um ano, desde que o labrador Thor passou a viver no canil. ;Tenho certeza que ele sente minha falta, assim como sinto imensamente a dele. Ficar longe dele é superdifícil para mim;, desabafa.

A decisão de deixar Peg também foi difícil para Márcia. ;Eu me enchia de culpa e ficava o tempo todo pensando se ela estaria sentindo frio, fome, saudades de casa. Por alguns meses, esse assunto me atormentou;, revela. Depois das visitas, ela se tranquilizou. Lucia, por sua vez, tem planos para se reaproximar de Thor. Ela pretende se mudar para uma casa maior e trazê-lo nos fins de semana. ;Como ele precisa de muito espaço, meu sonho seria conseguir alguém para ter uma espécie de guarda compartilhada. Alguém que tivesse uma casa, gostasse de cachorro e aí, eu dividiria os cuidados e a despesa. Para ele ter um lar;, divaga.

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