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Em tempos de paz

A cozinha praticada no período posterior à Segunda Guerra Mundial inspirou dois sócios a criar um cardápio cheio de charme

postado em 29/04/2012 08:00

A cozinha praticada no período posterior à Segunda Guerra Mundial inspirou dois sócios a criar um cardápio cheio de charmeO legado dos anos 1940 é dos mais turbulentos. Por um lado, a década viu a ascensão e queda do nazismo, a bomba atômica, o Estado Novo de Vargas. Por outro, tremendos avanços tecnológicos, as divas do cinema, a moda da cintura marcada etc. Tantos acontecimentos emprestam um certo charme ao período. Depois de uma sucessão de revivals (anos 1960, 1970, 1980), agora é a vez do pós-guerra. A questão é que, em gastronomia, o conceito não se encaixa bem. O máximo que tivemos foi a slow food, defendendo o prazer da garfada em contraste com a pasteurização das grandes redes de lanchonetes.

Ainda assim, a nostalgia atingiu em cheio um par de sócios criativos. Na comercial da 115 Norte, Alexandre Sakkis e Patrícia Triolo comandam o Foi Assim 41, restaurante cuja decoração e cardápio são todos inspirados na época do vovô. ;Era uma vontade de reviver as décadas de 1940 e 1950. Tempos em que os ilustres senhores iam a um bar comportadamente, trajando terno de linho, acompanhados de senhoras usando chapéu e sombrinha;, descreve Alexandre. O desafio era, com a técnica atual, conseguir reconstituir ;lugares e sabores do passado;.

A busca por pratos que fossem emblemáticos do período começou com muita pesquisa e viagens mundo a fora. Uma receita que chamou atenção foi o filé Chateaubriand, servido com molho madeira e batata doré. ;Esse era um prato muito consumido, mas que desapareceu do cardápio no pós-guerra, por problemas de escassez mesmo. E, depois da recuperação econômica, ele nunca mais voltou à velha fama;, explica. O filé Chateaubriand compreende um corte diferente do filé mignon. Um corte mais alto e mais suculento. ;Procuramos diferenças entre o Chateaubriand da Europa e do que era servido no Brasil. Havia nuances de maciez, de sabor, por os cortes serem um pouco diferentes. E adotamos o mais suculento, que era o brasileiro;, diz.

Outro prato que entrou no cardápio retrô foi a fritada do grego que, segundo Alexandre, não é nada conhecida no Brasil. ;Essa é uma receita de família mesmo. Minha avó grega, durante a ocupação nazista, fazia esse prato. Nele estavam os únicos ingredientes aos quais, em tempos tão árduos, tinha acesso. Era a batata ; tão importante em toda a Europa nesse período ;, o queijo que ainda restava armazenado, o presunto e os ovos que suas galinhas ainda lhe proviam. Da mistura, saía uma espécie de omelete com batata delicioso, muito parecido com a tortilla espanhola. ;Cada pesquisa trazia essa novidades. Foi um processo muito bacana esse de investigar os pratos;, conta Patrícia. Quem se interessou, aí estão essas e outras receitas com ar de antigamente.

A cozinha praticada no período posterior à Segunda Guerra Mundial inspirou dois sócios a criar um cardápio cheio de charme
Ingredientes
3 ovos
20g de batata frita
50g de presunto
50g de muçarela
20g de queijo parmesão
2 colheres (sopa) de creme de leite
uma pitada de sal

Como fazer
Em uma vasilha, bata os ovos e o creme de leite.
Depois, acrescente os outros ingredientes, misture tudo e frite com um pouco de óleo ; de preferência, em uma omeleteira.

Rendimento: 2 pessoas
Tempo de preparo: 30 minutos

Veja na edição impressa a receita do Filé a Chateaubriand

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