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Um olhar privilegiado

O fundador da Rede SARAH, Aloysio Campos da Paz Júnior, tem outras paixões, além da medicina. Velejar e tocar trompete são duas delas. Fotografar, no entanto, parece ser a maior

postado em 21/10/2012 08:00
O fundador da Rede SARAH, Aloysio Campos da Paz Júnior, tem outras paixões, além da medicina. Velejar e tocar trompete são duas delas. Fotografar, no entanto, parece ser a maior
Uma fotografia conta uma história. O que dizer, então, de um acervo fotográfico de 4 mil imagens? Certamente, elas sugerem uma vida. Momentos únicos; instantes mágicos capturados com a ajuda de técnica, senso estético e um pouquinho de sorte; registros com força de uma biografia. Há mais de seis décadas, o médico Aloysio Campos da Paz Júnior, fundador da Rede SARAH, que completa 77 anos em novembro, transita por dois mundos com uma máquina fotográfica sempre a tiracolo. Por hobby, fotografou suas viagens, seus parentes, seus amigos. Monumentos, paisagens, cenas inusitadas, os costumes do Brasil e do mundo. Por ofício, documentou, digitalizou e arquivou mais de 13 mil fotos, feitas por ele, por fotógrafos contratados e por outros profissionais do hospital. Mostram cirurgias, a evolução dos tratamentos, estudos de caso, em última instância, contam milhares de histórias de reabilitação.

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O apreço pela fotografia não é obra do acaso. Desde os 14 anos, quando ganhou do pai sua primeira câmera, uma Voigtl;nder, aprofunda-se na técnica e na história. Nunca fez cursos, mas leu e lê tudo o que pode a respeito. Viu e vê mais ainda. Conhece a obra de grandes fotógrafos, fontes permanentes de inspiração, como Henri Cartier-Bresson, considerado por muitos o pai do fotojornalismo, o norte-americano André Kert;sz e o brasileiro Sebastião Salgado. Tem consciência da força de uma imagem. Diante dela, é capaz de deitar-se no chão ; "Perco a máquina, mas não perco essa foto", pensou, quando viu a tempestade formada sobre o Lago Paranoá. Também vale esperar até seis horas por mais raios de sol, como ocorreu numa igreja em Roma. Essas e mais algumas fotografias você vê nas próximas páginas.

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Dr. Campos da Paz fez mais do que fotografar. Preocupou-se em conservar os arquivos. "Essa foi a grande vantagem da digitalização", diz. Também manteve os equipamentos. Tem uma coleção particular. Comprou de volta ; graças ao eBay ; todos os modelos dos quais se desfez ao longo da vida. "Eu ia vendendo para comprar outra câmera melhor. Quando tive condições, fui recuperando os mesmos modelos que tinha. "Hoje, tenho coleção de câmeras analógicas, que reproduzem esses momentos da minha vida como fotógrafo", explica.

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Alguns de seus equipamentos serão doados para o museu que montou na biblioteca do SARAH. Ali, estão guardadas todas as máquinas usadas no hospital. Preciosidades como a primeira máquina submarina da Nikon, a primeira Nikon de titânio, uma Hasselblad, como a usada pelos astronautas para fotografar a Lua no projeto Apollo, uma copiadora de slides, o primeiro flash para fotografia cirúrgica, as primeiras digitais. Kodaks, Exactas e várias outras usadas para documentar os tratamentos no SARAH estão lá. No meio delas, dr. Campos é capaz de descrever com minúcia cada modelo, o tipo de lente, a resolução, a capacidade e a indicação de uso. Conhece as marcas e as histórias das marcas.

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Apesar de não ter aderido às redes sociais ou às fotos via celular, é especialista em garimpar na internet equipamentos fotográficos e consegue identificar se estão novos ou desgastados. Atualmente, ainda namora sua Leica digital, comprada há um ano e meio. "A lente dela é insuperável." Não quer dizer que a fotografia analógica tenha perdido seu espaço. Ele reconhece que o digital trouxe grande avanço para o fotojornalismo, mas acredita que a motorização acabou com aquela mágica do segundo em que se aperta o dedo e está feita a foto, uma só foto. "Houve uma vulgarização da fotografia", admite.


Nesta conversa, Campos da Paz comenta suas fotos e, por meio delas, fala ao mundo e sobre o mundo, Brasília e sobre Brasília. Um olhar, por vezes, detalhista ao extremo, que privilegia a beleza das formas, a simetria, o enquadramento, a natureza, também a humana. "Fotografia é história", diz. A história dele, inclusive.

Leia esta reportagem na íntegra na edição n;388 da Revista do Correio.

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