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Brasília em curvas, retas e spray

O concreto cinza fornece um imenso mural para o grafite, arte que se mistura ao ritmo das ruas de forma provisória e provocativa. Saiba quem assina essas obras

postado em 18/11/2012 08:00

O concreto cinza fornece um imenso mural para o grafite, arte que se mistura ao ritmo das ruas de forma provisória e provocativa. Saiba quem assina essas obras

Quando se olha no mapa, o quadrilátero que delimita as cidades do DF parece avisar que tudo ali foi criado para seguir uma ordem. Falar das linhas retas de Brasília, então, chega a ser clichê. Mas o espírito inquieto que anima a capital, às vezes, transborda o quadradinho ; e o que era cinza ganha cor. Principalmente, pela mão de artistas que sabem dialogar com a rua. Empolgados e/ou oprimidos pela realidade, eles querem se expressar. E poucas formas de arte conversam melhor com o concreto do que o grafite.

Apesar da efemeridade do seu trabalho ; basta uma demão de tinta branca para apagar horas de spray ;, os grafiteiros não desistem. Assim, as quadras vão ganhando vida, numa demonstração de dinamismo que só quem está em uma grande cidade pode apreciar. Mesmo assim, muita gente nem repara. Aos que andam de olhos fechados, um alerta: é impossível ficar imune. São muitos os talentos empenhados em reconstruir a paisagem. Que tal ouvir a voz dos muros?

O concreto cinza fornece um imenso mural para o grafite, arte que se mistura ao ritmo das ruas de forma provisória e provocativa. Saiba quem assina essas obras

A regra é o improviso
Uma curiosidade de garoto fez RDoze começar no grafite. Ainda moleque, conheceu um grupo em Samambaia que usava técnicas mais rudimentares de pintura nas paredes, como a pistola e o aerógrafo, e foi se encantando. "Quando comecei a estudar mais sobre o grafite, o grupo acabou. Mas eu decidi continuar sozinho, mesmo que fosse muito difícil conseguir fontes de pesquisa", conta.

RDoze chegou a pichar. "Terminava a pichação e sentia um vazio. Me perguntava o porquê de me arriscar se aquilo não expressava o que eu queria." Apesar dos poucos recursos, o jovem comprava revistas, tentava encontrar nos traços de outros grafiteiro a sua expressão, estudando técnicas e, principalmente, conhecendo mais sobre a história da arte que queria produzir.

"Não sabia nada sobre como o grafite surgiu. Conheci um pessoal do hip hop e, com eles, entendi mais sobre esse universo. Daí, ia para as ruas e fazia meus próprios desenhos." Para ele, um muro branco é um universo de possibilidades. RDoze diz que nunca sai de casa decidido sobre o que vai pintar: ele sempre se deixa levar pelos sentimentos do dia. "Assim, o desenho vai surgindo na hora. O que vivi vai sendo colocado na parede. Isso faz bem para o artista porque é quando ele solta toda a inspiração."

Saiba mais
RDoze
ome: Felipe da Silva
Idade: 22 anos
Área onde atua: Recanto das Emas
Grafiteiro desde 2006

Leia esta matéria na íntegra na edição n;392 da Revista do Correio.

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