postado em 14/04/2013 08:00
Para uns, o tempo frio pede um edredom, um chocolate quente, um livro. Para outros, muita atividade. Baixas temperaturas não impedem ninguém de malhar e podem até auxiliar na queima de calorias. Para os esportistas de inverno, tudo o que se exige são cuidados com a alimentação, aquecimento prolongado e roupas adequadas para a prática. A estudante de publicidade Gabriela Meira só foi entender essa dinâmica após um período morando no exterior. Durante os seis meses em que viveu em Paris, enfrentou com resignação a sensação térmica que variava entre 3;C e 10;C para manter suas corridas matinais. "Era preciso, pois, com o frio, a gente come mais. Comecei a sentir que estava engordando, também por causa dos crepes", brinca. No Brasil, é claro, o inverno não é tão rigoroso, mas quando o friozinho chega, as consequências são semelhantes: o corpo pede mais comida e a fadiga aumenta. "Dava uma preguicinha, sim, mas eu precisava perder peso. E gostava de correr no frio, pois suava menos", conta Gabriela. Segundo os especialistas, essa falta de vontade para se exercitar tem a ver com a incidência solar, que é menor no inverno, o que diminui a absorção de vitamina D, substância responsável pela sensação de bem-estar. "Nesta época, as pessoas se sentem desanimadas e até deprimidas", explica Carla D;Archini, personal trainer. Para combater o desânimo, ajuda passar uma parte do tempo ao ar livre, tomar sol e praticar exercícios fora da academia.
O que poucos sabem é que, apesar do desânimo, o tempo frio é um ótimo aliado para quem quer perder peso se exercitando. A perda de calorias é maior, pois o corpo as queima naturalmente só para se aquecer. No entanto, para perder peso, não basta apenas se exercitar no frio, é preciso combinar intensidade e alimentação. Existem duas formas de queima de calorias. A primeira é com treinos de longa duração e baixa intensidade, em que o corpo perde a maior quantidade de calorias durante a atividade física. A segunda forma é com exercício de alta intensidade e curta duração. "Prefiro esta última, que acelera o metabolismo. Você queima carboidratos e calorias não só na hora do exercício, mas ao longo do dia", afirma Carla.
A preocupação nesse período é o pré-exercício, ou seja, o aquecimento ; ele é fundamental. Durante o inverno, o organismo passa a produzir energia sem o uso de oxigênio, são os chamados processos anaeróbicos. Esses processos aumentam a quantidade de ácido láctico na musculatura, que em excesso, provoca fadiga e cãibra. O aquecimento deve ser mais longo nessas circunstâncias e é extremamente importante para evitar lesões. "Com o tempo frio, os músculos demoram a atingir a temperatura correta para praticar exercício", alerta a personal trainner.
Para quem se preocupa com o peso, a regra é manter uma dieta balanceada. "Não pode também comer só sopa de ervilha, a alimentação deve ser compatível com o gasto de energia", explica o nutricionista esportivo Renato França. Existem diferenças entre alimentos gordurosos, como frituras e chocolate, e alimentos que são fonte de energia para o exercício ; aqueles ricos em carboidrato e proteína. "Além disso, em qualquer época, beber água durante o exercício físico é importante para manter a temperatura e as funções do corpo", avisa França. É preciso reforçar esse ponto, porque, quando a temperatura está baixa, o suor diminui e a diurese (vontade de ir ao banheiro) aumenta, ou seja, sentimos menos sede.
Nos dias frios, a incidência de resfriados e gripes é maior, principalmente quando há prática de exercício. Por isso, Renato França indica o uso de vitamina C, glutamina e zinco, que auxiliam o sistema imunológico. As três substâncias podem ser encontradas em cápsulas, mas também em alimentos. A vitamina C, principalmente em frutas cítricas, o aminoácido glutamina encontra-se no leite, na carne, no amendoim e em alguns grãos. Já o zinco se encontra em uma lista grande de alimentos, entre eles ostras, trigo, fígado, carne bovina, peixe, aves, gema de ovo, leite e derivados.
Outra dificuldade encontrada entre os esportistas é a escolha das roupas. O empresário Breno de Oliveira costuma correr na beira do Lago Paranoá, onde, de manhãzinha o clima é bem ameno. "A friaca é grande quando começamos, mas depois o temperatura tende a aumentar e temos que ir tirando as camadas", conta. Ele diz que corre de luvas para esquentar as mãos. O segredo está em conciliar roupas leves e que mantenham o corpo aquecido. Entre os itens estão calça e blusa de moletom. Não adianta se empacotar e abafar o suor ; se o calor não é liberado, o corpo pode sofrer com o superaquecimento. Após a atividade física, não tire a roupa de imediato, espere o corpo esfriar para evitar o choque térmico. Tecidos impermeáveis, como o nylon, não são indicados.
O que vestir?
Procure uma loja especializada em esportes. As roupas são projetadas especificamente para cada atividade física. Uma das novidades é o tactel aero ; repleto de furinhos que ajudam a pele a transpirar.
Os tecidos ideais são: tactel, lycra e supplex. "Supplex é um tecido leve e, ao mesmo tempo, ajuda na transpiração", afirma a personal trainer Carla D;Archini. Quem corre pode usar luvas de lycra para evitar o frio nas mãos.
Proteja a cabeça: essa dica vale principalmente para os homens. As mulheres costumam sentir menos frio na cabeça, por conta dos cabelos. Procure usar bonés quando fizer exercício ao ar livre, a perda de calor é diminuída.