Revista

Toque de Midas

Com a ajuda do stylist brasiliense, diversos famosos alcançaram o posto dos bem-vestidos

Flávia Duarte
postado em 13/04/2014 08:00

O stylist Yan Acioli pousou em sua terra natal para um trabalho bem diferente do que costuma fazer: apresentar uma coleção criada por ele para a marca Thelure. Inspirado em referências esportivas, o também publicitário criou uma linha de inverno em tecidos sofisticados, especialmente em seda. Garante ter ;sentido um frio na barriga; diante desse novo desafio.
O rapaz de 32 anos nasceu em Brasília, formou-se aqui e deixou a cidade para cursar moda em São Paulo. Não voltou mais. Virou nome badalado no meio dos famosos.
Aliás, também se tornou um deles. Tanto reboliço em torno de sua figura se explica pelo fato de ser ele o responsável por vestir algumas das mais lindas e invejadas mulheres da televisão. Entre elas, sua maior obra-prima: Sabrina Sato, a ex-BBB que se tornou musa de campanhas nacionais e capa de revistas badaladas.
Em sua passagem de algumas horas pela cidade ; em que ele não dispensou o convite para saborear costela com mandioca na casa da avó ;, Yan comentou a relação com clientes vip e reafirmou seu amor pela moda.

Com a ajuda do stylist brasiliense, diversos famosos alcançaram o posto dos bem-vestidosComo surgiu seu interesse em trabalhar com moda?
Eu me formei em publicidade e minha família tinha a expectativa de que eu fosse servidor público, como todos eles são. Mas convenci a minha mãe a me deixar fazer um curso de produção de moda. Gostava de moda desde sempre, mas sabia que não seria estilista ; não tenho o dom. Então, fui fazer um curso de produção de moda no Senac, em São Paulo, em 2005. Foi engraçado porque minha mãe perguntou: ;O que um produtor de moda faz?; Eu respondi: ;Não sei, mas juro que vou descobrir. Só me deixa fazer o curso.;

E como foram suas primeiras experiências em algo, até então, desconhecido?
Consegui fazer um freela para o Rafael Mendonça, um produtor de moda. Ele me chamou para fazer outros trabalhos. Entre eles, o que tinha acabado de fechar com a Sabrina Sato, dois anos depois de ela ter participado do BBB. Ela estava na rádio, indo para a televisão. Quando Rafael foi embora para Nova York, assumi o trabalho com ela. A gente já tinha virado muito amigo nessa época.

Seu nome está mesmo muito associado ao da Sabrina. Aliás, em sua conta no instagram, é comum a presença da apresentadora;
Isso acontece porque estamos juntos há nove anos. Cumprimos todos os passos para uma relação profissional ser consolidada. Fizemos todas as revistas pequenininhas, depois as médias, até chegar às grandes. Trabalhamos com todos os tipos de fotógrafos, de maquiadores, dos menos conhecidos até os mais famosos. A gente tem uma história profissional que se mistura com a pessoal. Quando larguei tudo e vim para São Paulo, a gente trabalhava até tarde ; fazia a parte do armário dela, de desapego de peças ; e ela me convidava para dormir na casa dela. Eu dormia. Ela é minha maior vitrine e faço questão que isso não se perca. Tenho uma responsabilidade profissional muito grande com ela. Mas somos amigos mesmo. A mãe dela vem de Penápolis (SP) e traz pernil para mim porque sabe que eu amo.

O visual dela é dos mais admirados do Brasil. Você se sente responsável por essa transformação?
Faço parte disso, mas, para exercer um trabalho bem-feito, preciso de uma cliente que confie em mim. Sou em parte responsável, sim, mas acho que de 50% ; o resto é responsabilidade dela, porque ela acredita no que falo. A gente tem uma relação de cumplicidade e confiança muito grande. A Sabrina é um reflexo do Yan e, com certeza absoluta, foi uma ajuda mútua.

Qual é a diferença entre o trabalho de stylist e o de personal?
Trabalhei com muitas top models, mas trabalhar com a personalidade é um universo diferente. Quando você é um personal stylist, você tem de fato uma convivência. Já quando você faz uma campanha ou um editorial com uma modelo, amanhã ela está no Japão e pronto. Quando você trabalha com uma celebridade, você está o dia inteiro construindo essa imagem.

Isso exige então muito intimidade e confiança de ambas as partes?
É uma afinidade que tem que ser das duas partes, de fato. Vai ter um momento da profissão, do nosso relacionamento, que vou estar dentro da sua casa, mexendo no seu armário. Só para você entender o ápice da intimidade: vai ter uma hora em que, para montar uma produção com uma camisa transparente, vou mexer na sua gaveta de calcinhas para falar qual lingerie você vai usar por baixo daquela peça. Se você não gostar de mim, não vai querer que eu mexa nas suas coisas nem eu terei tesão de fazer um trabalho para uma mulher que não admiro. A palavra da minha profissão é: cumplicidade.

Além da Sabrina, você tem outras clientes renomadas;
Minha única cliente fixa é a Sabrina, mas tenho feito muita coisa com a Angélica e com o LucianoHulk. Trabalhei cinco anos para a Claudia Leitte e três meses com a Ivete Sangalo. Também faço trabalhos pontuais para algumas pessoas. A Carol Celico passará uma semana no Brasil e já me mandou a lista de compromissos dela, para os quais vou vesti-la. O último trabalho que fiz para a Carolina Dieckman, por exemplo, foi quando ela foi madrinha do Bloco da Preta. Ela queria uma fantasia e eu cuidei disso para ela.

Estão falando que você vai ser personal da cantora Anitta, que, aliás, anda com o visual supercomentado. É isso mesmo?
A gente está se paquerando. Ela é uma nova Anitta, esteticamente falando, e tem orgulho disso. Então, se nossa parceria acontecer, quero entrar com o gás total. Ela é uma cantora de que gosto, muitas das ideias dela batem com as minhas. Gosto da história de ela fazer a cirurgia, ir para a televisão com o nariz enfaixado, sem querer esconder. Gosto da personalidade dela e do fato de ela ser popular. Se trabalharmos juntos, é bolar uma estratégia, como sempre faço com todas as mulheres que vou vestir, seja para um casamento, seja para um trabalho duradouro.

E, afinal, como é seu trabalho na prática?
Depende da cliente. Por exemplo, o Kaká: depois de dois anos, meu trabalho com ele chegou ao fim de um ciclo. O guarda-roupa dele já estava todo editado, com tudo que ele queria. Aí a demanda foi menor que a necessidade. Continuamos a parceria, mas não é mais meu cliente fixo. Sabe o que é interessante? O personal não faz um check-list. É uma coisa de fase. A Claudia Leitte saiu do Babado Novo e seguiu em carreira solo. Ela deixou de lado essa coisa de menina e entrou numa fase de mulher. É uma coisa que a gente precisa sentir no dia a dia. Também tem os trabalhos pontuais. Uma mulher pode me contratar para um casamento. Ela pode trazer as roupas dela ou eu posso pegar em assessoria de imprensa, onde se concentra o maior volume de peças que uso. Lá, eles têm as roupas que acabaram de sair nos desfiles, que não chegaram nas lojas ainda. Então é interessante para a minha cliente também. Pego muita roupa emprestada. Elas também não teriam onde guardar tanta coisa.

Com tanta convivência, o que desgasta a relação entre cliente e personal?
Quando você quer mostrar uma novidade e a pessoa não quer receber. Agenda também desgasta um pouco. Não é porque você é personal que você estará disponível 24 horas por dia. E, nessas brechas de desencontros, a pessoa acaba colocando uma coisa que não foi você quem pensou para ela usar. Nada contra, nada errado. Não quero ter só pessoas que me obedeçam, que façam só o que eu acho bacana, mas quando começa a acontecer com certa frequência, a pessoa deixa de ser reflexo do meu trabalho.

Esse tipo de rotina profissional é muito associada ao glamour. Como você lida com isso?
Vira e mexe, eu caio em mim. Se estou ganhado mais e meu trabalho é mais reconhecido, quero que assim seja, quero ir muito longe. Esse é só o começo. Mas penso assim: um trabalho deve ser feito passo por passo. A minha ideia é muito bem resolvida em relação a isso.

Quanto custa ser vestida por Yan Acioli?
Nem trato mais desse assunto, graças a Deus. Mas é variável, porque depende para quanto tempo o trabalho vai ser feito, se é publicidade ou vida real. Mas pode ter certeza de que, se for pelo dinheiro, a gente não vai deixar de trabalhar.

Como foi sua experiência como estilista para a Thelure?
Já tinha feito uma linha de camisetas, já fiz edição de desfiles de estilistas de amigos que me contrataram, mas nunca tinha feito um styling do meu desfile, das minhas roupas. Então me deu um gelo muito grande na barriga. Quando a dona da marca falou que eu tinha que entrar na passarela, disse que não ia. Parecia um jacu nessa hora: entrei, dei tchau e saí. Fiquei muito envergonhado.

E você? É muito vaidoso?
Eu era muito vaidoso. Adorava passar o dia no shopping. Mas sabe aquela ditado, ;em casa de ferreiro, o espeto é de pau;? Hoje, minha prioridade é o meu trabalho. Não abro mão de fazer a barba e as unhas toda semana na barbearia ao lado de casa. Prezo por roupas boas e confortáveis, com as quais possa passar o dia inteiro. Fora isso, nada de exageros ou extremos.

Qual é sua relação com Brasília?
Se o universo da moda e do show business é mesmo algo efêmero, Brasília é meu porto seguro. Sei que isso aí não vai ser passageiro. Sei que o dia em que eu chegar, a hora em que eu chegar, serei bem recebido como sempre fui. Minha vida é muito ligada à minha mãe, falo com ela todos os dias. Nunca perdi minha relação com a cidade. Meus melhores amigos moram aqui. Brasília é minha base.


Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação