Revista

Um discípulo talentoso

Juliana Contaifer
postado em 14/09/2014 08:00

"Tem que sentar para testar, né?." O arquiteto e designer Fernando Mendes é como qualquer pessoa que visita a loja Hill House. Quer sentar em todas as cadeiras assinadas. Apesar de ter ele mesmo peças à venda na loja e ter sido o convidado de honra para um bate-papo com designers de Brasília. Apontado como a sequência natural do trabalho do primo Sérgio Rodrigues, o designer sente a responsabilidade de cuidar e preservar a obra do pai do mobiliário brasileiro. Seu trabalho é moderno, cheio de curvas e ângulos e sempre em madeira encaixada ; sem pregos ou parafusos, que só aparecem no estofado.

Para manter vivo o trabalho do arquiteto, Fernando Mendes e a mulher, Renata, estão organizando a inauguração do Instituto Sérgio Rodrigues, que terá catalogado o acervo de mais de 37 mil itens de autoria de Sérgio. Parte desses projetos vai compor um banco de dados digital. À Revista, Mendes falou sobre as suas principais referências e, o amor pela marcenaria e, é claro, sobre Sérgio Rodrigues.

Sérgio e Brasília
"Quando Brasília estava sendo construída, Sérgio estava começando a carreira, e tanto Lucio Costa quanto Niemeyer respeitavam muito o trabalho dele. Enxergavam a inventividade e a novidade que ele trazia ao mobiliário, que era uma área onde quase não tínhamos expressão. Brasília foi criada como uma cidade nova no centro do país, onde não havia nada, e o trabalho do Sérgio tinha tudo a ver com esse momento. Ele se encaixava perfeitamente."

O parentesco
"Quando eu tinha 18 anos, morava no Rio, na casa da minha tia, irmã do meu pai, e estava na faculdade de desenho industrial. Assisti a uma palestra do Sérgio e fiquei encantado com a obra dele. Ele mostrou a casa dele em Petrópolis, totalmente diferente de tudo que eu já tinha visto. Era uma construção de madeira com paredes coloridas, iluminação com claraboias. Fiquei muito motivado com aquilo. Cheguei em casa entusiasmado e fui contar para minha tia sobre a palestra, e ela disse: "Ah, ele é seu primo". Os meus avós morreram relativamente cedo, e meu pai e minha tia tiveram tutores. A tutora da minha tia era mãe do Sérgio. Ela fez um jantar, chamou o Sérgio, e eu mostrei uma maquete que eu tinha feito da casa do Santos Dumont. Ele ficou impressionado e me chamou para fazer a maquete de uma casa pré-fabricada dele, em 1986. Em 1993, ele me chamou para construir outra maquete, dessa vez de dois andares. Uma amiga dele quis a construção exatamente como a maquete. Continuei lá para acompanhar o projeto e fiquei até 2000."

O ídolo Santos Dumont
"Talvez ele tenha sido a primeira influência e inspiração que eu tive. Quando eu tinha uns 12 anos, visitava o museu aeroespacial quase todo fim de semana para ver os produtos dele, entre as réplicas do 14 BIS e a casa dele, em Petrópolis. Para mim, ele foi um dos primeiros designers que mostrou alguma coisa do Brasil."

Leia a íntegra da entrevista na edição impressa

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