Revista

O barato fitness

Juliana Contaifer
postado em 15/11/2015 08:00


Não há dieta que resista à ingestão de bebidas alcoólicas e petiscos. Não há exercício que renda sem descanso nem sono. Não há cabeça que funcione quando a principal turbina do corpo é a balada. A cada dia, mais brasilienses levam isso para a balança e, depois de pesar vantagens e desvantagens, decidem por uma mudança radical. A transição, no entanto, envolve percalços. Não é raro haver desistências no caminho. Para descobrir o barato fitness, é preciso vencer a pressão dos amigos, ignorar os convites e as opções diárias de programas noturnos, além da dificuldade de adaptação a uma nova e diferente rotina. No começo, o corpo nem sequer entende o toque do despertador. Simplesmente não reconhece o novo comando. ;É lindo no papel, bonito de se ver, mas de fazer, pouca gente faz;, reconhece Giuliana Sola, 30 anos, profissional de educação física, que passou por uma mudança radical e não se arrepende. Hoje, permite-se concessões. Assim como ela, outros adeptos da onda saudável contaram à Revista os benefícios de manter o foco no novo estilo de vida e, o mais importante, ter prazer com a mudança.

Mudar ou... Mudar!

Depois de seis meses de malhação sem muito resultado, no réveillon deste ano, Giuliana Sola, 30 anos decidiu mudar de vida. ;Fazia muita coisa que não me levava a lugar algum. Tinha um gasto muito alto com festas, com bebida alcoólica. Comecei a analisar e percebi que minha saúde não estava boa, minha autoestima também não. Vi que as pessoas vão pra balada para fazer o momento, não é uma realidade. Não quis continuar com uma vida que não era a minha;, lembra. A resolução de ano-novo foi clara: mudar a forma como se via, a rotina, a saúde, a disposição.

No começo do ano, Giuliana também começou a namorar. A nova condição e a rotina associada ajudaram a aliviar um pouco o baque de largar as festas. Sem bebida, com o sono em dia e novos hábitos, a diferença física foi aparecendo. Alguns quilos extras sumiram. Como se uma coisa puxasse a outra, foi promovida no trabalho, e a rotina ficou mais complicada. ;Trabalho de nove a 10 horas por dia. Não tinha mais como continuar nessa vida, virando noites, sem nenhuma qualidade de vida. Preciso estar focada no meu trabalho, estar atenta para atender as pessoas, para liderar a equipe. Você vai vendo que tudo tem retorno, ainda que a longo prazo;, explica.

Nessa nova vida, a educadora física conta que diminuiu a ingestão de bebida alcoólica em quase 100%. E, mesmo com uma nova rotina restritiva em termos de alimentação e exercício, Giuliana conta que não sentiu falta dos bares, das festas, das baladas. Colocou um objetivo na cabeça, criou um focou e, hoje, está bem acostumada. Tanto é que, há alguns meses, fez uma dieta super-restritiva e perdeu mais 10 quilos ; rotina difícil para quem não está acostumado. Hoje, encontrou um nutricionista com uma visão mais natural, que encaixa as refeições equilibradas na rotina corrida.

;Parece que as festas, a bebida, nada combina com a minha vida. Minha motivação foi a vontade de crescer na vida, de melhorar a minha questão financeira e alcançar outros objetivos que eu não conseguia. Claro que eu tenho algumas recaídas de vez em quando, mas fico com peso na consciência, parece que estou me forçando a fazer alguma coisa. Não sinto vontade de beber, não tenho mais o paladar e nem a resistência. Se tomo dois copos de cerveja, já fico alterada. Não sou a mesma pessoa;, afirma.

Quem convive com Giuliana acabou se inspirando pelos novos hábitos e pela mudança no corpo da educadora física para mudar algumas coisas na própria rotina. ;Todo mundo agora anda com a lancheirinha;, conta. O interessante é que essa nova vida fitness foi um gatilho para outras mudanças. Ela aprendeu a balancear o foco na dieta com os encontros de família, conseguiu otimizar os gastos e, ainda que queira mudar algumas coisas no corpo, não fica neurótica com calorias ou com a quantidade de exercício. ;Você tem de conviver, interagir com as pessoas e balancear as festas com uma rotina saudável. Só não quero mais viver essa vida automática.;

Leia a reportagem completa na edição n; 548 da Revista do Correio

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