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Boas histórias eternizadas

Desenhar na pele é uma expressão cultural milenar. Além de preservarem significados pessoais, algumas tatuagens escondem motivações bem inusitadas

postado em 27/11/2016 08:00
Há quem acredite que elas estejam se popularizando só agora. Mas a verdade é que a tatuagem está presente na cultura há bem mais tempo. Os primeiros indícios datam de mais de 5 mil anos atrás. É verdade que as tatuagens já foram um meio de identificar bandidos, mas também há indícios de uso para fins terapêuticos e para afugentar inimigos. Sobretudo, a técnica está presente na tradição de várias etnias indígenas. Nos últimos anos, porém, os estilos, os traços e os equipamentos mudaram muito. Se antes as tintas deixavam a desejar, os traços eram grossos e os estilos mais agressivos, hoje, já podemos encontrar desenhos feitos com técnica de aquarela, pontilhismo e minimalismo. O mercado se expandiu, a clientela também. Algumas pessoas passam meses decidindo uma tatuagem. Mas nem sempre é assim. Aliás, a capital federal coleciona algumas histórias inusitadas de pessoas que decidiram marcar a pele de maneira definitiva. CORAGEM DE INICIANTE É o caso do estudante de publicidade Adalberto Sampaio, 22 anos. Adalberto conta que sua primeira marca foi feita em um workshop sobre tatuagem de cadeia, em um evento de publicidade. "Tínhamos a missão de criar uma máquina de tatuagem de presídio. O grupo que fizesse a melhor poderia escolher alguém para tatuar e ser tatuado. Ganhamos e fui ser tatuado, pois era o único do grupo que não tinha nenhuma. A ideia era escrever %u2018Amor só de mãe%u2019 no braço, uma tatuagem bem popular em presídios. Meu amigo começou a tatuar, mas é bem mais difícil do que se imagina e ele estava demorando muito. Então acabamos tatuando só o A e o D" conta. Algumas pessoas entrariam em pânico só de se imaginar em uma situação como essa. Principalmente sendo a primeira tatuagem. Mas o estudante não parou por aí. Quase um ano depois, Sampaio recebeu a proposta de ser cobaia de um amigo que estava começando no ramo. A experiência resultou em duas tatuagens no braço. Uma delas teve que cobrir depois, pois ainda não estava do seu gosto. Mas, perguntado se repetiria a experiência, é bem direto: "Avaliaria melhor, mas faria sim. É uma experiência recompensadora. Você está ajudando a pessoa. Ela vai sempre se lembrar de você como um dos primeiros". %u3000 SALVA POR UM TRIZ Foi durante a Copa do Mundo, por causa de uma aposta, depois de uma boa quantidade de álcool, que Taiane Lauteres, 21 anos, fez sua primeira tatuagem. O jogo era Brasil x Alemanha, e a aposta era clara: se o Brasil perdesse, ela desenharia no corpo uma bandeira alemã. O resultado não poderia ser pior para os torcedores brasileiros nem para a estudante de direito. Com o placar de 7x1, Taiane se preparava para se tatuar, mas a ideia era fazer isso na sola do pé. Porém, por ser uma área de muito atrito, sairia fácil, o tatuador se recusou. "Disse que era uma área que doía muito e não faria. Então, pude escolher outro desenho e local do meu gosto. Escolhi um com significado para mim e fiz no tornozelo", diz ela, salva pelo bom-senso do profissional. %u3000 Comportamento EXPERIÊNCIA COMPARTILHADA Hanna Thuin, 24 anos, ganhou uma tatuagem com um profissional renomado na cena brasiliense jogando par ou ímpar em um happy hour na UnB. Era uma promoção de uma festa. Enquanto ela era tatuada, as pessoas assistiam ao processo, projetado nas paredes do evento. "Foi uma experiência estranha. Estava meio anestesiada, acho que pelo ar-condicionado. Era meio estranho as pessoas me observando pela janela do estúdio improvisado" relembra. Decidiu o desenho que faria na costela um dia antes da festa. "Entreguei um poema que falava sobre mar, as ondas quebrando e tudo isso no reflexo dos olhos", relembra. "Eu só tinha definido o lugar. O resto foi surpresa". %u3000 EM FAMÍLIA A experiência em família foi motivada por uma separação. Juliana Martinelli, 24 anos, conta que o pai teve de ir para Minas Gerais por causa do trabalho. Enquanto isso, as outras duas irmãs, Raiza, 26, e Myrna, 21, se mudaram também. As irmãs que sempre tiveram forte o sentimento de família decidiram eternizar na pele esse sentimento. "Foi no Brasília Tattoo Festival do ano passado. Minha mãe foi com a gente, meio que para dar apoio moral". Todas tatuariam a mesma palavra: Sorela, que significa "irmã" em italiano. Juliana relembra que estavam terminando de tatuar quando a mãe decidiu que faria também. Como as filhas haviam tatuado irmã em italiano então a decisão da mãe, Cíntia, foi tatuar "família", também em italiano, que ficaria Famiglia. "Na hora, não conseguia pensar em muita coisa. Fiquei emocionada com a espontaneidade dela", conta Raiza. n %u3000 Página 12 Fitness & Nutrição Uma vez só é pouco Os atletas de fim de semana se expõem a vários riscos: a constância dos treinos é mais importante %u2014 e saudável %u2014 do que a intensidade Aviso aos sedentários: o futebol de domingo pode trazer mais prejuízos do que se imagina. As consequências dos exercícios esporádicos podem ir desde lesões nas articulações até infarto. Porém, só é perigoso caso o exercício seja praticado com muita intensidade. "O exercício físico leve ou moderado traz diversos benefícios e deve ser praticado por todos", garante o cardiologista Fausto Stauffer. O problema dos atletas de fim de semana é a intensidade e a periodicidade do treino %u2014 falta a eles preparo físico. A personal trainer Carla d%u2019Arcanchy explica que as lesões são consequência da falta de hábito. "Eles não têm uma base cardiovascular, neuromuscular nem a flexibilidade demandada. Em apenas um treino, dão o seu máximo, exigindo das articulações e dos músculos um condicionamento que não possuem", adverte. Se a pessoa já é sedentária há muito tempo e quer começar a praticar exercícios físicos, é importante começar devagar. "Esse indivíduo precisa de orientação para começar a prática. Jamais pode começar com uma atividade de alto impacto. É melhor começar de forma mais amena antes de subir a carga do exercício", esclarece o ortopedista Julian Machado. Antes de tudo, é importante fazer exames para verificar possíveis problemas nas articulações e no sistema cardiorrespiratório (coração e pulmão). Fausto Stauffer reforça a importância dos exames até mesmo para os mais novos: "Seja jovem, seja de meia-idade, é importante fazer exames para conhecer a pressão arterial, as taxas de colesterol, de glicose. Também é preciso averiguar possíveis problemas congênitos, como a arritmia, que podem levar à morte súbita em todas as idades", explica. O estudante de direito, Rafael Real, 25 anos, tem uma rotina corrida, com aulas na faculdade pela manhã e à noite, além de estudar para concursos durante a tarde. Sendo assim, Rafael não encontra tempo para atividades físicas durante a semana. "Tentar eu tento, mas não tenho conseguido. Uma vez ou outra vou à academia, mas não passa de duas vezes na semana", relata. Apesar dessas atividades esporádicas, Rafael não perde o jogo de futebol com os amigos aos sábados. Ele não tem nenhum tipo de acompanhamento médico e desenvolveu dores no joelho direito. Na faixa dos 20 anos, o risco do exercício de fim de semana é considerado baixo, mas a falta de coordenação motora pode, sim, causar lesões nos ombros e nos joelhos. A probabilidade de lesões aumenta gradativamente de acordo com a idade e, aos 40, há risco de as artérias do coração já estarem obstruídas, podendo levar ao infarto se a malhação for pesada. "Todo paciente acima dos 40 deve fazer eletrocardiograma e avaliação física antes de começar a praticar exercícios", reforça o cardiologista Fausto. Também é importante cuidar da coluna, do quadril e do joelho. "Essas são as articulações que mais sofrem com os exercícios irregulares", explica Julian Machado. Não vale a pena arriscar. "A gente precisa de repetição. Quando o treino é intenso, ele precisará ser repetido dentro de algum intervalo", enfatiza Carla d%u2019Arcanchy. Não dá para alcançar os objetivos rapidamente. "Não se consegue resultados do dia para a noite. Você não começa a correr e já vai para a maratona de Nova York", explica Julian Machado. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), é necessário pelo menos 150 minutos semanais de exercício. "Se não tem regularidade, não tem benefícios do ponto de vista cardiovascular", assegura Fausto Stauffer. Para considerar-se ativo, eis um bom parâmetro: pelo menos 40 minutos três vezes por semana. A personal Carla d%u2019Arcanchy reforça que 30 minutos de fortalecimento muscular, pelo menos duas vezes na semana, já ajuda. "Em casa mesmo, faça uma sessão de 15 a 30 minutinhos de fortalecimento %u2014 não precisa de muita coisa, é só força de vontade", garante. O estudante Rafael Real pratica futebol somente aos sábados, o que tende a sobrecarregar as articulações

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