Tecnologia

Softwares baixados pela internet ajudam a criar seu set list

Igor Silveira
postado em 01/01/2010 07:00
Tempos modernos estes em que, para animar a festa, apenas um computador conectado a uma caixa de som substitui o complexo e robusto equipamento de áudio e centenas de discos. O avanço da tecnologia e a popularização da rede mundial de computadores proporcionaram a criação de softwares e um intenso fluxo de músicas que tem despertado o lado DJ de amantes das pistas de dança. Os recursos desenvolvidos e as inúmeras possibilidades abrigadas na internet facilitam o intercâmbio de informações entre os interessados pelo assunto. O resultado? Mais e mais pessoas preparando repertórios variados para divulgar lançamentos e relembrar clássicos. Penny Lane tem cinco mil músicas armazenadas no computador: sempre em busca de novidades para agradar nas pistas de dançaGeralmente, o convite é feito de maneira meio despretensiosa, com a intenção de que as preferências musicais sejam compartilhadas. Foi assim que o administrador Felipe Carvalho, 25 anos, discotecou pela primeira vez. Há um ano, um amigo o convidou para reunir algumas músicas e tocá-las em uma festa. Carvalho organizou um set list que agradou bastante no evento. Por isso, foi chamado outras vezes. Para incrementar as performances, ele pesquisou na internet programas que pudessem auxiliar na transição de uma música para outra, além de inserir alguns efeitos. O administrador se empolgou tanto com as oportunidades que criou até nome artístico. Ele se apresenta sob a alcunha de DJ Frip. "Eu nunca fiz curso, mas aprendi a discotecar praticando nos programas de computador, lendo na internet e acompanhando apresentações por meio do Youtube. Demoro uns dois dias para selecionar as músicas e organizá-las na ordem em que vão ser tocadas", explica Felipe Carvalho. "Para agradar, procuro saber quem são as pessoas que foram convidadas e o local da festa para, a partir daí, dentro das minhas preferências, escolher o que, provavelmente, irá manter todos na pista de dança o máximo de tempo possível", ensina. Programas disponíveis na internet - alguns gratuitos, outros não - simulam equipamentos profissionais utilizados por DJs. Os softwares permitem as mesmas ações dos aparelhos físicos nas músicas: alterar o andamento, marcar um trecho, mudar de faixas, reproduzir efeitos (inclusive o de scratch, usualmente feito com vinis), repetir pedaços e informar dados do disco. Até os layouts desses aplicativos imitam modelos de compact disc jockey. O nível de dificuldade e a quantidade de recursos variam de acordo com o grau de conhecimento do usuário. Mulheres no comando O uso facilitado das carrapetas também atrai as mulheres. Elas estão cada vez mais presentes no comando do som em festas e têm merecido destaque entre os DJs de ocasião em Brasília. Nos lugares onde o rock%u2019n%u2019roll impera na capital federal, pouca gente sabe quem é Tamara Góes, 34 anos. Muito menos que a mulher de cabelos loiros responsável, com muita propriedade, pelo repertório, é médica. No entanto, depois da primeira apresentação, há cerca de um ano, muitas pessoas enviaram e-mail ao produtor do evento pedindo que a DJ Penny Lane, nome artístico adotado por Tamara, fosse convidada novamente. Penny Lane usa o computador e a internet para conhecer novas bandas e buscar músicas para o set list. Para as apresentações, porém, ela recorre a dois iPods ligados a uma mesa de som adaptada para o tocador de mp3. "Tenho 5 mil músicas armazenadas na minha máquina e continuo procurando novidades. Sem a rede mundial de computadores, eu não teria começado a tocar, porque é por esse meio que me mantenho atualizada", diz. A estudante Alessandra dos Santos, 21 anos, sempre gostou de música. Ela aproveita o uso da internet para pesquisar novos artistas, baixar músicas e ouvir rádios de outros países, onde consegue fisgar o que acontece na cena musical internacional. No início deste ano, estava em uma festa animada por um DJ profissional quando reclamou da música que estava tocando para um amigo. De imediato, ouviu do acompanhante: "Por que você não discoteca, então?". Topou o desafio e, desde então, se apresenta a convite de amigos e produtores locais. Custo alto Se o avanço tecnológico e a internet foram fundamentais para a popularização da atividade de DJ, o preço alto de computadores e o custo elevado para manter uma conexão de banda larga - ideal para operações mais pesadas, como baixar músicas - não conseguiram promover uma democratização no segmento. Ainda é preciso um investimento inicial, mesmo para os que pretendem discotecar apenas como hobby. Com as informações basicamente restritas à rede mundial de computadores, o conhecimento circula apenas em um grupo pequeno de pessoas. O DJ Gonzalo Insônia é responsável por uma das festas mais populares de Brasília. De acordo com ele, a discussão sobre democratização e inclusão digital é mais profunda. "Não são, exatamente, os conhecimentos que estão sendo democratizados. O que acontece é que a tecnologia ou suporte técnico para a atividade estão mais acessíveis, porém, somente para quem pode pagar e isso restringe muito o público que aprecia a música e gostaria de uma oportunidade para aprender a atividade de DJ", comenta. Gonzalo Insônia ressalta, também, que mesmo os que podem custear a tecnologia necessária para "brincar" de DJ não encontram, com tanta facilidade, locais para tocar e aprimorar os conhecimentos em Brasília. "O problema não chega a ser técnico, porque isso é possível aprender com o tempo. O entrave está na falta de espaço para novos DJs, não importa de qual estilo musical. Por isso, é importante que os interessados tenham convicção sobre o que querem. Levando a sério o aprendizado, com atitude e investimento, é possível melhorar e atingir um bom nível", acrescenta. Disponíveis para download Estes são alguns dos programas para DJs que podem ser copiados da internet: » Virtual DJ » Traktor DJ Studio » BPM Studio Pro » Future Decks » AV Music Morpher » DJ Mix Pro » SAM3 Party DJ Para plugar e tocar O compact disc jockey (CDJ) é um aparelho que funciona como um tocador de CDs, mas que tem diversas funções embutidas, não encontradas em aparelhos comuns. Pela versatilidade e praticidade, acabou substituindo os antigos aparelhos que tocam discos de vinil, que demandam uma habilidade muito maior do DJ no manuseio e ainda são muito respeitados e utilizados por profissionais. Animadores de festa A sigla DJ quer dizer disc jockey e é utilizada para profissionais que selecionam e tocam músicas em eventos. Inicialmente, o termo era usado para locutores de rádios, mas, com a evolução das técnicas para utilizar os esquipamentos de som, esses artistas ganharam reconhecimento mundial. Palavra de especialista A internet possibilita que qualquer um baixe músicas e programas específicos para DJ. Então, com dedicação e tempo, a pessoa pode se tornar um bom profissional. Mais importante que a técnica e os conhecimentos sobre equipamentos é a sensibilidade que o interessado deve ter para entender o que as pessoas na pista de dança querem. Eu acho bacana tocar em festas com DJs amadores porque não nasci sabendo e, muitas vezes, o cara pode ter um gosto apurado e conquistar os convidados.%u201D DJ Barata trabalha com música há 15 anos e é produtor da festa Criolina

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação