postado em 20/07/2010 07:00
Como estamos há três meses das eleições, uma dúvida: você já pensou no que gostaria de perguntar aos candidatos? É possível fazer isso sem ter que ir a debates, comícios, enfrentar multidões, parecer puxa-saco, pedinte; É que muitos candidatos adotaram a moda do site de relacionamentos Formspring, que ficou famoso no Brasil no final do ano passado. Mas, antes, os políticos já haviam invadido as redes sociais como Facebook, Orkut, Twitter. A verdade é que a experiência deu certo nos Estados Unidos com o atual presidente Barack Obama e os brasileiros estão apostando forte na web 2.0.Apolinário Rebelo é candidato a deputado distrital pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Ele é mais um dos que apostou nas redes sociais. Além de um blog, ele é membro do Orkut, Twitter, Facebook, Flickr e Delicious ; além, é claro, do Formspring. ;As pessoas têm necessidade de se aproximar eletronicamente, por meio de assuntos em comum. Assim, elas trocam ideias e informações. Para quem é político, isso é muito importante;, ressalta ele.
Na sua página de perguntas, Apolinário recebe três ou quatro por semana. Algumas de cunho pessoal ; como, por exemplo, sobre o time para que torce o candidato. Outras mais voltadas para a política, indagando sobre o futuro da cidade. E ele separa um tempinho para responder uma a uma. ;Às vezes, a pessoa não tem acesso a você com facilidade ou simplesmente não quer se expor por timidez. E aí, como ela faz para tirar suas dúvidas? O espaço do Formspring é bom por isso;, diz.
O candidato do Democratas a senador pelo Rio de Janeiro, Cesar Maia, foi um dos primeiros a entrar no site de perguntas e respostas: desde de janeiro deste ano ele responde perguntas feitas pela internet. São cerca de 20 por dia: ;O anonimato permite que as pessoas façam questionamentos fortes. A única exceção são as ofensas pessoais. O resto vale;. Maia acredita que, nessas eleições, as redes sociais terão grande importância. Mas, reconhece, não será nenhuma panaceia. Ele destaca que as redes sociais dependem da produção de conteúdo tanto pelo internauta quanto pelo político. Caso essa troca não aconteça, elas se tornam uma mídia como as tradicionais: ;Acredito que a sinergia TV e internet pode fazer a diferença;.
Quem não tem, pode ficar para trás. Essa é a opinião de Franklin Ribeiro dos Santos, assessor político do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Para ele, as redes sociais terão o importante papel de informar o público com maior agilidade. Ele, no entanto, adverte: ;As informações serão muito mais rápidas, mas elas não terão a força necessária para decidir as eleições;. Segundo Franklin, o Formspring é um ferramenta que permite um canal aberto de diálogo entre candidato e eleitor. ;Aconselho qualquer político a ingressar no Formspring e fazer o compromisso a si mesmo de responder a todas as perguntas, mesmo as mais difíceis. Rede social serve para diminuir o abismo entre eleitor e eleitos.;
Mais democracia
Marcello Barra é pesquisador da Universidade de Brasília de um grupo transdisciplinar sobre ciência, tecnologia e educação na contemporaneidade. Além de ter escrito um livro sobre a internet e política, chamado O leviatã eletrônico, tem mestrado sobre a relação da internet com o Estado brasileiro. Segundo ele, cada eleição tem uma característica diferente: ;Em 2002, o foco dos políticos eram as notícias e sua repercussão. Em 2006, a grande estrela foi o blog. Este ano, são as redes sociais;.
Segundo o pesquisador, os baixos custos da utilização da internet, a experiência positiva vivenciada por Barack Obama e a banda larga contribuíram para invasão da internet pelos políticos. ;Via televisão, o contato do eleitor com o candidato é mediado pelo repórter. Na internet, ele é direto. A democracia tende a ser mais participativa, principalmente por meio das grandes redes sociais;, analisa Barra.
O Formspring, em comparação ao Twitter, ainda é pouco utilizado pelos políticos, mas não deixa de ser útil, principalmente pelo questionamento que gera e pela possibilidade de se ter noção da aceitação do candidato. Ele acredita, ao contrário de Franklin, que as redes sociais poderão ser decisivas: ;O rádio e a TV tendem a mostrar no que os candidatos são iguais. Na internet é que elas terão a chance de mostrar suas diferenças;.
Quem tem?
; Apolinário Rebelo (PCdoB-DF)
; César Maia (DEM-RJ)
; Dr. Rosinha (PT-PR)
; Garotinho (PR-RJ)
; José Genuíno (PT-SP)
; Jorge Picciani (PMDB-RJ)
; Paulo Tadeu (PT-DF)
; Pedro Taques (PDT-MT)
; Raimundo Colombo (DEM-SC)
; Rodrigo Dantas (DEM-RJ)
; Valdir Rossoni (PSDB-PR)