Tecnologia

Aparelhos celulares ajudam usuários a realizar ligações de mentirinha

postado em 31/08/2011 10:31
Fabíola confessa que usa o celular para se livrar de pessoas indesejadasAo ver aquela pessoa na rua com que não se está com vontade de conversar, são várias as opções para se esquivar de uma possível conversa: olhar para o outro lado, mudar de calçada, usar fones no ouvido e fingir que está distraído. A mais tecnológica dessas opções é simular que está em uma ligação importantíssima ; algo que, segundo o centro norte-americano de pesquisas Pew Internet & American Life Project, 13% dos donos de celular fazem. Para esse público, já foram criados aplicativos de smartphones que permitem fazer ligações falsas para si, de maneira bem convincente. Nas ;chamadas de mentira;, o usuário pode, inclusive, personalizar toque, nome, número e foto de quem está ;ligando;. Ou seja, os aparelhos criados para estabelecer a comunicação também podem ter exatamente a função contrária.

Entre os aplicativos que prometem facilitar a vida dos donos de celular citados na pesquisa, está o Fake Calls, específico para iPhone, que custa U$ 0,99. Após todo o processo de personalização das chamadas, o uso do programa é bastante simples: basta abrir o aplicativo e, em segundos ou minutos ; dependendo do que foi escolhido previamente pelo usuário ;, a pessoa recebe a tal ligação. Para celulares com sistema operacional Android, existe o Fake Call Me, que funciona do mesmo modo que o Fake Calls. O aplicativo, gratuito, já foi baixado por mais de 7,5 mil pessoas no Android Market. Outro programa para Android é o Call Faker, que também é de graça. Com as mesmas funções dos outros, sua descrição é curiosa: ;Use-o para escapar de reuniões, encontros ruins, funerais etc.;

Já para quem usa o sistema Windows Mobile, está disponível o Fake Call, gratuito e que permite à pessoa tanto programar um horário para o telefone tocar quanto apertar uma tecla e executar o aplicativo. Uma de suas características interessantes é a possibilidade de selecionar um contato da lista do próprio celular para que ele apareça na chamada falsa.

Esses aplicativos parecem ;geniais; para o universitário Eduardo Costa, 22 anos. ;É quase como se a gente pudesse usar a tecnologia para construir nossa ;cerquinha social;;, acredita. O universitário, que finge atender ao celular quando não se sente confortável em um ambiente, já mandou mensagens de texto para amigos, pedindo que ligassem para ele, só para aparecer o rosto da pessoa na tela de chamada. ;Vez por outra, também finjo que o alarme programado do telefone é mensagem chegando;, acrescenta. ;Na real, preciso de um aplicativo desses. Na verdade, estou procurando um, enquanto fazemos essa entrevista.;

Facilidade
Há, ainda, aparelhos que vêm com a opção de chamada falsa, facilitando ainda mais a vida do usuário. Basta ativar no menu de configurações, ferramentas ou aplicativos ; isso varia para cada celular ; a chamada e personalizar o tempo de espera entre a ativação e a ligação. Em geral, para iniciar o ;telefonema;, é só apertar uma das setas de volume permanentemente, até aparecer na tela a mensagem ;chamada falsa ativada; e esperar o telefone tocar. Os aparelhos mais atuais da marca Samsung têm essa opção. Entre os telefones com o dispositivo, estão o GT-S7230B, o Star e o Corby GTS3650.

;Acho muito desagradável quando estou comendo e vem alguém puxar papo;, diz a analista de requisitos de software Fabíola Oliveira, 22 anos. ;Por isso, resolvo fingir que estou falando ao celular. Pode até parecer errado, mas é melhor do que você se estressar ou tratar alguém mal;, explica. A produtora Vanessa Silva, 21, acha que, no Brasil, o índice de adeptos da chamada de mentira é maior que o registrado na pesquisa americana. ;Com certeza, todo mundo já fez isso, pelo menos uma vez;, estima. ;Faço essas ;simulações; quando vejo alguém que não quero falar ou uma pessoa estranha vindo na minha direção. É como se fosse uma desculpa para poder atravessar a rua, fingindo que estou distraída;, afirma. Segundo a produtora, essa é uma das ;maneiras mais fáceis de se evitar alguém chato;. Ela diz que faz isso principalmente quando está andando sozinha na rua.

Vanessa destaca que sempre deixa o celular no silencioso, o que a evita passar por certos constrangimentos ao fingir usar o aparelho. ;Quando quero fazer de conta que acabei de receber uma ligação, aperto um botão qualquer, finjo que começou a tocar e ponho na orelha;, ensina. ;Assim, não corro o risco de eu receber um telefonema real, e a pessoa na minha frente perceber;, completa a produtora.

Mas nem sempre a tática funciona. ;Já teve gente que veio falar comigo mesmo eu estando ocupada. Eu pedi licença, dizendo que precisava usar o celular, e a pessoa afirmou que me esperaria terminar a ligação sem problemas;, recorda Fabíola. ;Então, tive que desligar o telefone e conversar com a pessoa;, conta.

Sem tédio e com informação
Dados da pesquisa feita pelo Pew Internet & American Life Project com 2.277 norte-americanos mostram que 42% das pessoas usam o celular para se entreter quando estão entediadas. Esse número aumenta para 70% no grupo entre 18 e 29 anos. O estudo também revela que 51% dos usuários de celular recorrem ao aparelho quando precisam buscar uma informação imediatamente, índice que chega a 54% na faixa etária de 18 a 29 anos. Entre os jovens adultos, 42% tiveram problemas em fazer algo por não ter o celular por perto. Esse número foi de 27% no total de entrevistados.

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