Tecnologia

iTunes Store estreia no Brasil com Adele no topo das mais baixadas

Paloma Oliveto
postado em 14/12/2011 12:25

Com a cantora londrina Adele dominando o ranking das músicas mais baixadas, a iTunes Store começou a operar no Brasil, oito anos depois de aberta nos Estados Unidos. Durante toda a manhã e até o início da tarde de ontem, o tópico ;iTunes Brasil; foi o mais comentado no Twitter, com opiniões bastante divergentes. Enquanto a maioria comemorava a chegada da loja, que permite baixar músicas e filmes, alguns reclamavam de o preço ser em dólar, o que exige um cartão de crédito internacional. Outros, ainda, confessavam que continuariam fazendo downloads piratas.

O acesso à loja não foi propriamente uma novidade para os brasileiros. Fazendo uma conta na Apple americana ; basta cadastrar qualquer endereço dos Estados Unidos ;, já é possível comprar os 20 milhões de músicas e 5 mil filmes da iTunes, mas, como as operadoras de cartão de crédito exigem que o código postal da fatura seja o mesmo do cadastro, para baixar produtos da loja era preciso, até agora, comprar os iTunes cards, cartões que vêm com créditos que variam de US$ 10 a US$ 100. Pela internet, vários sites vendem o produto, mas com uma grande desvantagem para o consumidor. Como quem decide a cotação do dólar é quem vende, um cartão de US$ 10 custava, ontem, R$ 25,99 em um site de leilões on-line. A Apple pretende comercializar os iTunes cards no Brasil, mas ainda não há detalhes sobre quando e onde seriam vendidos.

;Já comprei iTunes card de US$ 50 por R$ 120;, conta o relações públicas José Jance Marques, 26 anos. Dono de um iPhone e de um iPad, ele calcula ter mais de 200 músicas na biblioteca, além de seriados e shows que costuma baixar. ;Agora, vou poder comprar com meu cartão de crédito;, comemora. Contra a pirataria de músicas e filmes, José acredita que pagar pelo que consome é uma forma de valorizar os artistas. E vê uma utilidade extra na loja brasileira: ;Vou poder comprar artistas nacionais também, como a Ivete Sangalo;.

Além da cantora baiana, entre os artistas nacionais que fazem parte do catálogo estão Chico Buarque, Marisa Monte, Caetano Veloso, Seu Jorge, Toquinho, Maria Rita, Maria Gadú, Oswaldo Montenegro, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Paula Fernandes, Victor e Leo e Roberto Carlos, cuja obra foi toda digitalizada. Além de MPB, os gêneros sertanejo e samba são a garantia da presença de artistas brasileiros na loja.

;Para mim, não faz a mínima diferença;, confessa o designer gráfico André, 28 anos, que prefere não revelar o sobrenome. ;Eu já podia comprar música em outros sites que existem no Brasil, mas uso o 4Shared (site de compartilhamento de arquivos) e vou continuar usando. Não acho que prejudica o artista, quem ganha mesmo é a gravadora, então, não vou ser hipócrita e dizer que vou começar a comprar;, diz. Uma reclamação de André é o fato de precisar ter cartão de crédito internacional para fazer compras na iTunes Store do Brasil, já que os produtos são cobrados em dólar.

Câmbio

De acordo com a Apple, estão sendo feitas negociações para disponibilizar as músicas e os filmes em reais, a partir de 2012. A empresa não revela por que começou a operar em dólares, como fechou o preço com as gravadoras ; EMI, Sony, Universal e Warner, além de selos independentes ; e a quantidade de downloads feitos na estreia da loja. No lançamento do serviço, em São Paulo, o diretor-sênior do iTunes, Oliver Schusser, limitou-se a dizer que a empresa precisa ;de mais tempo para se adaptar; à mudança. Ele também afirmou que estava muito empolgado e que, para o consumidor, os preços estão bastante competitivos.

Uma pesquisa feita pelo Correio mostrou que, com a atual cotação do dólar, a menos de R$ 2, baixar um álbum inteiro pela iTunes sai mais barato que fazer o download em outras lojas on-line que também vendem música ou comprar o CD. O disco duplo Complete Clapton, de Eric Clapton, com 17 faixas, saía por US$ 6,99, ou R$ 12,86 no câmbio do dia. Já o CD custa R$ 33,90 nas principais lojas de varejo. O valor baixo do disco de Clapton, porém, é exceção. Assim como na loja americana, o preço médio é US$ 9,99 ; ainda assim, mais em conta que o CD.

Para Paulo Rosa, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), a iTunes não representa uma ameaça. ;Em nossa opinião, as duas modalidades de venda, física e on-line, podem perfeitamente conviver ao mesmo tempo, sem que uma prejudique a outra;, diz. Ele acredita que quem vai sair prejudicado, na verdade, é a pirataria. ;Quanto mais alternativas legítimas ao alcance do consumidor, melhor para o mercado legal. Sem dúvida, favorecerá o comércio de música, em detrimento da pirataria, o que será muito bom, tanto para a produção como para as vendas no mercado brasileiro.;

Além da iTunes Store, a Apple apresentou ontem o iTunes Match, um serviço que permite compartilhar as músicas entre os equipamentos dos usuários. Se a faixa foi adquirida na loja on-line, não custará nada ao usuário, que poderá ouvi-la em até cinco dispositivos diferentes. Já no caso de bibliotecas compostas por CDs e DVDs cujo conteúdo foi extraído, será preciso fazer uma assinatura de US$ 24,99 por ano.

De Liverpool
Destaque na loja americana, as músicas digitalizadas dos Beatles também apareceram na brasileira com espaço diferenciado. Todos os álbuns do quarteto de Liverpool podem ser baixados na loja. Tanto nos EUA quanto no Brasil, o usuário baixa, de graça, o livro Yellow submarine, com ilustrações e clips do filme de mesmo nome.

Sem previsão para jogos

Apesar de abrir o catálogo de músicas e filmes, a Apple ainda não pode oferecer jogos ao consumidor brasileiro. O problema é que, para comercializar games no país, o Ministério da Justiça, por meio da Portaria n; 1.100, de julho de 2006, exige que seja feita uma análise de cada produto para qualificação indicativa. A saída encontrada por alguns fabricantes é hospedar os aplicativos na categoria entretenimento. Já os usuários costumam comprar jogos com suas contas estrangeiras (só o Brasil e a África do Sul não permitem a venda dos games).

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