Tecnologia

Tecnologias de vanguarda invadem corpo humano para diagnosticar doenças

Avanço tecnológico aparece para somar com a medicina

Agência France-Presse
postado em 23/07/2014 15:50
Uma câmera em miniatura engolida como se fosse um comprimido, um microcircuito fixado no olho, um pâncreas artificial: as tecnologias de vanguarda invadem o corpo humano para diagnosticar, tratar e curar.

Como no filme americano dos anos 1960 "Viagem Fantástica", no qual um submarino em miniatura e sua tripulação viajam pelo corpo humano, a "vídeo-cápsula" é uma câmera fotográfica em miniatura do tamanho de uma pílula. O objetivo é explorar o trato digestivo, por exemplo, em casos se hemorragias sem explicação.

A vantagem com relação à endoscopia é que não precisa de anestesia. Recomenda-se ao paciente caminhar durante o exame para facilitar a progressão da cápsula. As fotos são captadas à medida que o dispositivo avança, mediante captores e uma caixa portátil perto do corpo. "A cápsula funciona bem e vários estudos demonstram sua boa sensibilidade para detectar pólipos", pequenos tumores que podem provocar câncer, explicou o médico Jean-Christophe Saurin, do hospital Edouard Herriot, em Lyon. Mas um dos principais inconvenientes, segundo o gastroenterologista, é o preço: EUR 600, cerca de R$ 1.800.

Eletrodos na retina

Para curar a retinose pigmentar, uma doença hereditária degenerativa que causa cegueira aos 40 anos, uma solução de alta tecnologia, "o alto biônico", está sendo implementada nos Estados Unidos e na Europa. A ideia é simular artificialmente o olho com eletrodos colocados sobre a retina deficiente para recriar a visão. Mais de cem pacientes já receberam "retinas artificiais".

"Se tivessem nos falado disto há dez anos, teríamos dito que é ficção científica. Hoje é uma realidade", comentou Gérard Dupeyron, chefe do serviço de oftalmologia do hospital de N;mes (sul da França). Um olho biônico custa em torno de EUR 100.000, cerca de R$ 300.000.

Pâncreas artificial


Em muitos casos de diabetes, as injeções já são coisa do passado. A bomba de insulina, que tem a forma de uma discreta caixinha levada na cintura, revolucionou a vida de inúmeros pacientes. "As bombas são sistemas de injeção destinados a simular o funcionamento normal do pâncreas", explicou o especialista em diabetes Leon Perlemuter no portal da liga de diabéticos da França.

Um dispositivo eletrônico, dotado de uma reserva de insulina e de um sistema de injeção ligado ao corpo por um cateter e uma pequena agulha, permite liberar continuamente a dose de insulina adequada. "Para nós, diabéticos, é algo fantástico", afirma Isabelle Blackie, em vídeo difundido pela Federação Francesa de Diabéticos (FFD). A última etapa seria um aparelho autônomo e invisível implantado no abdômen.

Impressão em 3D de tecidos vivos

Aplicar o princípio das impressoras 3D aos tecidos vivos é o Graal buscado atualmente por vários laboratórios no mundo. O objetivo é, mediante a superposição de finas camadas de células, reproduzir tecidos como cartilagem e órgãos inteiros para enxertá-los. Vários avanços neste sentido foram alcançados em Estados Unidos, China e Grã-Bretanha.



No laboratório Biomateriais e Reparação de Tecidos da Universidade Victor Segalen, de Bordeaux (sudoeste da França), o pesquisador Fabien Guillemot trabalha na recriação de tecidos usando técnicas de impressão a laser. "A ideia é reconstruir, diretamente in situ, dentro do corpo humano, o tecido de um órgão afetado, imprimindo diretamente os elementos biológicos", explica.

Este avanço traz questões éticas. "Pode-se imaginar a utilização destas tecnologias (...) para fabricar tecidos artificiais, cujo desempenho será superior ao dos tecidos e órgãos atuais, o que não é necessariamente desejável", acrescenta Guillemot.

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