Tecnologia

Especialistas pensam em novas formas de testar inteligências artificiais

Para especialistas, o clássico Teste de Turing, no qual um computador deve manter uma conversa lógica a ponto de ser confundido com uma pessoa, não é mais um bom critério para medir a inteligência artificial. Novos desafios exigem dos softwares atributos como interpretação e criatividade

Roberta Machado
postado em 07/01/2015 06:09

;O que é maior, uma caixa de sapato ou o Monte Everest?;, pergunta o entrevistador. ;Não posso decidir agora. Eu devo pensar nisso depois. E eu esqueci de perguntar de onde você é;;, responde o interlocutor, por meio de um sistema de mensagens pelo computador. Esse estranho diálogo foi travado entre o cientista de computadores Scott Aaronson, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e um programa virtual. A função do software era manter uma conversa com humanos lógica o bastante para ser confundido com um garoto de 13 anos. O trabalho de Scott era desmascará-lo.

A resposta evasiva do computador é um bom exemplo de como os chatbots (programas que simulam conversas com pessoas) mantêm um papo: diante de uma dificuldade, mudam de assunto e fazem perguntas de volta. Mesmo assim, um terço de um grupo de juízes que avaliou o programa, em junho do ano passado, acreditou que estava teclando de fato com um adolescente, que se chamaria Eugene Goostman. Para muitos, isso foi a concretização de uma profecia: há 60 anos, o pai da computação moderna, Alan Turing, previu que, por volta do ano 2000, haveria sistemas de inteligência artificial capazes de enganar humanos 30% das vezes durante uma conversa de cinco minutos.

Foram 14 anos de atraso, mas finalmente tornou-se possível dizer que o famoso Teste de Turing havia sido vencido. A experiência, também conhecida como Jogo da Imitação, foi proposta pelo cientista como uma forma de atestar se uma máquina pensa como um humano. Quando Aaronson conversou com Eugene por meio de um site, ele já sabia que se tratava de um programa. O que o especialista do MIT queria mostrar é que perguntas óbvias são, na verdade, a forma mais fácil de flagrar um chatbot. ;Como no filme Blade runner;, ressaltou o analista. Um diálogo normal, em que as duas partes têm o direito de conduzir o assunto, é o campo perfeito para os programas espertinhos.

Especialistas acreditam que a expectativa e a controvérsia surgidas a partir do episódio mostraram que o antigo modelo criado por Turing precisa ser repensado. Quando o desafio foi proposto, lembra Ruben Carlo Benante, professor da Escola Politécnica de Pernambuco (UPE), as máquinas não conseguiam nem mesmo formular frases com a gramática correta. Depois que o obstáculo gramatical foi superado, o problema passou a ser semântico. Dessa forma, os programadores tiveram de procurar formas de ensinar as máquinas a usar artifícios para se passarem por humanos. Afinal, o objetivo do Jogo da Imitação é enganar os juízes. ;A frase ;não quero falar sobre isso;, por exemplo, encaixa-se em qualquer conversa. Eles podem responder com esse tipo de quebra-cabeça semântico, e é muito relativo se passaram no teste ou não;, aponta Benante.

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