Turismo

Além dos vinhos, Mendoza aposta em arte, arquitetura e passeios romanticos

Shirley Pacelli
postado em 25/01/2012 11:09
Estátua símbolo da Kaiken: nome remete a ganso silvestreOs vinhos do tipo malbec representam a identidade local em Mendoza. Tradicionalmente, as pessoas fretam vans ou vão de carro conhecer as bodegas. Uma experiência diferente é alugar uma bike e percorrer, pelo menos, três propriedades. Um pacote desse tipo sai por 120 pesos (cerca de R$ 49,70). Outra opção, ideal para casais apaixonados, é o passeio de balão. Um pouco mais cara, cerca de 1 mil pesos argentinos (R$ 413,90), a atividade proporciona a observação das plantações de uva a 70 metros de altura.

Para começar a rota do vinho, uma boa pedida é ir a Trapiche, na região de Maipú, que produz a bebida desde 1912 e hoje integra um grupo de bodegas. Só de turistas, o local recebeu mais de 10 mil no ano passado. A recepção é excelente. Antes do passeio, os visitantes assistem a um vídeo ; em espanhol ou inglês ; sobre a história dos vinhos da marca. Durante a degustação, um mapa apresenta as fincas (fazendas) espalhadas por diversas regiões da Argentina.

A propriedade, criada pelo imigrante italiano Angelo Cavaganaro, tem particularidades interessantes. A primeira delas é que a bodega foi construída espertamente ao lado de uma ferrovia, hoje já desativada. Para facilitar ainda mais o escoamento da produção, o dono construiu um acesso dessa linha férrea ao lado do galpão.

;Antes disso, os vinhos iam a cavalo, em charretes. Demoravam dois meses para chegar ao destino. O condutor bebia tudo;, brinca Ramiro Barrios, gerente regional da empresa. Outro ponto que chama a atenção, assim que se chega, é uma pequena pirâmide de vidro, parecida com a do Museu do Louvre, em Paris. A construção conecta, no subsolo, os edifícios dos vinhos tintos e brancos, e é sob ela que se cumpre a ;difícil; tarefa de provar os vinhos.

A degustação básica custa 25 pesos (cerca de R$ 10,35). Detalhe: os recipientes para descartar a bebida se assemelham aos usados para cuspir nos consultórios dos temidos dentistas.

Na Bodega Pulenta Estate, a paixão dos dois irmãos por vinhos e carros fez com que eles se tornassem também os proprietários da Porsche Argentina (eles importam os possantes e exportam azeites e os rótulos mais chiques da vinícola). A prova de vinhos varia de 50 a 80 pesos (R$ 20,70 e R$ 33,11, respectivamente). Ah, e quem compra um Porsche ganha uma garrafa do produto.

;É preciso luz natural para a sala de degustação, para perceber a cor real do vinho. As lâmpadas interferem nos tons;, esclarece o enólogo Javier Lo Forte, ao ser questionado sobre o porquê de as salas no subsolo terem sempre um teto em vidro, com vista para os pátios de entrada. Cerca de 320 visitantes conhecem o local por mês.

O Porsche chama a atenção em meio aos tanques da Pulenta Estate: donos da vinícola representam a marca de carros na Argentina

Pintura de uva

Simbologia é o que não falta à Bodega Kaiken, a começar pelo nome. A adega pertence a um grupo chileno. O nome da marca remete a um ganso silvestre que cruza os Andes entre Argentina e Chile em busca de comida.

Nesse espaço, o visitante tem a oportunidade de fazer uma interessante experiência: a pintura à base de uva. Alguns quadros ficam em exposição para a venda, mas os valores são salgados: até US$ 500. O pacote, a partir de 124 pesos (cerca de R$ 51,32) dá direito a pintar três telas por pessoa, mais degustação e visita. Na Terraza de Los Andes, além de se deliciar com o vinho preferido, o hóspede pode dormir num quarto temático de cada tipo de uva: torrontés, syrah e por aí vai. O quarto mais caro e luxuoso é o Malbec. Diárias a partir de 798 pesos (aproximadamente R$ 330) por pessoa, com café da manhã.

[SAIBAMAIS]A leste de Mendoza, no distrito de San Roque, com cerca de 10 mil habitantes, a Bodega Mi Terruño chama a atenção por ser toda coberta com pastilhas que formam mosaicos. Os antigos proprietários tinham também uma fábrica de cerâmica. O edifício data de 1870 e os vinhedos são tão antigos que ainda é preciso manejar a terra com cavalo, porque não há espaço suficiente para tratores.

Mãe de Minas


A Adega Lagarde é uma das poucas que ainda conservam a produção artesanal de bebidas, inclusive os espumantes. Além de vinhos, há a fabricação de azeite para consumo interno. Diga-se de passagem, muy rico (muito gostoso). No restaurante local, molhe um pãozinho no óleo e descubra por si próprio.

Nas fincas dessa bodega, a reportagem encontra Alberto Magguin, de 65 anos, 20 deles trabalhados na plantação local. A mãe dele nasceu em Minas Gerais. Os avós, de origem italiana, mudaram-se para o Brasil, onde criaram os filhos. O argentino ainda revelou entusiasmado a paixão pelas praias brasileiras, como a de Balneário Camboriú (Santa Catarina). (SP)

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