Turismo

No reino da Grã-Bretanha: um passeio literário que vai além de Londres

Paloma Oliveto
postado em 23/04/2015 18:00


Inglaterra ; Era uma vez um lugar muito remoto, tão longe do que se conhecia como mundo que os romanos acreditavam ser ali o recanto onde ;a terra e a natureza acabavam;. Quando as legiões de Júlio César descortinaram aquela ilha em formato triangular, o futuro imperador se horrorizou com o que viu. Em seus relatos de viagem, escreveu que as noites eram curtas; o clima, miserável, com chuva e névoa constantes.


;É um lugar selvagem;, habitado por pessoas ;inóspitas e ferozes;, na conta dos historiadores antigos Horácio e Tácito. Homens e mulheres andavam ;praticamente nus; e adornavam a cintura e o pescoço com objetos de ferro, um símbolo de riqueza, além de tatuar o corpo com figuras de animais. ;Por causa da espessa neblina que sobe dos pântanos, o clima nesta região é sempre sombrio;, resumiu o senador romano Herodiano.


E pensar que esse cenário dantesco é, na verdade, a belíssima Grã-Bretanha. Uma ilha que atrai, anualmente, 28,6 milhões de estrangeiros em busca de experiências culturais e sensoriais tão diversas quanto museus, sítios arqueológicos, paisagens bucólicas, vilarejos medievais, shows e festivais de rock, compras, negócios;


Os brasileiros não ficam de fora das estatísticas. Embora ainda não figurem entre os maiores visitantes do Reino Unido ; aí incluindo-se também a Irlanda do Norte ;, eles estão cada vez mais interessados em conhecer o país. Entre 2013 e 2014, a despeito da crise econômica, o número de turistas do Brasil aumentou 12%, ao mesmo tempo em que o de norte-americanos cresceu 7%, o de franceses, 2%, e o de australianos, ao contrário, caiu 3%.


Mas, para 60% dos brasileiros, uma viagem ao país ainda se resume a Londres e suas atrações icônicas, como os ônibus vermelhos de dois andares, o Big Ben, o metrô e, claro, a rainha. Nada mais justificável, lembrando que a capital ainda tem o Museu Britânico, o Palácio de Westminister, a London Eye e, não menos importante, a Abbey Road. Sem falar em todo o resto ; que não é pouco.


Se conhecer Londres é quase uma obrigação para quem desembarca no Aeroporto de Heathrow, ignorar as outras atrações que a Grã-Bretanha tem a oferecer, porém, é quase pecado mortal. Enquanto a capital tem ;apenas; cerca de 2 mil anos, o mais antigo resquício de ocupação humana da ilha data de 13 mil anos atrás.


Da pré-história aos tempos modernos, os britânicos ergueram cidades de pedra, foram subjugados por romanos e povos bárbaros, coroaram quase 70 reis e rainhas, construíram castelos e palácios, elegeram heróis reais e míticos, instituíram uma nova religião, deram ao mundo alguns dos mais célebres artistas e escritores ; de William Shakespeare a Agatha Christie ;, reinventaram o chá e a cerveja e, mais recentemente, produziram coisas como Harry Potter e Downton Abbey.


Para ver e sentir um pouco de tudo isso, faça as malas, pouse em Londres e caia na estrada. Seja encarando a mão inglesa ao volante, seja embarcando em um ônibus, desbrave a Grã-Bretanha e descubra por que os romanos estavam redondamente enganados.

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