Turismo

Em La Guaíra, Venezuela, é o turismo de aventura a principal atração

Os turistas que desembarcam em La Guaíra, um dos principais portos venezuelanos e que faz fronteira com Caracas, precisam ter fôlego de sobra. Porque o passeio é radicalmente para cima

Paulo de Tarso Lyra
postado em 06/05/2015 13:54
Os turistas que desembarcam em La Guaíra, um dos principais portos venezuelanos e que faz fronteira com Caracas, precisam ter fôlego de sobra. Porque o passeio é radicalmente para cima
La Guaíra, na Venezuela, é a parada menos praiana do cruzeiro pelo Caribe, embora a Venezuela tenha praias famosas, como Los Roques e Isla Margarita, que, como todo o Mar do Caribe, é um de um azul que revitaliza qualquer pessoa. Mas esta parada é mais radical que um mergulho no mar. Os turistas que desembarcam em La Guaíra, um dos principais portos venezuelanos e que faz fronteira com Caracas, precisam ter fôlego de sobra. Porque o passeio é radicalmente para cima.

[SAIBAMAIS]A grande atração é subir, em veículos 4x4, estradas quase verticais pela Cordilheira da Costa, que separa a cidade de Caracas do Litoral Central, onde fica o porto. Prepare o coração e o estômago. Uma dica dos guias para não enjoar é tomar um copo de suco de limão puro. Se achar que não aguentará o tranco, tome. Porque a estrada é íngreme e sinuosa. Porém, o visual, com o litoral sendo deixado para trás, é de encher os olhos.

A estrada vai levar os turistas até o ponto de descida do teleférico, que fica a incríveis 2,2 mil metros de altitude. Quando se está subindo e vislumbra-se o pico da montanha, entre as nuvens, acredita-se ser impossível chegar lá. Mas vale a pena. No meio do caminho, uma parada estratégica para ver a nascente do Rio Galipan, um dos principais do país que, até a foz, percorrerá cerca de oito quilômetros. No meio do caminho, uma pausa para a compra de cachaças artesanais e doces, para amenizar um pouco o impacto da subida.

Quando se chega ao destino final, no alto da montanha, a Venezuela explode em todas as suas contradições. Uma encosta deslumbrante, com flores e aves, um simpático animador vestido com roupas esquisitas e montado em um cavalo fictício e um desfile de músicas típicas dos turistas que lá estão, sejam sucessos do cancioneiro brasileiro, mexicano, ou argentino, por exemplo. Na La Estación de Teleférico, várias pôsteres gigantes com frases de efeito do ex-presidente Hugo Chávez e uma mesa com um abaixo assinado pedindo para que o presidente Barack Obama retire a Venezuela do grupo de países que apoiam o terrorismo.

Os turistas que desembarcam em La Guaíra, um dos principais portos venezuelanos e que faz fronteira com Caracas, precisam ter fôlego de sobra. Porque o passeio é radicalmente para cima
Esqueça por um momento a questão política ; embora os problemas econômicos sejam latentes na falta de água em alguns banheiros ; e prepare-se para uma descida de teleférico que dura aproximadamente 20 minutos e percorre uma distância de 2,5 quilômetros. Cada composição comporta até seis pessoas e, apesar da altura extrema, balança menos do que o bondinho do Pão de Açúcar, por exemplo. Se você tem problemas com altura, talvez seja um pouco desconfortável olhar para baixo. Se não tiver, deleite-se. Uma encosta de mata virgem, com vales em formato de V, é inesquecível. Ao fundo, Caracas, com seus 7 milhões de habitantes, vai se aproximando lentamente.

Contrastes
Dá para ver o mausoléu de Símon Bolívar, o monte onde estão guardados os restos mortais de Hugo Chávez e a Torre de David, a maior ocupação vertical do mundo, com seus impressionantes 45 andares ocupados atualmente por cerca de 3 mil pessoas. Os prédios destinados aos ministros do presidente Nicolás Maduro também são vistos, além do contraste entre a zona oeste da capital ; pobre ; e a zona leste ; rica.

O passeio em terra, de van, também deixa clara a diferença entre pobres e ricos, embora Caracas não seja uma cidade feia ou mal cuidada. Em alguns momentos, as suas avenidas largas, movimentadas, com motoqueiros impacientes em ziguezague, lembra São Paulo. Em outros momentos, quando os morros aparecem com suas favelas, a memória remete ao Rio de Janeiro. Mas não há como fugir ao personalismo da presença de Chávez e Maduro em pinturas e retratos espalhados pela capital. Nos prédios populares, vendidos para as pessoas carentes com condições especiais de financiamento ; similares ao nosso Minha Casa Minha Vida ; um banner enorme com a foto e o autógrafo de Chávez está gravado na fachada.

Quando os espanhóis chegaram ao país, no fim do século 15, ficaram apaixonados pelas índias locais e apelidaram a nova terra com o nome de La Gracías. Em 1498, quando o navegador italiano Américo Vespúcio desembarcou, achou o novo país parecido com Veneza, por conta das casas construídas sobre o rio. Como a escala era menor, resolveu chamar o local de Venezuela.

O nome da capital, Caracas, também tem origem índigena. Essa palavra era muito repetida pelos índios em referência a uma planta medicinal. Como era hábito dos colonizadores espanhóis, as novas cidades eram batizadas com nomes de santos. Por isso, o nome original de Caracas era Santiago de Leon de Caracas. O time de beisebol do país, inclusive ; o esporte mais popular da Venezuela ; é conhecido com os leões de Caracas.

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